Eu já havia ouvido falar nos locais em Beijing onde as mães oferecem seus filhos homens em casamento, inclusive li no livro da Sonia Bridi e também assisti a reportagem que ela mesma fez, se não me engano, para o fantástico há alguns anos atrás.
A justificativa para esse ‘mercado’ era por conta do disparate entre números de mulheres e homens na China e as mães desesperadas por ver seus filhos envelhecendo sem um casamento.
Mas não é que Shanghai foi mais além? Aqui existe um ‘mercado de casamentos’ improvisado todos os finais de semana na People’s Square, que já disse aqui é o ponto central da cidade, quase como a Praça da Sé em São Paulo. Todas as linhas de metrô e ônibus convergem ali, tem alguns dos principais museus da cidade e é rodeada por centenas de shoppings.
Funciona assim: os pais vão para a praça munidos do ‘currículo’ dos filhos (e aqui não há distinção de sexo) e muitos levam fotos também. Montam varais onde penduram seus cartazes e esperam os interessados. Estes, por sua vez, passeiam pelo local lendo e perguntando algo em especial aos pais, analisando as ofertas e, literalmente, negociando o casamento.
Por conta do dia dos namorados, que foi celebrado em 14 de fevereiro (Valentine’s Day), o mercado esquentou e, para ajudar os estrangeiros a entender o que acontece por aqui, algumas revistas para expatriados fizeram matérias sobre esse curioso (no mínimo) costume local. Numa delas, traduziram um cartaz: “Filha, nasceu em 1983, 1,67m, graduada na Universidade de Shanghai com qualificação em inglês no estágio 8, aparência adequada, executiva sênior de uma empresa estrangeira com um salário de RMB 6000,00/mês. Procura por homem, nascido antes dos anos 80, com aproximadamente 1,80m de altura, com emprego estável, graduado em universidade, com casa própria para casamento. Atitude responsável no trabalho e atitude amorosa na família”.
Aqui estou postando algumas fotos que peguei na net, por que realmente nunca fui exatamente nesse lugar, apesar de agora entender o aglomerado de chineses (maior do que o usual) naquele ponto da praça! E, buscando informações com uma ou outra pessoa mais bem informada do que eu, descobri que o que conta mesmo é quanto os candidatos vão dar para a família em dinheiro, uma espécie de dote. Principalmente no caso das famílias das moças, porque aqui depois que casa, a mulher passa a pertencer à família do marido. E o detalhe no anuncio ‘casa própria para casamento’ se refere a não morar com os sogros!
Tudo bem que no mundo ocidental podemos ver anúncios nos classificados dos jornais ou nos sites de relacionamento de pessoas procurando sua ‘cara metade’, mas nada é tão explicito e nem com o envolvimento direto e incondicional dos pais. Não preciso dizer que isso virou ponto turístico para muitos curiosos que estão por aqui. Quem sabe o cupido solta uma flechinha no estrangeiro desavisado? J
Zai Jian!
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