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Fernanda Sung, brasileira, designer de Jóias na China

Conversar com a Fernanda foi um dos momentos mais descontraídos e agradáveis que tive nas últimas semanas. Uma moça linda, por dentro e por fora, com um carisma todo seu e que coloca poesia em cada peça exposta em seu ateliê, confeccionada por suas próprias mãos.

Correr atrás dos sonhos já não é uma tarefa das mais fáceis quando estamos no nosso país, na nossa cultura. Imagina o desafio de fazer isso acontecer do outro lado do mundo, na China.

E dentre as coisas que aconteceram na sua vida e que motivaram a abertura de sua marca nesse país, ela resume bem aqui: ‘Ter a minha marca em Xangai significa que eu posso fazer coisas no meu próprio ritmo e ser fiel a mim mesma. Isso também significa que eu posso propor algo novo para as pessoas, já que a ideia da minha marca é criar jóias mais emocionais e envolventes’.

Suas jóias são em prata e, ocasionalmente, em ouro, pois Fernanda acredita que são materiais que podem durar para sempre, além do que é possível transformá-las em novas peças, somente as derretendo e reinventando seu design.  A inspiração das suas peças vem de detalhes da vida diária. A mais nova coleção é inspirada pela arquitetura ‘Art Deco’ de Xangai, com seus Shikumens.

Mas vamos descobrir como tudo começou:

Fernanda Sung cursou Design de Jóias e Acessórios no Italian Design Institute no Brasil e fez seu mestrado em Design na mesma instituição em Milão, Itália. Em 2007, criou sua marca de jóias.

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Desde criança, sempre foi uma apaixonada por acessórios. Ela gostava de trabalhar com as mãos, e foi experimentando o campo criativo desde muito jovem. Na faculdade, ela perseguiu sua paixão. No início, trabalhou com dois outros designers, mas gradualmente, decidiu iniciar a sua própria marca.

O conceito de sua marca é trazer peças surpreendentes de jóias para a vida diária, que sejam únicas, mas casuais. Mas também ama criar peças com um toque diferente e personalizado às ocasiões especiais da vida de seus clientes.  A maioria de suas inspirações vêm da natureza. Suas coleções representam uma imagem positiva que promove a beleza da natureza e da humanidade.

Filha de mãe chinesa, em 2012, ela se mudou para Xangai para aprender e entender mais sobre essa cultura. Desde então, desenvolve seus projetos na China e, é claro, sendo inspirado pelo estilo de vida, arquitetura  e arte chinês.

Como tem sido sua trajetória profissional?

No final da faculdade montei a minha pequena marca de jóias como um trabalho extra. No final de 2008 concluí o meu Master em design de embalagens na Itália e quando voltei para o Brasil continuei com minha marca e também trabalhando como designer gráfica.

Em 2012 resolvi tirar um ano sabático na China (que acabou virando 4, até agora) e vim estudar Chinês. Nessa época fiz alguns trabalhos ‘part time’ como designer gráfica. Minha estadia na China se estendeu e em meados de 2013 comecei a trabalhar em uma empresa de importação e exportação  na área de moda e confecção. Foi uma experiência muito interessante, pois além de praticar meu chinês, aprendi a lidar com fornecedores e produção na China.

Em 2014 decidi sair desse emprego e começar algo meu. Atualmente trabalho somente com a minha marca de jóias. Tem sido uma grande aventura começar do zero um negócio na China. Tenho enfrentado muitos desafios mas ao mesmo tempo é muito recompensador  ver o meu sonho crescer e receber retornos positivos.

Você fez faculdade ou algum outro curso específico na China?

Na minha área específica, não fiz nada na China. Mas estudei 4 semestres de Chinês, que foi fundamental para que eu pudesse ir em frente com a minha empresa.

Como é a sua rotina? A que horas começa a trabalhar e qual é a sua carga horária?

Ter um negócio próprio significa que eu posso administrar o meu tempo, isso me dá liberdade mas também traz responsabilidade e disciplina. Como uma designer de uma marca independente, trabalho em vários finais de semana. Quando isso acontece tiro a segunda feira de manhã para descansar, por exemplo. Trabalho em um ‘home studio’ e no dia a dia tento balancear a minha vida profissional e pessoal. Começo a trabalhar pelas 10:00, antes disso tenho tempo para acordar, fazer exercício, tomar café da manhã e resolver coisas pessoais. Outra coisa importante da minha rotina é que eu preparo 90% das minhas refeições, para mim é muito importante cuidar do meu corpo e da minha alimentação, foi uma das escolhas que eu fiz quando decidir ter meu negócio: reduzir a carga horária de trabalho e aumentar a qualidade de vida!

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Quais as diferenças da sua profissão entre o Brasil e a China?

Uma das maiores diferenças é que na China as coisas acontecem muito rápido. Produzir uma coleção, fazer contatos, começar pequenos projetos etc., tudo parece ser uma pouco mais simples e rápido aqui. No Brasil tudo é um processo, demora mais pra ficar pronto, acontecer, o que também pode ser uma coisa boa, pois dá tempo de digerir todas as informações.

É claro que estando na China a minha rede de contatos é menor e isso faz muita diferença quando se está começando um negócio. O lado positivo é que existe uma comunidade forte de empreendedores e as pessoas se ajudam com informações, contatos e projetos. É muito legal.

Qual é a média de salários, para uma pessoa iniciante e para o topo da carreira?

Um pouco difícil de responder essa pergunta com números exatos. Agora no começo da minha carreira tenho o suficiente pra me sustentar sem luxos mas com muita saúde mental. Com o desenvolver da minha marca espero dobrar ou triplicar o que eu ganho atualmente.

Que cursos você recomendaria para as brasileiras que queiram ingressar na mesma profissão e seguirem carreira, na China?

Bom, vou recomendar o curso de design de jóias e acessórios, pois foi o que eu fiz. Num plano maior, para ser um pequeno empreendedor na China além de ter conhecimento na area em que vai atuar,  é sempre bom ter alguma base em negócios  e administração. Outra coisa que me ajudou muito foi saber um pouco de mandarim. Ainda é possível começar um negócio sem saber falar o idioma, mas quanto melhor for o seu conhecimento, melhor você aproveita as oportunidades aqui.

Como é trabalhar na sua área, em outra língua, sendo mulher na China? Você sente alguma espécie de discriminação?

Ao contrário de outros lugares no mundo, os Chineses gostam de estrangeiros, e principalmente na área de design, eles valorizam o fato de eu ser estrangeira. É claro que sempre vai existir uma barreira cultural e de comunicação mas eu prefiro encarar apenas como um fato e não um problema. Fora isso, a maior parte dos meus clientes é estrangeira, acho que as pessoas gostam de saber eu sou brasileira, elas associam com simpatia, amizade e felicidade.

Qual seria o aspecto mais positivo e o negativo de ser profissional na sua área na China?

Bom, acho que o lado positivo é que aqui tem muitas oportunidades para alguém que quer começar um negócio, existe também uma comunidade forte de empreendedores que dão apoio uns aos outros. É claro que não basta vir aqui e querer começar um negócio de qualquer jeito.

O lado negativo é que aqui também existe muita competição de mercado, você precisa fazer a sua lição de casa, trabalhar duro e ser perseverante para se desenvolver aqui.

Você acha que teria as mesmas chances na carreira se estivesse no Brasil, ou o fato de estar na China lhe proporciona mais opções profissionais?

Bom, acho que já falei um pouco das diferenças de mercado aqui e no Brasil. Não sei dizer se eu teria mais ou menos chances, diria que elas são muito diferentes e a forma de aproveitar essas chances também varia. No Brasil eu tenho uma rede de contatos maior e entendo melhor a cultura, então talvez fosse mais fácil transitar no meio. Aqui eu tenho uma comunidade que apóia e recebe pessoas novas de braços abertos, compensa pelo fato de não estar no país de origem.

E esse foi o depoimento da Fernanda, que nos contou de forma simples, como foi ter seu negócio na China. Que ele seja inspiração para tantas outras mulheres pelo mundo, que sonham em ver seus projetos realizados.

Quem quiser (e tiver wechat) pode seguir a Fernanda e ficar por dentro de suas novas coleções:

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Zái Jiàn!

Esse artigo foi publicado originalmente no Brasileiras Pelo Mundo.

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6 pensamentos sobre “Fernanda Sung, brasileira, designer de Jóias na China

  1. Olá Christine!
    Bem não vou dar voltinhas o que me fez entrar foi o artigo joia que acho super interessante e complicado. Já tivemos amigos que eram ourives pois na família tinha-se esse costume de mandar fazer e não de comprar.
    Como tenho uma paixão por coisas de meus ancestres claro que tenho bem guardado joias de réplicas egípcias feitas exatamente por esses amigos. Uma delas que sou apaixonado é o rosto de Tut em ouro e lápis lazúli, que sai bem carinho por sinal.
    Acredito muito no que a Fernanda disse sobre a rapidez que ocorre lá e que diferente de cá não rola.
    Sucesso pra ela com o talento pois a joia que postou me agradou muito. 🙂

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  2. lindo o trabalho da Fernanda!
    Sucesso para ela! lindo de se saber de jovens empreendedores!
    ótimo post Christine!
    beijo grande para vc e familia

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