No final de semana passado, feriado aqui na China, fomos conhecer as montanhas ‘Leshan’ e ‘Emeishan’, na Província de Sichuan. Para mim fica meio redundante, pois ‘shan’ 山 significa montanha em mandarim. Então o correto seria dizer que fui visitar as montanhas ‘Le’ e ‘Emei’, mas tudo bem, isso é só um detalhe.
A ‘Scenic Area Mount Emei’, incluindo ‘Leshan Giant Buddha Scenic Area’ foi listado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, desde 1996.
Tivemos várias passagens interessantes durante a viagem, que vou relatar aqui, mas resolvi começar falando sobre as atrações turísticas. E a primeira que visitamos foi o Buda Gigante em Leshan.
Leshan Giant Buddha
O Leshan Giant Buddha, 乐山 大佛, Leshan Dafo (em pinyin) ou Buda Gigante de Leshan é um monumento de pedra, com 71 metros de altura, representa um ‘Maitreya Buda’ sentado com as mãos apoiadas sobre os joelhos. Seus ombros tem 28 metros de largura e sua menor unha é grande o suficiente para acomodar uma pessoa sentada.
Construído durante a Dinastia Tang, levou mais de 90 anos para ficar pronta.
Foi esculpido em um penhasco que fica na confluência dos rios Minjiang, Dadu e Qingyi na parte sul da província de Sichuan, na China, perto da cidade de Leshan. A escultura de pedra fica frente ao Monte Emei, com os rios que correm abaixo de seus pés. É o maior Buda de pedra no mundo. Ele possui uma postura simétrica e aparência cuidadosamente traçada para passar, aos que o admiram, uma ‘quietude solene’.
A construção foi iniciada em 713, conduzida pelo monge Hai Tong, que esperava que o Buda acalmasse as águas turbulentas (ou o espírito das águas, como diziam os nativos) que atormentavam os navios de pesca, que ganhavam a vida na confluência dos 3 rios. De forma prática, sabe-se que as pedras que caiam no rio em consequência da modelagem da escultura, acabaram por reduzir a força da água.
Hai Tong coletou dinheiro durante 20 anos para conseguir iniciar o projeto. Mas num determinado momento o governo achou que teria um destino melhor para o dinheiro e, frente a ameaça de ter o trabalho interrompido, ele arrancou os próprios olhos para mostrar sua devoção e determinação, na frente dos oficiais, que fugiram assustados e sem o dinheiro. Depois de sua morte, dois de seus discípulos continuaram o trabalho (que estava na metade).
Arquitetura e Arte
Infelizmente as fotos, por melhores que sejam, não conseguem mostrar a grandiosidade dessa obra. Os detalhes são tantos, que não há como não se maravilhar com eles. Alguns mais interessantes:
- O cabelo do Buda é formado por 1.021 ‘rolos’ que foram habilmente incorporados a cabeça. O interessante é que não se nota que as peças foram feitas separadamente e colocadas na pedra.
- O sistema de drenagem é composto de algumas calhas escondidas e canais, espalhados sobre a cabeça e os braços, atrás das orelhas e nas roupas. Este sistema, que ajuda a deslocar a água da chuva e manter a parte interior seca, é fundamental para a preservação da obra.
- O grande par de orelhas, é feito de madeira e decorado por ‘lama’, ou terra vermelha, na superfície.
- Quando o Buda Gigante foi esculpido, uma enorme estrutura de pedra de treze andares foi construído para abrigar da chuva e do sol. Esta estrutura foi destruída e saqueada pelos mongóis durante as guerras no final da Dinastia Yuan. A partir de então, a estátua de pedra ficou exposta ao tempo.
Há um ditado local: “A montanha é um Buda e o Buda é uma montanha”.

Entrada do Templo e vista da descida do lado esquerdo do Buda. Mais tarde iríamos estar naquele barco!

Algo que me chamou a atenção foram os anjos na cúpula do templo, como nas igrejas cristãs… coisas de China, acho!
Fora a estátua em si, existe um parque com florestas, templos e esculturas a céu aberto.
Essa é uma montanha Budista (claro), e no alto dela existe um templo lindo, com vista privilegiada para todo o parque.
Como era feriado, o número de visitantes era assustador, mas isso a gente já sabia que teria que enfrentar. Por conta dessa multidão foi impossível descer as escadas que ladeiam o Buda e chegar aos seus pés. As filas davam voltas e mais voltas, e acho que passaríamos o dia ali sem a certeza de conseguir descer.
Optamos por sair do parque e pegar um barco que nos levou até a estátua, com uma vista privilegiada e onde pudemos fazer boas fotos.
De todo o jeito, se anda muito! Muito mesmo… Muitas escadas, um sobe e desce incessante. Preparem as pernas.
Para chegar a Leshan, fomos de avião até Chengdu (2:30 de voo de Shanghai; sim… a terra dos pandas!). Chegamos a noite, dormimos num hotel no aeroporto e na manhã seguinte fomos de carro até a montanha. Levamos quase 3 horas, por conta do trânsito intenso. Nos feriados o governo chinês libera os pedágios e isso estimula as pessoas a viajarem com seus próprios carros.
No final da tarde, seguimos direto para Emei Shan, onde ficamos num hotel no pé da montanha, para acordar no dia seguinte e fazer o passeio até o topo do Monte Emei. Mas essa parte fica para o próximo artigo!
Zài Jiàn!
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Foi um dos passeios mais incríveis na China. Comparável à Muralha, na minha opinião. Só me deu pena de os pés da estátua estarem em manutenção e não se podia acessar para tirar uma fotinho por alí hehe. Super recomendo!
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Oi Marcia!
É demais mesmo. Uma obra impressionante. Eu também não cheguei no pé do Buda, mas era por conta da multidão que estava lá. Era feriado! Hehehe.
Abraço 🤗
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Pingback: Sobre a Reserva dos Pandas em Chengdu | China na minha vida
Christine, boa noite!
Primeiramente, seu blog é fantástico e seu livro idem! Tive acesso a ele na Realejo! Parabéns!
Por favor, de onde exatamente partem os barcos? Você pode me ajudar com essa informação? Obrigada.
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Obrigada! Fico feliz que tenha gostado do livro também, hoje é o meu xodó! hehe
Bom, o local onde se pega o barco fica próximo a entrada do parque, no mesmo calçadão, é fácil de ver o pier.
E quando você vem?
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Olá agora na primeira semana de junho estarei por aí.
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Opa! Aproveite muito a viagem e avisa quando chegar…
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Olá, como se chega até a estátua? Via terrestre ou é preciso pegar embarcação ?
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Olá Vanessa,
Das duas formas é possível.
No post você pode notar que tem fotos que estou bem perto da cabeça do Buda. Ao lado dele tem uma escada (imensa) mas você pode descer e chegar até o pé. Ou de barco onde se tem uma visão bem legal do Buda inteiro. Só desci metade da escada, pois era feriado e estava muito cheio. Aí optamos pelo barco.
Abraço.
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Pingback: A aventura da volta. Viagem a Emei Shan – China. | China na minha vida
Que bacana liberar pedágio nos feriados!!! Igualzinho aqui…rs… Â
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Nem me fale Kátia… se pudessem eles cobrariam um ‘adicional’…hahaha Beijo
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Pingback: Viagem a Emei Shan – China. | China na minha vida
Fantástico, Chris! Fomos anteontem visitar o Buda de Leshan e ficamos muito impressionados com a grandiosidade da obra. Não canso de dizer que a China é um mundo novo, com uma infinidade de coisas incríveis a serem descobertas. Como gosto desse país! Agora estamos em Hong Kong e daqui vamos pra Shanghai 😄. Bjssss
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legal Dani, estou te esperando por aqui!
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oi!
boa noite por aqui!
imagino a emoção de estar diante dessa escultura!…..
eu já tinha visto documentário desse Buda, mas teu testemunho é incrível!
………………beijo grande para vc e familia!
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Sim, é lindo demais… ABraço.
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