Então… é assim que vejo minha relação com o Mandarim. Cada coisa que vejo, percebo que a relação entre a lógica entre o inglês, português e espanhol (que são as línguas que conheço) e o mandarim ficam mais e mais distantes.
O Mário quando estava em Chang Chun, tinha uma interprete que era assistente dele, o general manager lawoai, e do deput (ou vice) chinês, claro. Gente, veja bem: em Chang Chun, cidade CHINESA até o ultimo fio de cabelo, sem choro, pessoal do norte, gente mais rude por formação geográfica e de raça mesmo. Lá as temperaturas chegam aos inimagináveis -40°, -28° num inverno comum. E o chines do norte do pais é descendente dos mongóis, tem a pele mais escura, traços menos delicados, nariz mais largo. Então, voltando ao Mário e ao Mr. Zhu, quem vocês acham que mandava mesmo? No final, as decisões eram tomadas pelo Mario porque a empresa que ele trabalhava era majoritária na sociedade, mas com os funcionários e para eles, Mr Zhu era o ‘todo poderoso’. Sem duvida uma situação difícil, mas conhecem o ditado: ‘se você não pode com o inimigo, junte-se a ele’?Pois é. Tem horas aqui que essa é a única solução. E lá em especial. Mais de mil funcionários e 4 pessoas falavam inglês: um alemão, um mexicano e um brasileiro e… a chinesa interprete, além de 15 chineses que tentavam falar algo parecido com inglês. Uiiiii.
Mas tudo isso para chegar ao ponto, que toda vez que havia uma reunião o Mário ficava mais do que estressado, porque ele falava, falava, ai a chinesa falava em chinês para todos entenderem. Depois eles falavam, falavam, por minutos a fio, ai ela virava para o Mário e traduzia todo aquele discurso em menos de um minuto. Bom, ele subia pelas paredes, dizia que ela estava enganando ele, que a tradução dela não era imparcial como deveria, que ela não falava tudo etc etc etc. E lógico, que dentro da nossa lógica (eu ainda não havia captado a essência da coisa : a lógica deles não faz o menor sentido para nós e vice versa), eu também achava aquilo muito estranho.
Passaram-se quase 4 anos, e já havia notado, com meu parco conhecimento ‘mandarinico’ (ui, inventei mais uma), que eu falava uma frase simples para meu motorista e pedia para ele traduzir para a Ayi, e ele falava, falava. Ela respondia e ele falava de novo. Dali à pouco os dois olhavam para mim, riam, e mandavam um ensaiado ‘ok, ok’. Mas na semana passada fui ao Carrefour e estava tendo uma promoção, que eu não entendia o que era, mas sabia que era promoção pela quantidade e tipo de cartazes na loja. Quando passei no caixa, a moça me deu um cupom impresso após a minha nota, e que tinha umas 4 linhas de texto em mandarim. Olhei para aquilo, querendo achar um numero, uma referência para me situar, ai vejo um texto em inglês lá no final.
Bom está aí à foto para comprovar. Todas aquelas 4 linhas de caracteres indecifráveis, se resumiu-se em uma frase de 8 palavras em inglês. Ou seja, realmente quanto mais eu penso, menos eu entendo e mais complicado fica. E ninguém devia estar discutindo a relação e nem escondendo nada de ninguém (há controvérsias, mas isso é passado…rs).
Ah, a frase era mais ou menos assim: ‘Com um cupom e mais 1 remembie, pode pegar um item’. Claro que eu peguei meu item lá no balcão de troca: um jogo de 4 copos de vinho por 1 RMB? Como assim???
Zài Jiàn!