Acabei de ler esse livro da Xinran, mesma autora de ‘As boas mulheres da China’, livro campeão de vendas que a colocou na mídia e na lista dos mais vendidos no mundo. Só no Brasil foram 40 milhões de cópias, segundo a editora Companhia das Letras.
A leitura é fácil e agradável.
Um parênteses pessoal – tive que me render aos e-books… Não sei explicar o quanto isso é complicado para essa pessoa que vos escreve. =P Só que percebi que estava perdendo muito em termos de conteúdo, lendo somente os livros que conseguia carregar na mala quando voltava de minhas visitas ao Brasil. Então, viva o Kindle (apesar de me lamentar cada vez que gostaria de voltar atrás num capítulo e perceber que não posso tocar a capa, sentir a textura do papel, folhear suas páginas…).
O livro é a coletânea de crônicas publicadas na sua coluna em um jornal inglês entre os anos de 2004 e 2005. Como esses foram os anos em que pusemos nossos pés na China pela primeira vez (meu marido em 2004 e eu em 2005), é muito interessante perceber as questões do choque cultural de uma chinesa que fez o caminho inverso. Apesar de nessa época ela já estar casada com um britânico e vivendo há 8 anos em Londres.
Talvez hoje, devido as mudanças radicais da sociedade e da realidade chinesa nesses últimos 10 anos, ela escreveria os mesmos textos com outro olhar, apesar de mais surpresa com as mudanças (acredito eu!). Mas achei bem interessante uma colocação que ela fez, logo num dos primeiros textos: “…quanto ao comportamento humano, é mais fácil se livrar das folhas que das raízes.”
E não é assim mesmo?
Num outro trecho, quando está passando o ano novo em Shanghai, ela cita: “… vejo mais da China se tornando do presente, em comparação com a última vez que estive aqui, há apenas 6 meses. Os dois arranhas-céus do lado de fora da nossa janela, não estavam lá no ano passado.” Por aí, para quem não conheceu a China nessa época frenética, dá para ter uma ideia de como as coisas aconteciam, com a velocidade… não da luz, mas muito perto dela!
Outro foco bem interessante do livro, são os pequenos hábitos chineses do cotidiano, que muitas vezes passam despercebidos ou sem o entendimento necessário para nós, ocidentais.
O porquê das mulheres chinesas usarem meias finas, mesmo no verão escaldante; a questão do ‘exame físico para escolher a futura esposa’ que era comum na China antiga; as reflexões sobre o crescimento da China e as dificuldades de um chinês se adaptar a cultura ocidental são alguns dos tópicos abordados por Xiran nesse livro.
E numa alusão ao título do livro, ela diz: “se voar, nadar ou tiver quatro pernas, mas não for uma mesa nem uma cadeira, os chineses comem. Será tão estranho?” Conhecendo a história da China, não é nada estranho não.
Aqui está a apresentação feita pela editora:
Este é um livro surpreendente, quase tão surpreendente quanto a China que emerge de suas páginas. Sua trajetória começa em 1989, quando a autora se torna apresentadora de rádio na China da “abertura” de Deng Xiaoping. A novidade do programa, mais perto da realidade dos ouvintes que qualquer outro na China até então, faz com que muitos ouvintes liguem para contar suas histórias. A experiência rendeu o best-seller internacional As boas mulheres da China. Após concluir seu segundo livro, Enterro celestial, a autora muda-se para Londres e passa a escrever num grande jornal.
Quase todos os aspectos da vida são abordados nesta coletânea de crônicas para o jornal inglês The Guardian. Dos cumprimentos cotidianos – e do fato de para um chinês ser chocante receber um beijo no rosto – até as diferentes maneiras (e significados) de usar meias, passando pelo sexo, pelas mudanças contemporâneas e pelas grandes festas que definem uma cultura. É, assim, quase inacreditável descobrir, em nosso etnocentrismo, que poucos anos atrás os chineses, não-cristãos em sua vasta maioria, não tinham idéia do que fosse o Natal. Mais inacreditável, apenas descobrir como vivem as mulheres no campo chinês. O que transparece é um retrato vivo e atual do que continua a ser – para nós, mas também para eles – um dos países mais desconhecidos do planeta.
Outras sugestões de leitura da Xiran:
Mensagem de uma mãe desconhecida
Esses são os que eu já li e escrevi a respeito. Existem mais alguns livros da autora que estão na minha lista (interminável) de leitura. Em breve vou escrever sobre eles aqui!
Boa leitura!
Zài Jián!
Pingback: Livros interessantes sobre a China (parte 1) | China na minha vida
Eu amei o outro livro dela, “as boas mulheres da china”. A leitura da Xiran é muito fácil e eu li o livro em poucos dias!
com certeza vou baixar esse no meu kindle! (também me rendi a praticidade do kindle, seu tamanho e a questão de ter uma luz)
Adoro seu site! Ja fui a China para um curso e trabalho no brasil com medicina chinesa. cultura, hábitos e diferenças em relação ao nosso pais, me encantam muito!
CurtirCurtir
Olá Erica,
Se colocar ‘Xiran’ na busca, vai encontrar todos os livros dela que já li. Gosto muito da autora também.
Abraço
CurtirCurtir
Oieee…adorei!!
Deve ser muito interessante esse livro…
ele continua aqui, aguardando, reenvio
Bjs
CurtirCurtido por 1 pessoa
Aguardando contato da Arcelina! =P
CurtirCurtir
Tenho muita curiosidade com a China e adorei a indicação do livro. Parabéns!
CurtirCurtir
Olá! Também tem o meu livro, que lancei em abril ai no Brasil! Dê uma olhada: https://www.sbsbrooklin.com.br/literatura/biografias/china-na-minha-vida-o-que-aprendi-com-o-dragao/
CurtirCurtir
Querida amiga Christine,
Eh sempre muito agradavel ler suas colunas, tão informativas… fiquei contente com mais esse livro da Xiran… ja li uns 4 e vou comprar este… Sou como você, gosto do cheiro do papel impresso , e nào me aborreço em sujar as màos ao ler jornais. . Gosto de virar as folhas, marca-las e deixar o livro em algum lugar da Casinha do Menino Jesus, onde moro. E depois sair procurando, voltar umas páginas para me inserir no momento e continuar a leitura de pernas para o ar….
Saudades de você e muita gratidão pelo muito que me ajudou nos meus 100 dias na China.
arcelina
CurtirCurtir
Arcelina…
Estou para te escrever, seu livro voltou…
Endereço errado.
Me manda no email, um outro endereço.
Beijo
CurtirCurtir