Eu não costumo colocar duas indicações de livros tão próximas uma da outra, mas dessa vez não resisti: no dia 22 de junho acabei de ler o ‘Garotas da Fábrica’ e, geralmente, pego um outro livro para ler que não seja sobre a China. Eu adoro esse país e quanto mais eu descobrir sobre ele, melhor, mas afinal, existem muitos outros temas interessantes para ler e que eu adoro também…
Uma leitora deixou um comentário sobre um livro desse autor, Mo Yan, e com isso despertou minha curiosidade ainda mais sobre ele e fui correndo buscar o livro que estava na estante (bem como baixar o que a leitora me sugeriu, e depois escrevo sobre ele, pois ainda não li)… e não consegui parar de ler até chegar ao final. Foram exatos 6 dias para ler as quase 500 páginas.
E, por conta disso, fiquei tão empolgada com a história que queria dividir com vocês o mais depressa possível!
Como ‘As Rãs’ chegou nas minhas mãos
Bom, todas as vezes que vou ao Brasil, um dos momentos que mais adoro é quando me coloco a visitar livrarias. Juro que tenho que me conter MUITO para não comprar dezenas de livros, até porque eles pesam demais. Mesmo assim, geralmente trago uns 8 a 10 exemplares, que já ocupam uma boa parte da minha mala.
Mas você pode estar pensando – E os ebooks? Sim, eles existem e eu tenho muitos, que posso baixar, muitas vezes de graça. Mas para mim, a relação com o papel, com a capa, com a textura do livro, folhear as páginas é algo que não consigo explicar. Resumindo: é essencial.
E nessas andanças pelas livrarias fui procurar alguns títulos que gostaria de ler sobre a China, que amigos haviam recomendado ou que havia lido críticas interessantes. Para minha desilusão, quase todos que eu queria estavam esgotados…
Aí perguntei para um funcionário se não havia nada de literatura sobre a China, algum lançamento ou mesmo algum título mais antigo. No inicio ele disse que não, mas depois veio atrás de mim com um exemplar do ‘As Rãs’. Olhei para o livro, li o nome do autor… não me disse nada. O título também não era muito convidativo. Fui ler a sinopse, a orelha, e vi que Mo Yan foi Nobel de literatura em 2012, e as críticas na contracapa eram bem convidativas (se bem que na contracapa do livro, ninguém vai publicar criticas negativas, né?)
Ok, pensei, se é isso que temos para o momento, é isso que levaremos. Além desse, também trouxe um outro ‘Uma Vida Chinesa’, que devorei em 10 horas, pois é história em quadrinhos. E uma boa alma já me trouxe a parte 2 do livro, que foi lançada em abril!
Mas vamos ao que interessa
Tem um ditado que diz que nunca devemos julgar um livro pela capa. Pois é…
E eu ainda coloco: não devemos julgar um livro antes de lermos ao menos dois capítulos… afinal a capa desse é bem interessante, mesmo assim eu só comprei por falta de opção.
Mas para minha surpresa amei cada linha, cada página. Virei fã de Mo Yan e já decidi buscar todos os livros que ele possa ter escrito.
Sua maneira de escrever é dinâmica, divertida (mesmo o tema do livro sendo um assunto bem pesado e polêmico), a história flui, você acaba torcendo pelos personagens, rindo e chorando com eles.
E por mais controversa que seja a questão da ‘política do filho único’ implantada na China na década de 1970, podemos perceber pelas narrativas os dois lados da moeda: de um lado os pais desesperados (principalmente os que não tinham filhos homens – infelizmente a questão não era ter ou não mais de um bebê. A questão era ter um filho homem para continuar o nome da família) tentando burlar a lei; por outro uma funcionária extremamente competente e fiel às determinações do partido que tinha que fazer cumprir as ordens e manter a lei em vigor.
Um misto de tragédia e realidade, momentos divertidos e outros tristes demais, alguns leves, outros chocantes. Mas, que fluem de uma maneira que se torna impossível abandonar o livro.
Sabem aqueles livros que você não quer parar de ler para saber o fim da história, mas não quer chegar ao fim para não perder o prazer de ter aquele exemplar nas suas mãos? Coisas de leitores compulsivos…rs
Não é à toa que Mo Yan recebeu o Prêmio Nobel. Mais do que merecido.
A resenha
O livro foi editado em português pela ‘Companhia das Letras’ com tradução de Amilton Reis. As informações abaixo, são as que se encontram no website da editora e na orelha do livro:
“Um não é pouco; dois é bom; três é demais.” Eis o slogan lançado pela Nova China em 1965 – quando as crianças, esfomeadas, “brincam” de comer carvão – para conter o rápido crescimento populacional, numa política de planejamento familiar que se perpetuará por décadas. Nesse contexto, o Nobel de literatura Mo Yan dá voz a Corre Corre, aspirante a escritor que vê a tia como heroína e quer transformar sua vida em peça de teatro, não sem antes rememorar sua história.
Trata-se de fato de uma mulher extraordinária. Nascida em 1937, é a primeira parteira da aldeia a estudar obstetrícia e a enxergar o ofício para além de métodos supersticiosos. Combinando a compaixão de médica a uma autoridade de general, logo se torna a oficial responsável pelo controle de natalidade. Ela deve educar jovens famílias a terem apenas um filho e, quando necessário, realizar abortos, levando a diretriz do Estado às últimas consequências.
Conforme os anos se passam neste épico intergeracional, a política do filho único se burocratiza e corrompe, mas a tia de Corre Corre, revolucionária convicta, não enxerga os podres do sistema imoral em que está enredada. Se em chinês a palavra “wa”, que dá título ao romance, significa tanto “rã” como “bebê”, as rãs desta trama são objetos de horror e desejo, como os filhos da Revolução Cultural na China, muitas vezes cobiçados pelas famílias e renegados pelo Estado.
De atmosfera exuberante e imaginário plástico, As rãs traz o melhor do realismo fantástico, comprovando por que Mo Yan costuma ser comparado a Gabriel García Márquez. O lirismo, a inventividade da linguagem e a forma bem-humorada de tratar os cenários mais dramáticos, oscilando entre a poesia e o horror, o naïf e o escárnio, transformam esse relato ambientado em uma aldeia da China em clássico universal.”
Sobre o autor
Mo Yan (que significa ‘não fale’) é o pseudônimo de Guan Moye, que nasceu em 1955 em Shandong. Autor de romances, novelas e coletâneas de contos, entre eles ‘Sorgo Vermelho’ de 1986 (que já está na minha lista de desejos). Foi o primeiro autor chinês a ganhar o prêmio Nobel da literatura, em 2012. Vive na China, em Beijing.
Depois de toda essa história envolvendo o livro na minha vida (rs), espero não decepcionar ninguém com essa indicação. Mas realmente foi um dos livros que tem a China como tema, ou como pano de fundo, que mais me empolgaram nos últimos tempos.
Super recomendo!
E você conhece o autor? Já leu algo dele? Tem alguma outra sugestão de leitura para dividir conosco? Deixe seu comentário.
Zái Jián.

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Nossa!!! Adorei tudo q li nesse post….
A capa, a orelha do livro…
Acho q nd substitui tb o papel…bjs
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Eu levo quando for par o Brasil…rs é muito bom…
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Vou esperar!!!rsrsrsr
Bjs
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Obrigada Christine! É muito bom ter dicas de livros. Não conheço nenhum dos livros citados. Não consigo ler on line , tal oferta de títulos. acredito que só em grandes livrarias de SP.Bjs
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Oi Mariza. Esse livro, em especial, é muito bom. Vale à pena ler sim. Abraço.
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Adoro suas indicacoes de livros Cris. Qual aplicativo vc usa para baixar ( os que vc nao compra claro.)
bjs
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Olá Vanessa,
Obrigada! =]
Eu geralmente baixo em PDF e leio no ipad.
Beijo
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oi!
bom dia !
por aqui dia cinzento, frio, sonolento…….
delicia de post! tuas dicas são muito legais!
………..continue assim!!!!!!
beijo grande para vc e familia!
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Obrigada Edson. Esse livro é muito bom, mesmo! Abraço.
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Recomendo os livros Viver e Irmãos, do Yu Hua, tradução de Márcia Schmaltz. Tanto Viver quanto O Sorgo Vermelho foram adaptados para o cinema sob as lentes do aclamado diretor Zhang Yimou, de O Clã das Adagas Voadoras e Herói.
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Gilson, obrigada pelas dicas. No post do ‘Garotas da Fábrica’, uma leitora deixou o link de ‘mudança’ também de Mo Yan, eu baixei mas ainda não li.
Abraço.
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