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Por aqui, o sono é sagrado!

São tantas as coisas interessantes que temos pra contar, que às vezes fica difícil escolher um assunto.

Mas dando uma olhada nas minhas fotos e hoje sendo um feriado chuvoso, achei que o sono seria um bom tema!

Aqui tem duas coisas que são sagradas: a hora de comer e a hora de dormir.

Mas não pensem em nossos hábitos ocidentais com todos os rituais, preparativos e adequação de local e situação. Nada disso. Funciona assim: se tenho fome, como. Se tenho sono, durmo. Em qualquer lugar, em qualquer situação. Simples assim.

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Nas lojas, supermercados, na rua, nos hospitais. Horário de almoço, 11:00, e começa a movimentação de potinhos e saquinho se abrindo com o cheiro peculiar da comida chinesa e pronto. Você se sente num imenso restaurante. Depois disso, a sesta, né? E ali mesmo, agachado, sentado num banquinho ou em pé (isso é um mero detalhe), observamos os chineses usufruindo dos restauradores minutos de sono profundo.

É comum você encontrar pessoas dormindo no Mc Donald’s ou nos bancos de praça. O mais engraçado: nas lojas de Departamento no estilo IKEA ou até mesmo no Carrefour, se tem um sofá, uma cama, eles não perdem a oportunidade. E ninguém fala nada. Os vendedores olham as pessoas roncando nos móveis expostos na loja, como se fosse a extensão da casa de cada um.

E aqui em Shanghai ainda há uma peculiaridade em relação às lojas de Departamento: o ar condicionado. Quando está calor, as pessoas correm para esses lugares para se refrescar e passar horas agradáveis com a família numa salas ou dormitórios em exposição nas lojas. Quando está frio, fazem a mesma coisa pelo motivo inverso.

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É que Shanghai não fica numa das regiões mais frias da China, por isso não há aquecimento ou refrigeração mantida pelo governo (serviço que há em Chang Chun, por exemplo). As pessoas têm que arcar com essa despesa se quiser desfrutar desse luxo, porque a taxa de luz aqui é caríssima. Garanto que um enorme contingente prefere passar seu tempo livre nos shoppings ou lojas!

Resumindo é, no mínimo, muito estranho.

Até a próxima.

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5 pensamentos sobre “Por aqui, o sono é sagrado!

  1. Oi Christine
    Essa atitude tem fundamento no Daoísmo que prega a manutenção da harmonia com o Dao (o Cosmo, Deus…). Para o Daoísmo não devemos contrariar a natureza. Controlar nossas vontades e necessidades físicas é uma derivação da cultura, da civilização e representa uma contrariedade ao que é natural. Fome? Coma. Sono? Durma. Vontade de cuspir ou vomitar? …
    Na mesma China outra corrente filosófica prega justamente o contrário. Para o Confucionismo a cultura, a educação, o estudo e o agir baseado na razão são traços essenciais do ser humano.
    Engraçado é ver como as duas correntes convivem no mesmo espaço há séculos e se influenciam mutuamente. Mas você, inserida na vida chinesa há tantos anos, deve saber e entender isso muito melhor que qualquer um deste lado do planeta, não é?
    Adoro seu blog.
    Abraço

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    • É isso mesmo Arnóbio! Eu escrevi sobre isso (mas sem essa fundamentação…rs, adorei!) há pouco tempo atrás. Eles realmente acham que devemos atender as necessidades de nosso corpo. Só que vou te confessar uma coisa: Confucio tem pouquissimos seguidores nesse quesito….hehehehe
      Obrigada pela visita e pelo elogio! O que seria de nós, sem nossos leitores! =]

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      • Oi Christiane
        Quando eu falo da cultura e da educação, não falo apenas da alta cultura e dos modos refinados, mas também da organização social, do sentimento de coletividade e da relação indivíduo-governo. Isso porque é muito difícil regular estas questões apenas com as regras da natureza, como defende o Daoísmo (já pensou 1.4 bilhões de pessoas fazendo o que querem sem limites, sem imposições ‘culturais’ ou sem organização?). É aí que entra o Confucionismo, que defende a cultura humana, a ‘civilização’ como forma de evitar o caos.
        Foi a ideia de a cultura predominar sobre a natureza (Confucionismo x Daoísmo) que unificou o povo chinês e tornou a China propícia para as grandes realizações humanas que interferiram na natureza e eram imprescindíveis para a formação do país, como a Grande Muralha e a rede de canais e diques na bacia do Huang He, obras que consumiram milhões de vidas em prol da coletividade.
        A primeira vista parece que hoje em dia Confúcio está mesmo de lado, mas quando analisamos mais a fundo vemos que nem tanto. Por exemplo, a ideia de que a cultura transforma o ser humano está presente na excessiva disciplina e até obsessão dos chineses com os estudos e é fruto do Confucionismo (o burburinho em torno do Gaokao, o ‘vestibular deles’ não deixa mentir). Não foi a toa que a China foi a inventora do concurso público meritocrático como forma de acesso aos cargos estatais nos primórdios do império. Isso também foi fruto do Confucionismo. Da mesma forma, a verdadeira reverência e grande respeito que os filhos devem ter com os pais e avós, formando laços muito mais fortes do que nós vemos no Ocidente, deriva do sentimento de ‘piedade filial’ confucionista (que é muito bem manejado pelo governo em favor da ideia de respeito à hierarquia e à autoridade que eles necessitam).
        Mesmo que não seja uma presença ostensiva e que às vezes nem se perceba, Confúcio está presente na forma de pensar dos chineses. Obviamente, questões práticas e econômicas da vida moderna e a atuação ideológica de um governo totalitário/autoritário comunista durante muitos anos também tem suas influencias na sociedade, mas a base social chinesa está lá, no Confucionismo (e também no Daoísmo e no Budismo, claro, formando a tríade filosófica que faz com que eles tenham uma forma de pensar tão diferente da nossa).
        Desculpa escrever tanto. É que eu gosto muito desse assunto, aí me empolgo… fora que não tenho muitas pessoas com quem conversar sobre isso. A China é um outro mundo, muito diferente da realidade que vive a maioria das pessoas que eu conheço… acho que você me entende…
        Abraço

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