Como já expliquei no artigo sobre nosso cruzeiro pelo Yangtzé, começamos a viagem desembarcando em Chongqing, num voo direto de Shanghai. Na realidade não tínhamos muito tempo na cidade por conta do horário do embarque no barco. Então a guia que nos pegou no aeroporto, fez um tour rápido pela cidade e paramos num complexo chamado Huguang Huiguan e de lá fomos para o cais.
Mesmo assim, acho que vale à pena falar um pouco da cidade, pois eu realmente me surpreendi com o pouco que vi!
O que sabemos pela mídia e ‘ouvir’ falar é que Chongqing é quente demais, poluída demais e grande demais. Sendo assim, os dois primeiros itens me desestimularam completamente de conhecer esse local. A poluição e o calor de Shanghai já são suficientes para essa pessoa que vos escreve!
Mas… (sempre tem um ‘mas’), para embarcar no barco precisava ir até lá. A agência que comprei o pacote, ainda perguntou se eu não queria chegar um dia antes e conhecer a cidade. Não quisemos, primeiro por conta do tempo livre do Mario, e segundo pelos motivos acima. Me arrependi… =P
No final, a guia nos disse que Chongqing é famosa na China como a ‘cidade quente’, pois suas principais características são os ‘Hot Pot’ (um prato típico por aqui, que literalmente significa ‘pote quente’), tempo quente e garotas quentes! Vai saber… Os dois primeiros eu garanto, o último deixo para quem conheceu opinar!
A cidade
Chongqing 重庆 é a principal cidade no sudoeste da China e uma das cinco cidades que são centros econômicos do país. Administrativamente, é um dos quatro municípios com administração direta (os outros três são Beijing, Shanghai e Tianjin).
O município independente foi criado em 14 de Março de 1997, sucedendo a administração da cidade sub-provincial, que fazia parte da província de Sichuan. A população de Chongqing a partir de 2015 é pouco mais de 30 milhões, com uma população urbana de mais de 18 milhões.
De acordo com o censo de 2010, Chongqing é o município chinês mais populoso, e também o maior município de administração direta na China, com um total de 21 distritos, 13 municípios e 4 distritos autônomos. Sim, Chongqing é maior que Shanghai e Beijing em população e área. E ainda não tem 20 anos de fundação, apesar de uma história milenar! Uma coisa de louco…
A cidade também foi um município da República da China, e serviu como sua capital durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), quando ainda pertencia a província de Sichuan.
Chongqing tem uma história e cultura significativa e serve como o centro econômico da bacia do Yangtzé. É um importante centro de produção e de transporte.
História
A tradição associa Chongqing com o Estado de Ba, supostamente estabelecida na região de Chongqing durante o período da Primavera e Outono, depois de se mudar de sua primeira capital Yicheng 夷 城, em Hubei (onde terminou nosso cruzeiro) sob a pressão de Chu. Esta nova capital foi nomeada primeiro Jiangzhou 江州. Em 316 aC, no entanto, o Estado de Ba foi conquistada pelo Estado de Qin.
Jiangzhou foi renomeado, durante a Dinastias do Norte e do Sul, para Prefeitura de Chu 楚州, então em 581 AD (Dinastia Sui) para Prefeitura de Yu 渝州, e mais tarde em 1102, para Prefeitura de Gong 恭 州. O nome Yu, no entanto, sobrevive até hoje como uma abreviação para Chongqing, e o centro, onde a cidade velha estava, também é chamado Yuzhong (Central Yu).
A cidade recebeu seu nome atual em 1189, depois que o príncipe Zhao Dun de Dinastia Song do Sul descreveu sua coroação como rei e, em seguida, a do Imperador de Guangzong como uma “dupla celebração” – 双重 喜庆 – xǐqìng shuāngchóng, ou Chongqing, para abreviar. Em sua homenagem, a Prefeitura de Yu foi renomeada Chongqing.
Em 1644, após a queda da dinastia Ming para o exército rebelde, Chongqing, juntamente com o resto de Sichuan, foi capturada por Zhang Xianzhong, que comandou um massacre e despovoaram a província. Os manchus mais tarde conquistaram a província, e durante a dinastia Qing, a imigração para Chongqing e Sichuan ocorreu com o apoio do Imperador Qing.
Em 1890, o Consulado Geral Britânico foi inaugurado em Chongqing. No ano seguinte, a cidade tornou-se o primeiro porto para comercio terrestre aberto aos estrangeiros. Depois, gradualmente, outros consulados foram se instalando na cidade.
Complexo Huguang Huiguan湖广会馆
Como disse acima, fizemos um rápido tour de carro e paramos no Complexo Huguang Huiguan 湖广会馆, que são casas construídas e usadas pelos migrantes e comerciantes de Hunan, Hubei e Guangdong no séculos 18 e 19 em Chongqing. Vários desses complexos foram construídos na região, que consistia de várias capelas, templos, teatros, pátios etc.
No final do período Ming e Qing, por conta de doenças e desastres naturais, a população de Sichuan diminuiu drasticamente. Medidas políticas e econômicas começaram um movimento de migração para Sichuan, conhecido na história da China como “Hu Guang tian Sichuan”, 湖广 填 四川 – repopulando Sichuan com novas pessoas vindas de Hunan, Hubei, Guangdong e Guangxi.
Como as estradas eram ruins na região montanhosa, o rio Yangtze foi o caminho de migração preferido. Chongqing, a cidade localizada rio Yangtze, por essa razão, foi o primeiro e mais importante ponto de contato para os migrantes. Em 1812, a população já era de mais de 2,3 milhões de habitantes, dos quais 85 por cento eram migrantes.
O bombardeio da cidade de Chongqing durante a invasão japonesa, incêndios, guerra civil e durante a “Revolução Cultural” levaram à deterioração gradual desses prédios. O ‘boom’ da construção civil na China após a década de 1980, também ameaçou o desaparecimento desse patrimônio.
O departamento responsável pela preservação do patrimônio cultural, em estreita cooperação com a Universidade de Chongqing, uma empresa italiana especializada na restauração de monumentos culturais, o Banco Mundial e o “Fundo Fiduciário Italiano de Cultura e Desenvolvimento Sustentável” trabalhou em conjunto para a restauração da ” Huguang Huiguan” e seus arredores, bem como para a sua utilização moderna e sustentável.
A caminho do porto
Saindo do complexo, já estávamos perto do pier. Como era feriado o carro não pôde entrar até o local que o barco estava atracado (e para nossa alegria era um dos últimos – ainda bem que a mala era pequena e leve!).
O lado bom disso, é que pudemos nos divertir venho uma feira local, típica de parques em feriados, que tentam atrair os turistas e as crianças com suas cores. Uma mistura de ofertas, cores, sabores e cheiros – pois é: haviam as barraquinhas de tofu grelhado, que me desculpem, mas não posso descrever com palavras o cheiro que exala isso. Só posso dizer que é muito ruim. Mas tudo bem, tampei o nariz e passei correndo. O restante que havia naquele cais, valia à pena o sacrifício. E as fotos falam mais do que as palavras nesse caso.
Os rios que se encontram
Chongqing é uma cidade banhada por dois rios: o Yangtzé e o Jialing, chamados pelos locais de rios de água verde (Jialing) e amarela (Yangtzé), e passamos pelo local onde elas se misturam. Muito bonito.
Também pegamos uma estação de maré baixa, o que tornou possível conhecer essa feira exótica e a alegria do povo aproveitando seu feriado.
Mas essa viagem ainda vai render mais boas histórias. Se vocês pararem para pensar, acabei de entrar no barco nesse ponto… e Chongqing nem era o foco do passeio!
Fique de olho nas próximas publicações.
Zài Jiàn!
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oi!
boa noite! hoje me atrasei, e te confesso que não li o post com calma!
adorei as fotos! a dos dois rios, lembra a junção do negro com o solimões e nasce nosso amazonas!
………….preciso te mandar um email, com calma, te contando algumas
coisas daqui!
beijo grande para vc e familia, e……………continue sempre assim, escrevendo…..
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Obrigada Edson.
Esperando notícias.
Beijo
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