Algumas vezes paro para pensar o que tem sido a minha vida nesses últimos 9 anos e, por incrível que pareça, ainda me surpreendo com a “montanha russa” de sentimentos, experiências, aprendizados, tristezas e alegrias que fazem parte do meu dia a dia até hoje.

Entre tudo que aprendi, que vivi, que descobri, posso afirmar, sem sombra de duvida, que as pessoas que passaram a fazer parte da minha vida tiveram, e ainda têm, um papel fundamental nessa história.

Ser estrangeiro causa um impacto muito grande na nossa identidade e repartir isso com outros estrangeiros, sejam brasileiros ou não, é um alivio e um consolo em muitos momentos.

Ana Paula e eu, já no Brasil (fev/2013).

Por outro lado, mesmo no Brasil, por conta do blog, acabei fazendo muitos novos amigos e descobrindo velhos conhecidos como pessoas maravilhosas e extremamente presentes.

Entre os novos amigos do Brasil, conheci uma moça, que me contatou através de uma terceira pessoa, que sinceramente não lembro quem foi, e veio parar no sofá da minha sala para um papo rápido sobre a cultura chinesa e o blog, já que o motivo da visita dela a China foi uma pesquisa de campo sobre a adaptação do brasileiro expatriado na China.

Apesar de eu não ser o publico alvo que ela procurava, algumas coisas do blog despertaram a sua curiosidade e resolvemos conversar.

A “conversa rápida” durou 9 horas! E nem nos demos conta disso. Inclusive, a jarra de suco e a travessa com batatas lays que coloquei em cima da mesa, ficaram lá praticamente intactas. Sim, não lembramos de comer , fato que deve ter deixado a colega de grupo dela, uma chinesa que vive no Brasil desde criança, um pouco desconfortável . Porque se há uma coisa que Chines respeita e não dispensa é o horário das refeições.

Bom, nem preciso dizer que quando a “ficha caiu” quase morri de vergonha e de remorso… Mas eram quase 2 da manhã e elas precisavam voltar para a casa que não era perto. Claro que me redimi, fazendo um almoço bem brasileiro para elas no sábado, quando vieram entrevistar meu marido. Rs

Mas desse episódio inusitado, ficou uma ligação, algo como se já nos conhecêssemos a muito tempo. O que nos uniu dessa maneira? A paixão pela China.

Cada uma dentro da sua expectativa, eu com mais experiência de vida, mas cheia de entusiasmo pelos horizontes que a China me abriu depois dos 40 anos, e ela com sua empolgação de jovem, que esta se formando, cheia de sonhos, possibilidades e pertencente a uma geração em que as fronteiras dos países são simples desenhos num papel.

Depois que a Ana voltou ao Brasil, mantivemos alguns contatos por email e, no dia que ela ia defender seu TCC, me enviou uma mensagem dizendo que estava indo para a faculdade e o trabalho estava em anexo. Abri o arquivo, olhei o número de páginas, mais de 200… Definitivamente não daria para eu ler naquela hora, mas resolvi folhear o arquivo. Logo nas primeiras páginas levei um susto: meu nome constava, com todas as letras, nos agradecimentos. Entre tantas pessoas que as ajudaram, forneceram informações, ‘o que fiz eu para merecer essa menção?’ Pensei com meus botões…

E continuei virando as páginas. Não podendo ler nada, achei melhor ir ao índice para ter a ideia do todo da dissertação. E ai para meu espanto de verdade, dou de cara com o título do ultimo capitulo: “China na minha vida – dores e delicias no processo de adaptação cultural”. Claro que fui correndo até a página e a nota de rodapé explicava que o nome era uma alusão ao blog e o meu nome lá de novo. Juro que me emocionei.

Como pode isso? Não sei.

Mas são essas pequenas grandes coisas, que só a ‘China na minha vida’ pode explicar. E por isso minha paixão por esse pais só aumenta. Esse foi um caso, muito marcante, mas existem outros que fazem meus dias e de minha família aqui, serem diferentes, desafiadores, estimulantes e compensadores.

Os dias “bad China” existem sim, e temos a vontade de jogar tudo para o alto. Mas depois que passa a gente ri, como sempre digo. E vamos combinar, quem não passa por dias de querer sumir do planeta, independente do lugar que se está? Na China ou no Brasil, na escola ou na casa dos pais, todos temos os nossos “bad days”!

Ah, o TCC das meninas foi sucesso absoluto. Receberam o primeiro lugar e a bolsa de estudo para o mestrado na ESPM como prêmio. Eu, pessoalmente, fiquei muito orgulhosa e feliz de poder ter colaborado de alguma forma.

Agora é tocar para frente os nossos planos para o futuro. E muitas portas estão se abrindo para eles. E vejam onde fui parar por conta dessa historia:

Palestra na ESPM-SP, em 28 de maio de 2013.

Não me canso de agradecer pelas pessoas especiais que estão, como a China, na minha vida todos os dias! E agora lá vou eu ao Mato Grosso, falar um pouco mais sobre a China e seus mistérios… =]

Zai Jian!