Desde sempre a ‘Longa Marcha’ foi um fato mais do que marcante na história da China pós-império e também na ascensão de Mao T’sé Tung como líder da República Popular da China. Tudo que envolve esse episódio da história ainda é motivo de polêmicas e controversas teorias, principalmente no Ocidente.
Aqui na China, o que foi escrito pelos relatores da época e escritores autorizados pelo governo e publicados como documentos é a história real e não se discute mais nada. Até porque esse fato é o grande triunfo de Mao, o marco da passagem dos anos de Império, seguidos por uma Republica completamente desorganizada, para os anos de luta liderados pelo Grande Timoneiro, que até os dias de hoje é reverenciado e respeitado pela maioria maciça do povo chinês.
Partindo desse cenário, dois jornalistas britânicos que vivem na China desde 1997, resolveram largar seus empregos e investir numa aventura pessoal que foi refazer a Longa Marcha e tentar entender como foi à jornada do Exercito Vermelho nos 369 dias relatados da marcha do 1° front (onde estava Mao T’sé Tung).
Munidos de muita coragem, determinação e boa dose de otimismo Ed Jocelyn e Andrew Mcewen partiram de Yudu, província de Jiangxi em 16 de outubro de 2002, munidos de antigos mapas, algumas anotações e relatos armazenados de alguns dos personagens vivos dessa heroica passagem da história da China.
A maioria das pessoas que foram consultadas, entrevistadas e/ou souberam do projeto dos britânicos, não acreditavam que ele chegasse ao fim. Alguns porque decididamente acreditarem que os caminhos percorridos pelo Exercito vermelho a quase 70 anos atrás eram difíceis demais, com acesso extremamente restrito e provavelmente com rotas perdidas pelo tempo. Outros não acreditavam porque simplesmente achavam que a Longa Marcha era uma fraude, que não havia acontecido jamais de fato.
Mas eles mostraram que ela existiu de fato. Colheram relatos ao longo do caminho dos ‘soldados’ que ainda estavam lá para contar as glórias e as perdas que viveram naquela época. As dificuldades que encontraram e os desafios vencidos. Colheram velhas fotos e relatos emocionantes de pessoas que nem sequer imaginam como hoje é Beijing ou Shanghai, tamanha a distância que ainda vivem do mundo chinês moderno e globalizado (como o Brasil, a China é um país de muitas e diferentes realidades…).
Ao final, depois de uma aventura sem igual, da qual enfrentaram algumas situações extremamente complicadas, começando pela autorização do governo, que só foi emitida muitos dias depois da expedição ter sido iniciada, até a dificuldade de comunicação em algumas aldeias e cidades onde os dialetos são a língua falada pela população, passando pelas imprevisíveis mudanças climáticas, eles chegaram ao ultimo ponto do mapa da Longa Marcha, na cidade de Wuqi, província de Shaanxi, 03 de novembro de 2003.
Ao todo foram 384 dias (15 a mais do que Mao levou para percorrer esse trajeto) e quase 7 mil quilômetros de marcha. E foi aí que residiu a grande polêmica dessa expedição, já que o trajeto oficial relatado por Mao era de 25 mil ‘lis’ (medida usada na época que representa certa de 500 metros), pois eles registraram 12 mil ‘lis’. Esse fato foi usado pela imprensa internacional para dizer que a Longa Marcha não foi tão longa assim, o que deixou as autoridades do governo chinês a proibir uma série de publicações sobre a expedição dos britânicos, já que colocaria em cheque a palavra do herói e líder nacional.
Para Ed Jocelyn, isso foi motivo de angústia, pois mesmo fazendo um percurso com metade da extensão oficializada nos relatos históricos, eles ainda gastaram mais 15 dias que os soldados. E apesar de multas partes do caminho estarem asfaltadas e/ou em condições melhores do que a 70 anos atrás, a jornada foi dura e cansativa e sem sequer uma batalha armada (só houveram as batalhas burocráticas e de esgotamento físico e mental). E afirmam sem nenhuma duvida: a Longa Marcha existiu sim, e apesar de possivelmente ter sido menor do que o relato oficial, ela não foi menos dura e sangrenta.
Aos que afirmam que a Longa Marcha foi uma lenda ‘inventada’ pelo partido, Ed relata que o que viu e ouviu são suficientes para provar que estão enganados. Vejam um dos últimos trechos do relato dele:
“A Longa Marcha – origem da China de Mao”, foi publicado em 2006 (2008 a versão em português) e também possui a versão em mandarim.
Muito interessante, porque junto ao relato da própria jornada, os autores vão descrevendo os fatos da histórias e as comparações da China de hoje e de 70 anos atrás.
Zài Jiàn!
Fiquei louca para ler esse livro! Vou a caça, é da Editora Record?
Ando meio desanimada para escrever mas vou voltar em breve.
bjs
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Sim, Ju. è da Record. Comprei o meu em fevereiro quando fui ao Brasil. Beijo!
E volte, pq vc escreve muito bem e instiga a gente a procurar os livros que relata! =]
Sou sua fã!
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oi!
bom dia por aqui! uma segunda feira, fria, e com garôa!
espero que dia 6 próximo, o oftalmologista me receite lentes para, que eu possa enxergar tranquilo e, possa ler tranquilamente! acho que comentei que no final de todos os exames, o oftalmo disse que eu não tenho catarata! fica combinado assim!
mas é isso ai! com certeza este será mais um livro que vou querer ler, pois tua apresentação é instigante!
continue escrevendo…………..beijo grande para vc e familia!
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