Ivan Quagio lançou seu livro em 2009, logo após as olimpíadas de 2008. Mais do que um escritor brilhante, ele conseguiu de maneira clara, simples e numa linguagem interessante nos esclarecer o que a China vem vivendo desde a morte de Mao Tsé Tung.

“Olhos Abertos – A história da nova China: da morte de Mao à crise econômica” descortina os bastidores de toda luta politica interna da China, através das lideranças do PCC, para em 30 anos chegar aonde chegou. O livro tem como ponto de partida a morte de Mao Zedong, como fala o titulo, em 1976 e a disputa pela tomada de poder entre o sucessor esperado, e escolhido por Mao, Hua Guofeng, a sua mulher Jiang Qing, mais conhecida como Madame Mao e a famosa Gang dos 4 e Deng Xiaoping, que foi o vencedor.

O que seria da China se esse homem com uma visão tão à frente da realidade de seu país na época não fosse o vencedor? Isso não se sabe e, na realidade, nunca saberemos, mas fiquei admirada em conhecer melhor as ideias desse governante, que na corda bamba entre a ala conservadora do PCC e a necessidade iminente de tirar a China do ostracismo econômico e social, conseguiu guiar a nau (sendo o verdadeiro ‘timoneiro’) pelo caminho do crescimento acelerado, levando a China em tempo recorde, da mais absoluta pobreza ao centro das atenções do mundo globalizado.

Conhecer e entender um pouco dessa fase da história recente, me proporcionou uma visão mais aguçada de toda a trajetória da China. Se por um lado mostrou fatos que eu não sabia e outros que não conseguia explicar, por outro só endossou minha opinião de que ninguém pode entender a China se não conhecer um pouco da sua história milenar, da sua cultura e dos hábitos enraizados numa sociedade oriental.

Definitivamente não é possível nivelar a China como sendo um país globalizado em que se pode ter e esperar as mesmas atitudes e entendimento do nosso mundo ocidental. Na verdade, se nos colocarmos um pouco no lugar do outro, pode-se fazer o esforço de imaginar que a estrada sempre tem duas mãos, e o povo asiático deve achar que nós ocidentais temos um jeito meio estranho de negociar e gerenciar nossos negócios e a nossa sociedade.

Alguém já tentou fazer isso? Se fizer, com certeza verão que tudo sempre é muito relativo. =]

Mas voltando ao livro, além de todas as descobertas interessantíssimas que fiz, adorei a maneira como foram divididos os capítulos e seus subtítulos. Usando os elementos da natureza, com seus respectivos ideogramas e o IChing, com suas intrigantes combinações desses elementos, me conquistou antes mesmo de começar a ler. Depois, conforme a história vai se revelando, esse detalhe torna-se claro na sua intenção. Por exemplo, o capitulo 8, é o fogo e relata o ano das olimpíadas, 2008.  O capitulo 5 é o trovão e começa com o subtítulo: Descontentes – trovão + trovão = O incitar.

Esse detalhe não mudaria em nada o que Ivan, que vive na China desde 2004, pesquisou e nos mostrou nesse livro, mas eu sou fascinada por essas ‘entrelinhas’ que nos fazem parar, refletir e analisar o que o autor quis nos mostrar com essas alusões. Para mim é instigante.

Mas o melhor de tudo, ao menos para mim (rs), é que conheço o Ivan e sua esposa Camila (que inclusive tem um blog que está linkado na lista de blogs que sigo aqui ao lado – Papel Picote), e por isso, ganhei esse exemplar autografado!

O Ivan, assim como eu, está concorrendo ao Prêmio ‘PBC – EMBRAER 2013 – Profissionais do Ano (Brasileiros na China)’. Estou na categoria website/blog e o Ivan Quagio na categoria Empresário do Ano. Quem quiser pode ir ao site do PBC e votar na gente. A solenidade de premiação e também comemoração de 2 anos do grupo PBC – Profissionais Brasileiros na China, será na próxima sexta feira, 19 de abril.

Zài Jiàn!