Não me falem em coisinha simples, nada de pompa e circunstância, sem brilhos, luxo e muita comida. Esses são elementos básicos para um casamento ter sucesso na China. Ah, e fotos, claro. Muitas fotos. Com MUITO photoshop, feitas bem antes da data do casamento.
Mas isso tudo só vai rolar se houver o interesse mutuo do casal (principalmente da mulher). Você deve ter pensado: ‘claro, sem amor nada acontece’… Errou. Aqui o lema é: sem dinheiro nada acontece. O ‘interesse mutuo’ tem haver com conta bancária e bens de consumo. Com a vida que o homem poderá oferecer à esposa depois do tão sonhado ‘sim’.
Casamento na China é, e sempre foi, um negócio. Antigamente, na época do Império, arranjado entre as famílias, como foi no ocidente por séculos. Hoje as moças já tem a possibilidade de escolher sua ‘cara metade’, mas com a mesma visão administrativa e financeira.
Numa conversa de moças não se ouve aqueles suspiros: ‘olha que cara lindo!’, ‘ai que gato, queria tanto que ele olhasse para mim…’. O diálogo aqui é: ‘tá vendo aquele cara de camisa azul de costas (o rosto não importa), desceu de uma BMW e usa relógio de ouro. Bem que ele podia olhar para mim’. E num ‘flerte’ a conversa não começa com o diálogo banal e monótono ocidental de quantos anos você tem? Gosta de ir à praia? Estuda? Nada disso. A coisa começa direto no ponto. Qual carro você tem? E apartamento? Se eu ficar com você teremos o nosso apartamento ou vou ter que morar com seus pais? (isso aqui é muito comum e a nova geração tem arrepios de pensar nessa possibilidade) e qual seu salário anual? Tem dinheiro no banco? E a partir dessas respostas a moçoila decide se fica ou não com o cara em questão. Simples assim.
Ai você deve estar fazendo a pergunta que também fiz: ‘mas assim na lata? No primeiro encontro?’ SIM! Na realidade, antes do primeiro encontro, pois dependendo da situação financeira do rapaz, o tal primeiro encontro nem rola! Para terem uma ideia, uma chinesa me disse que nem o nome se pergunta, já vai direto ao ponto mesmo.
Agora, essa questão de saber da sua vida financeira, é algo bem comum na China. Eles perguntam para qualquer um, sem a menor cerimonia, quanto você ganha, quanto custou o vestido que você está usando, quanto você paga por X ou Y. E por que não iriam fazer isso com a pessoa que pretendem passar o resto da vida? Sim, o resto da vida, porque mulher que casa ‘bem’ nem por decreto abandona o marido. A lei aqui é completamente nula para direitos da mulher. Ela sai com as roupas e talvez algumas joias que tenha ganhado durante o período que esteve casada. Nada mais.
Bom, mas depois do ‘business’ acertado, vamos cuidar do casório!!! E isso é outra história. Porque do mesmo modo que a noiva e a família dela querem saber da situação financeira do escolhido, eles também querem que o mundo saiba que sua filha casou bem e cedo (aqui passou dos 25 anos as moças já estão em desespero, a ponto de suicídio, pois as chances delas poderem ‘escolher’ vão diminuir e a família já vai começar a deixa-las de lado, pois falharam na tarefa de arrumar um marido… horrível, né?).
Eu tive uma professora chinesa-americana, ou seja, ela foi para os EUA com 4 anos de idade e voltou à China com 25 mais ou menos. Então foi criada no mundo ocidental, apesar dos pais fazerem questão de preservar a identidade cultural chinesa. Mas a moça, no final, tem outra cabeça. Ai arrumou um namorado. O rapaz foi viver com ela, os pais dele a paparicavam (talvez por ser uma chinesa que morou fora e aceitou o filho deles, sei lá. Porque sogra aqui na China tem a mesma fama das sogras ocidentais…rs). Perfeito. Num determinado momento ela caiu de amores por outro rapaz (cabeça ocidental) e achava que a vida com o atual era muito sem graça, ele era um chinês ‘chinês’. O outro era chinês, mas também falava inglês fluente, já havia morado fora, mas não oferecia nada de concreto.
Desesperada foi desabafar com uma amiga chinesa. Gente, ela contou que quase apanhou da amiga. A moça perguntou se ela era louca, como poderia sequer pensar em trocar um homem que a sustentava, que havia lhe dado um apartamento, conforto etc, por essa bobeira de sentimento, de amor. Isso não existe. Bom, vocês podem imaginar a cabeça dessa pobre coitada. Com um pé lá e outro cá. As amigas ocidentais dizendo: larga o cara, ouve seu coração! E as chinesas a chamando de irresponsável. Affff!.
Ela deve ter ficado tão maluca, que sumiu. Nunca mais a vi depois desse episódio. Nem sei qual foi à escolha dela. =/
Acho que as coisas estão mudando por aqui, mas ainda levará tempo para só o amor construir uma relação!
Quer saber mais sobre os casamentos chineses? veja esses artigos:
Zài Jián!
Esse texto foi originalmente publicado no blog Brasileiras pelo Mundo.
Pingback: As superstições no casamento chinês (parte 2) | China na minha vida
Interessante e estranho ao mesmo tempo hahahaha
A Sr. escreveu algo sobre casamento chinês com estrangeiro? Fico imaginando a mulher/homem com uma cabeça ocidental e um(a) chinês/chinesa com esse pensamento.
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Olá Endrio,
Todo o casamento bicultural não é simples. Mas realmente o casamento de um ocidental com um asiatico, sempre é mais complicado, pois os costumes pesam demais!
Abraço.
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Oieeeee…
Adorei…impagável para os dias de hj.
Tadinha da sua amiga…sumiu!!! kkkkkkk
Bjs
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Chinesas, não vai rolar. Por interesse, só filosofia
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hahaha! Você é ótimo! Abraço.
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Sou bom pra casar.
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Adorava ver os carros enfeitados e os noivos tirando fotos pela cidade .
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Eu também adoro Ana!
Beijo
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oi!
bom dia!
por aqui as coisas andam mais materiais, e já há muito
interesse em quem pode oferecer o que!
os homens aqui que andam atrás de mulheres que
possam lhe oferecer conforto!
rsrsrsrsrsrsrsrs…..muito louco isso tudo!
beijo grande para vc e familia!
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Aiii Edson!
Sinais dos tempos…rs
Abraço.
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