Como já escrevi em um post, as minorias étnicas na China são hoje, oficialmente, 55 grupos. E a tendência é que o numero que significa menos de 10% da população chinesa, tende a diminuir. A migração é a maior causa desse fenômeno. A falta de condições de trabalho e estudo nas pequenas vilas ou províncias estimulam os jovens a irem buscar oportunidades fora do seu lugar. Mesmo com o polêmico Hukou, que tem o objetivo de segurar cada cidadão na sua região natal, os números de migrantes só crescem e as minorias cada vez mais assumem seu ‘titulo’.
E como isso começou? A China é um país imenso e com regiões geograficamente distintas. Muitas foram conquistadas, outras a própria fronteira se encarregou de fazer a miscigenação e mais um grupo étnico foi criado. A etnia considerada pura, chinesa, é a HAN.
Na época da Dinastia Qing, já havia estudos dos geógrafos do império que reportavam grupos de ‘bárbaros’ vivendo nas periferias e chegaram a enumerar mais de 100 diferentes grupos, em sua maioria em Yunnan, a província com mais diversidade étnica até os dias de hoje.
Já na era Nacionalista, o partido impôs que a China era o lugar de uma só raça, chamada de Zhonghua minzu, e todos os grupos seriam ‘descendentes’ deste. O que não foi uma ideia ruim, muito pelo contrário, acredito que visava à unificação da nacionalidade. Já pensou se todos nós brasileiros, fossemos de nacionalidades diferentes, de acordo com o estado em que nascemos? Quem seria mais brasileiro? Qual seria a nossa ‘raça’? Difícil, né? Mas esse período foi muito curto na história chinesa, então não chegou a se concretizar de fato.
Quando, em 1949, o PRC foi fundado, os lideres procuraram alistar os que não eram da etnia Han para ocuparem os altos cargos do governo. Mas, após a medida do governo anterior, onde estavam os ‘não-Han’? Por conta disso, houve um censo em 1953, que dificultou ainda mais a situação, já que as pessoas tinham que preencher um espaço em branco ao lado da palavra ‘etnia’. Foram contadas mais de 400, sendo 200 somente da região de Yunnan.
Frente a esse impasse e a impossibilidade de administrar esse imenso mar de etnias, começou um trabalho de classificação, através da taxonomia. E hoje temos o numero de 55 etnias na China.
E como Shanghai é o símbolo do progresso, do futuro e das oportunidades… mesmo com todas as dificuldades impostas pelo governo, vivem aqui cerca de 2% do total dessas 54 minorias, cerca de 300.000 pessoas. Há 10 anos, o senso mostrou 0,6% de minorias em Shanghai, o que alerta para o crescimento dessa migração.
De acordo com a Academia Chinesa de Ciências Sociais, acredita-se que aproximadamente dois terços das minorias que vivem em Shanghai são trabalhadores braçais. E eles, por conta dos efeitos da modernização e da necessidade de se fazer parte do todo na cidade grande, estão perdendo seus hábitos, tradições e até a língua. Dos 130 idiomas reconhecidos na China, 100 já morreram praticamente, após o processo de urbanização do país.
E o que fazer para preservar esses grupos, essa parte da China? Esse é um dos muitos desafios que o governo chinês tem que enfrentar o mais rápido possível, oriundos do crescimento econômico, urbano e comercial da China. Um dos passos dados já há algum tempo, foi revogar a lei do filho único para as minorias.
Aos poucos, nos posts futuros, vou escrever algumas características que identificam as principais etnias e sua região geográfica (que determina profundamente a influência étnica, principalmente as regiões de fronteiras).
Zái Jiàn.
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Muito interessante não conhecia!
A cada post uma nova descoberta sobre a china!
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Muitas vezes ao pesquisar para algum post, eu tambem faço grandes descobertas…rs brigada pela visita!
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…oi!
muito interessante essa diversidade e, realmente uma pena tudo se perder! Tem algumas mulheres, muito parecidas com as peruanas………
não sei se vc assistiu a entronização do novo papa, mas durante a missa, uma das leituras foi feita por uma chinesa!
……………………….aqui chove, chove, chove…….beijo grande para vc e familia!
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