Uma das maiores curiosidades para quem vem visitar ou ouve falar sobre a China é a comida. O que se come na China? Como vocês sobrevivem com a comida local? Essas são as perguntas básicas que ouvimos sempre.
Bom, garanto a vocês que a comida chinesa é muito boa. Claro que tem pratos estranhos para nosso paladar, como a nossa comida também deve ter pratos estranhos para os chineses. E nessa de será que é bom, será que experimento (me arrisco?), esse restaurante com 5 mesas numa portinha no meio da rua, será? Será? Será? Dezenas deles nos atormentam e muitas vezes não nos aventuramos e deixamos de conhecer uma parte muito interessante da cultura local.
Não pensem que porque moro aqui há tantos anos, essas questões não me assombram, a curiosidade entre em choque com o pré conceito existente.
Tour guiado
Comecei a buscar dicas em websites de turismo pela China, para ler dicas e saber por onde me aventurar, sem risco e arrependimentos (rs).
Nessas buscas encontrei o Lost Plate Food Tour e fiz meu primeiro tour gastronômico com eles em Beijing. Se quiserem saber como foi, é só clicar no link: Beijing Tour Gastronômico.
Não preciso dizer (vocês podem ver no artigo) que adorei a experiência. A culinária e a cidade de Beijing são peculiares.
O tempo passou e agora o ‘Lost Plate’ está com um roteiro em Shanghai. Na hora aceitei o desafio e fomos nos aventurar pelas ruas da Concessão Francesa, nesses tais restaurantes que eu jamais entrei na vida e, o mais interessante, provei coisas que jamais pensei em comer… e gostei!
Uma aventura e tanto, mas recomendo de olhos fechados.
Culinária Shanghainesa
O tour em Shanghai começa na Shaanxi Lu, na saída do metrô, linha 10. De lá a gente começa uma caminhada (uns 2 km no total), mas sempre com as paradinhas estratégicas para degustar um novo prato da culinária tipicamente local.
A primeira parada foi num restaurante de dumplings (小笼 包), nesse caso o típico de Shanghai é o recheado de carne de porco. Delicioso. Eu realmente gosto de dumpling e esse não deixou nada a desejar. O restaurante era pequeno (como todos os que fomos).
Isso é uma coisa interessante a destacar: os restaurantes tipicamente chineses, são pequenos, 5 ou 6 mesas, as vezes um pouco mais. Filas na porta, mas uma rotatividade imensa. Só que o chinês senta, come e sai. Não faz parte dos hábitos deles ficar horas sentados nas mesas depois do jantar batendo um papo, saboreando um café com licor. Essa foi a minha conclusão.
Segunda parada, foi numa portinha lotada de gente esperando mesa, e uma senhora muito distinta ia e vinha organizando tudo. Quando nos viu (sabia que estávamos a caminho), foi logo ajeitando as mesas e nos acomodou. Como disse antes, nesses restaurantes é tudo muito rápido e mal nos acomodamos a comida estava na mesa.
Bom, gente… aí respirei fundo!
Eram os caracóis ou scargots, que havia jurado que NUNCA na minha vida comeria isso (lembram que sempre escrevo ‘nunca diga nunca’?, pois é!)
Caracóis recheados de carne de porco (田螺 塞 肉), esse é o nome do prato. Um dos pratos mais típicos da culinária Shanghainesa, mostra o sabor antigo da cidade, o caracol já não é um ingrediente comum de se encontrar, esses são criados em fazendas (como as dos mariscos), mas nos tempos antigos, se costumava confiar no rio (hoje não dá, realmente) e como tinham muitos, criaram o costume de comer caracóis. Ele não é fácil de encontrar em restaurantes, porque consome muito tempo para cozinhar, cada casca de caracol precisa ser limpa cuidadosamente e a carne de caracóis é misturada com a do porco e sal, vinho amarelo e óleo de gergelim. Depois de preparada essa massa, eles recheiam o caracol novamente.
E para os mais incrédulos: eu GOSTEI! (rs). Confesso que não é uma comida que sairia de casa porque estou morrendo de desejo de comer, mas gostei. Extremamente saborosa. Para acompanhar, camarões fritos e uma batata cozida com verduras (de-li-ci-o-sa).
E a caminhada continuou. Depois que passa a gente ri, e fomos em frente para o próximo prato.
Nossa terceira parada foi numa casa de família. Entrando num dos inúmeros bequinhos de Shanghai, nos deparamos numa viela escura e de repente nosso guia, disse que estávamos na porta. Gente, nenhuma luz… Mas quando nos ouviram , a porta foi aberta por uma senhora super simpática, que nos levou ao único cômodo da casa, completamente tomado pela mesa que acomodaria nosso grupo. Extremamente limpa e organizada, ela trouxe o primeiro e segundo pratos, pepino no vinagre e arroz frito, bem típico da culinária chinesa, que eram os acompanhamentos para o prato principal.
Aí o Nick, nosso guia, nos explicou que o dono da casa adora cozinhar e recebe grupos agendados. Não tem restaurante aberto, e quando saíssemos, a mesa ia ser desmontada e ali era a sala deles. Pode parecer estranho, mas essas pessoas vivem no metro quadrado mais caro de Shanghai. Então não se engane com as aparências. Isso é um hobby para o casal.
Assim, chega ele com o prato principal: barriga de porco cozida no vapor ou Shanghai-Style Braised Pork Belly (hong shao rou, 红烧肉), é um prato muito famoso na China. Todo mundo sabe disso, e há muitas versões com base no original. Mas a maneira mais tradicional de cozinhar este prato não é popular porque consome mais de 24 horas: a pele de porco foi frita depois de ser fervida, então precisa ser embebida na água, esse processo é essencial porque, sem o tempo suficiente, a pele de porco ficará endurecida, mas se permanecer na água por muito tempo, a carne se desmancha. Depois disso, leva mais uma hora e meia no vapor, então pode ser servido.
Gente… outra delícia que jamais havia experimentado!
O dono da casa nos ofereceu o famoso vinho amarelo (diferente do Baijiu, que é branco). Experimentei e é ok, para meu paladar que está cada vez mais longe de bebidas alcoólicas.
E nossa aventura continua… claro que nessa altura, apesar de viver há anos na cidade, já não sabia mais onde estava, pois as ruas desse bairro são bem tortas e a noite todos os gatos são pardos, né? Só que para minha surpresa, me vejo entrando na Huai hai Lu, uma das ruas mais modernas e movimentadas da cidade, cheia de lojas de griffes, shoppings, restaurantes. De repente, entramos em mais um beco e nele, mais um restaurante minúsculo, só que me lembrou mais um ‘fast-food’ pela maneira como os pratos foram servidos.
É aquele restaurante para o fim da balada, já que ele fica aberto 24 horas por dia, coisa que não é comum aqui.
Aí veio a comida…
Century Egg Pork Congee (皮蛋瘦肉粥) Congee de ovo centenário e porco: Uma comida chinesa popular, mas é difícil dar o ponto, porque quanto mais aquecer o congee, mais cremoso ele ficará e não é essa a intenção. O ingrediente que diferencia esse congee é o ‘ovo centenário’ ou pídàn (皮蛋) também é conhecido como ovo de cem anos. Esses ovos são preservados usando uma mistura de argila, cinza, sal, lima e coberto de cascas de arroz por vários semanas a alguns meses. Este processo transforma a gema em uma textura cremosa com um forte sabor, enquanto os brancos do ovo ficam escuros, como geléia, mas com muito pouco gosto. A carne de porco que disfarça o sabor.
Além disso serviram um noodle com molho de cebola frita e porco, que estava delicioso!
E mais uma vez experimentei algo que nunca quis comer aqui, o ovo centenário, mesmo que disfarçado.
Para finalizar, fizemos uma boa caminhada passando por baixo dos viadutos azuis, que tanto aprecio, mas nunca havia passado ali a pé, a noite. Já viram quantos ‘nuncas’ eu superei nesse passeio?
Nosso trajeto terminou numa cervejaria artesanal, onde pudemos provar vários tipos de cerveja e depois tomar um copo das que mais gostamos.
Lost Plate Food Tour, especial para os leitores do blog
Depois que fiz o primeiro artigo sobre o Lost Plate, Brian (o proprietário) me disse que muitos brasileiros foram procurar o tour de Beijing, fato que me deixou muito feliz, afinal os leitores confiam nas dicas que dou aqui.
Por esse motivo ele nos ofereceu um desconto. Quando fizer a reserva do tour pelo wechat ou website, basta colocar o código promocional CNMV
Realmente esse tour é muito interessante. O de Beijing foi uma das melhores experiências que tive na cidade. O de Shanghai me surpreendeu, pois mesmo morando aqui há tantos anos, descobri cantinhos e sabores que nem imaginava na cidade.
Agora estou planejando fazer o tour de Xi’an, pois a comida dessa região tem grande influência muçulmana. Além do café da manhã com comidas de rua em Shanghai, que o Brian disse que será lançado em breve. Vamos aguardar…
Seguem os contatos do Lost Plate, e não esqueçam de colocar o código CNMV
email: info@lostplate.com
wechat: lostplate
website: http://lostplate.com
Intagram: @lostplatefoodtour
Espero que tenham gostado da nossa aventura, e aqui fica o brinde do grupo que foi sensacional!
Zài Jián!
Pingback: Dicas para uma experiência incrível em Shanghai | China na minha vida
Pingback: Tour gastronômico em Suzhou | China na minha vida
Pingback: Visite Shanghai da sua casa | China na minha vida
Ahhh, essa dica fica p próxima!!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Pingback: Tour gastronômico – café da manhã em Shanghai | China na minha vida
Obrigada pela dica!! Já comprei meus tickets e peguei o desconto!
CurtirCurtir
Que bom Natasha!
Depois conta para nós como foi a experiência!
Boa viagem!
CurtirCurtir
Amei!!!
Estou adorando visitar esse blog maravilhoso, sempre tem posts legais.
Parabéns!!!
Posso compartilhar esse post no meu facebook?
Quero compartilhar com as minhas amigas!
CurtirCurtir
Olá Amanda!
Obrigada pelo retorno tão positivo! E claro, compartilhe quanto quiser… é um prazer!
Grande abraço,
Christine
CurtirCurtir
Vários restaurantes numa noite só? não é muita comida?
CurtirCurtir
Olá Aristóteles,
Parece, mas não é. Porque as porções são bem pequenas em cada um. O intuito é mostrar as diferentes possibilidades da culinária local. No tour de Beijing foram mais locais ainda. Mas sempre uma degustação em cada um.
Abraço.
CurtirCurtir