Pois é pessoal, deu para notar que ando sumida? Mas estamos na estação das despedidas aqui em Shanghai. E isso sempre me deixa muito chateada e meio triste. O pior que também fico feliz e empolgada, afinal na maioria dos casos as pessoas queridas estão indo para uma nova etapa, um novo desafio, e estão contentes por isso. E quem não fica contente de ver seu amigo feliz?
Só que ao mesmo tempo, elas também ficam tristes… é um sentimento tão complicado, vamos da euforia à melancolia num piscar de olhos, planejamos o futuro, de visitar, conhecer outros lugares, mas dai um minuto já achamos que nunca mais vamos conseguir nos encontrar. Então minha vida está assim: um turbilhão de emoções desencontradas. Entre os conhecidos, os amigos e aquelas pessoas que vão fazer uma baita diferença no seu dia a dia, já tenho 11 na lista de 2012. Uiiiiii… é muita gente!
欢送
Huānsòng
Despedida – Farewell
Por outro lado tem os que estão chegando agora, e o círculo se estende, agregamos outros valores, aprendemos, dividimos. E dos que foram, fica a saudade boa, daquela pessoa que teve um papel importante na nossa vida, que fez a diferença num lugar distante. Que fez as vezes da nossa família. E mantemos contato, claro… E ganhamos novos lugares para visitar, hoje tenho amigos espalhados pelo mundo. E ganhamos firmeza e determinação. Aprendemos, a duras penas, que não existe zona de conforto na vida de expatriado (e nem de quem gosta de desafios…). Estamos sempre às voltas com as chegadas e partidas como já escrevi há algum tempo, quando passei pela primeira vez por essa experiência da perda por aqui.
Claro que em alguns momentos, bate uma saudades daqueles papos, de dividir as dúvidas, aprender a confiar… ai coisa difícil, mas necessária. Outra lição que a China me deu: não podemos nos dar ao luxo de ter um ou dois amigos. Temos que ter muitos, em círculos diferentes, aprender a ver as qualidades de cada um e aproveitar os momentos, viver o que tem que se viver. O futuro aqui existe, mas sempre é uma grande interrogação, então não dá para esperar ‘quando eu voltar para o Brasil’ (porque muitos acabam mudando para outro lugar e não voltam), ‘quando eu tiver a minha casa’ (porque isso depende de tantas outras coisas e uma delas é voltar para o Brasil…rs) e assim vai. Então também aprendemos a viver o hoje, deixando o passado na memória e no coração, mas nunca como um entrave. E o futuro como uma perspectiva incerta, mas que existe. Só não sabemos direito como e quando. Dá para ser de outro jeito? Sinceramente, não.
E acho que isso é o grande obstáculo quando voltamos a vida ‘dita’ normal, ao nosso país, aos velhos amigos. A nossa vivência muda, a nossa urgência muda, nossos parâmetros de certo ou errado mudam, nossas certezas são colocadas em cheque por nós mesmos. É uma revolução dentro de nós, muito difícil de exprimir. E isso independente de ser China ou qualquer outro lugar do mundo (tudo bem que a China é um pouco pior, mais intenso…hehehe), mas conversando com pessoas que já vem morando fora há muito tempo a sensação é a mesma.
Mas, vamos tocando em frente. Por que a nossa vida continua e a das amigas que estão indo também, novas esperanças e perspectivas para todo mundo. E seguir aprendendo. E não pensem que esse momento de reflexão é porque estou down… estou triste sim, já chorei vendo fotos de algumas delas, já me vi pensando como será daqui para frente com aquele ‘buraco’ na minha rotina. Não tem como passar por isso ileso, mas também mais forte. Só que quem me conhece um pouco, sabe que filosofar é um dos meus hobbies preferidos… =] bem como algumas ausências no blog para reflexão… Coisas de Christine, mesmo na China!
E vamos lá, porque a China não para e quero colocar as novidades em dia para vocês!
Zài Jiàn!
“A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração.”
Charles Chaplin (mas bem que poderia ser de cada um que vive ou viveu aqui em Shanghai…)
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