Se existe um prato capaz de representar a sofisticação, a tradição e a história milenar da culinária chinesa, ele se chama Pato de Pequim (北京烤鸭, Běijīng kǎoyā), ou como muitos conhecem no Brasil: Pato Laqueado. Muito mais do que uma simples refeição, essa iguaria é um verdadeiro ritual cultural — e, claro, uma explosão de sabores.
Já escrevi sobre a minha primeira experiência com esse prato tão especial para a cultura chinesa (confere aqui), mas neste artigo, compartilho curiosidades e fatos encantadores sobre esse prato que, por séculos, foi servido nas mesas imperiais e hoje encanta paladares ao redor do mundo.
Uma receita digna de imperadores
O Pato de Pequim surgiu nas cozinhas da corte chinesa durante a Dinastia Yuan (século XIII), mas foi na Dinastia Ming (século XV) que o prato ganhou fama e prestígio como símbolo da culinária imperial. A primeira documentação da técnica aparece em 1330, em um antigo manual dietético da corte.
Um preparo que exige tempo e maestria
O processo de preparação é complexo e começa muito antes do pato ir ao forno. Após ser limpo, ele passa por um método tradicional em que o ar é injetado entre a pele e a carne — técnica que garante a pele fina, dourada e ultra crocante, marca registrada do prato.
Todo o preparo leva mais de 24 horas, incluindo a secagem ao ar livre e o tempero com ingredientes secretos que variam de restaurante para restaurante.

Não é só pato — é experiência
O Pato de Pequim costuma ser servido em três etapas:
- Pele crocante e carne fatiada, acompanhadas de panquequinhas finas, molho hoisin, pepino e cebolinha;
- Carne restante preparada de outras formas, como salteada ou em pratos complementares;
- Sopa leve feita com os ossos, geralmente servida ao final da refeição.
Um corte milimétrico e cerimonial
Parte do encanto está na apresentação: um chef treinado fatia o pato à frente dos convidados, criando até 120 lâminas uniformes. Esse momento é quase um espetáculo, e faz parte da tradição em restaurantes especializados.
Pato criado sob medida
O pato utilizado é da raça específica chamada “Pato Branco de Pequim”, criado em fazendas com alimentação especial por 65 dias, para garantir sabor e textura ideais.
Diplomacia à mesa
O Pato de Pequim é um embaixador da cultura chinesa. Líderes como Richard Nixon, Barack Obama e Vladimir Putin já o experimentaram durante visitas oficiais à China. É comum que jantares diplomáticos incluam esse prato no menu como símbolo de hospitalidade e sofisticação.
Um restaurante que virou lenda
Em Pequim, o restaurante Quanjude (全聚德) é referência no preparo dessa iguaria desde 1864. Com um histórico impressionante de milhões de patos assados, o Quanjude tornou-se sinônimo de tradição e qualidade — um verdadeiro ícone da gastronomia chinesa.
Claro que hoje há outros restauranntes que preparam o Pato de Pequim com maestria e é comum fornecerem certificado de autencidade do pato, com um documento numerado e carimbado (lembrem-se que o carimbo na China tem a força de uma assinatura) ao cliente.
Muito além do sabor
Na cultura chinesa, o pato simboliza prosperidade, fidelidade e união familiar. Por isso, o Pato de Pequim costuma estar presente em jantares festivos, casamentos e ocasiões especiais.
Finalizando…
Mais do que um prato típico, o Pato de Pequim é um mergulho na história, na elegância e na sensibilidade da cultura chinesa. Se você tiver a oportunidade de prová-lo em sua forma autêntica — especialmente em um restaurante tradicional de Beijing — não hesite. É uma experiência que vai muito além do paladar.
E eu que achava que nunca ia comer pato, e o que dirá gostar, tive que me render aos sabores e a experiência dessa iguaria. Mais uma vez, a China me fez rever meus conceitos…rs.
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E me conte: você já provou o verdadeiro Pato de Pequim? Ou ficou com vontade de experimentar? 😋
Zái Jián!
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Adorei saber, muito obrigada. Suas histórias são sempre muito interessantes!Paula CarvalhaesEnviado do meu iPhone
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