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Peace Hotel: O Palco Secreto de Shanghai

Para mim, um dos locais mais icônicos da velha Shanghai é, sem sombra de dúvidas, o Peace Hotel. E nesse meu retorno à China, decidi ir conhecer um pouco mais a fundo, até porque havia terminado de ler um livro onde um dos principais cenários era esse hotel. E assim, divido com vocês um pouco dessa história de glamour e caos, pois sim, nesse local aconteceram muitos dias de glórias e de lágrimas.

Vem comigo…

Imagine-se voltando no tempo, mergulhando nas ruas movimentadas de Shanghai dos anos 1920. Uma cidade em ebulição, onde o Oriente encontrava o Ocidente em um turbilhão de culturas, comércio e criatividade. E no coração dessa fervilhante metrópole, erguia-se majestoso o Peace Hotel, que na época era conhecido como Cathay Hotel.

O ano era 1929, e o Cathay Hotel despontava como um ícone da modernidade em Shanghai. Suas torres erguiam-se orgulhosas, desafiando o céu com uma mistura de estilos arquitetônicos que refletiam a fusão cultural única da cidade. Do Art Deco ao tradicional chinês, o Cathay era uma ode à diversidade, um monumento à visão audaciosa de seus criadores.

Mas por trás da fachada imponente, o Cathay Hotel era muito mais do que simplesmente um lugar para descansar a cabeça. Era um epicentro de intrigas, encontros secretos e histórias extraordinárias. Seus salões eram palcos onde espiões se encontravam sob o disfarce de homens de negócios, onde artistas encontravam inspiração nas conversas sussurradas à meia luz e onde os sonhos mais ambiciosos encontravam solo fértil para florescer.

No entanto, a história do Cathay Hotel não foi sempre de glória. Com o passar dos anos, viu-se envolvido em conflitos e mudanças políticas que sacudiram a própria essência de Shanghai. Durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se um refúgio para aqueles que buscavam escapar das sombras do conflito, enquanto seus corredores ecoavam com os sussurros da resistência contra a ocupação japonesa.

Mas mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da esperança brilhava no Cathay Hotel. Após a guerra, renasceu como Peace Hotel, um símbolo de resiliência e renovação em uma Shanghai em reconstrução. Seus salões voltaram a encher-se com risadas e música, seus quartos testemunharam alegrias e lágrimas, e sua presença imponente continuou a inspirar gerações.

Hoje, o Peace Hotel, administrado pela rede Fairmont, permanece como uma testemunha silenciosa do passado glorioso de Shanghai. Seus elegantes salões continuam a atrair viajantes e curiosos de todo o mundo, seduzindo-os com promessas de romance, aventura e mistério. E enquanto as ruas da cidade continuam a evoluir e se transformar, o Peace Hotel permanece como uma âncora, uma lembrança viva de uma era dourada há muito perdida, mas nunca esquecida.

Um pouco da história

Ah, senta que lá vem história! Imagine um cara cheio de energia e coragem, meio Indiana Jones, meio James Bond, e jogue um pouco de Robin Hood na mistura. Esse era Victor Sassoon, o fundador por trás do épico Peace Hotel em Shanghai.

Sassoon, um judeu britânico com mais charme do que uma festa em Hollywood, não era apenas um empresário de sucesso, mas também um verdadeiro herói para seu povo. Durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto o mundo estava pegando fogo, Sassoon abriu suas portas para os refugiados judeus que fugiam do Holocausto. Ele os acolheu em Shanghai, dando-lhes abrigo, esperança e uma nova chance na vida. Até que chegou um momento, com a invasão japonesa, e o grande numero de refugiados que buscavam Shanghai como um lugar de esperança e recomeço, ele pouco pode fazer.

Mas como Saaoon chegou a Shanghai? Bem, ele não pegou um avião comum, não senhor. Ele navegou pelos mares tumultuados da vida, enfrentando desafios e aventuras pelo caminho. Victor Sassoon era um viajante intrépido, sempre em busca de novas oportunidades e horizontes mais amplos. E quando ele chegou a Shanghai, viu mais do que apenas uma cidade; viu um mundo de possibilidades.

Foi assim que nasceu o Peace Hotel, um verdadeiro monumento à visão e determinação de Sassoon. Com sua mistura única de arquitetura ocidental e influências chinesas, o hotel se tornou um ícone da elegância e sofisticação em Shanghai. Seus salões eram palcos de intrigas, seus quartos testemunhas de amores proibidos e seus corredores ecoavam com histórias de aventura e ousadia.

E assim, o Peace Hotel se tornou muito mais do que apenas um lugar para se hospedar. Era um símbolo de esperança, um farol de luz em meio às trevas da guerra e da opressão. E tudo isso graças a um homem destemido chamado Victor Sassoon, cujo legado continua a brilhar até os dias de hoje.

Hoje existe um pequeno museu dentro do hotel, onde estão expostas peças originais desde sua fundação.

Algumas curiosidades

Ah, mas o Peace Hotel é um tesouro de curiosidades e segredos! E aqui listo algumas delas.

  • Durante a Segunda Guerra Mundial, o hotel abrigou uma rádio clandestina que transmitia mensagens codificadas para os Aliados. Sob o disfarce de apresentações musicais ao vivo, os operadores da rádio enviavam informações vitais sobre os movimentos das forças inimigas, ajudando a coordenar esforços de resistência.
  • Outra história fascinante: nos anos de ouro do Catay, ele era conhecido por sua clientela eclética, que incluía desde celebridades de Hollywood até líderes políticos e magnatas do mundo dos negócios. Dizem que as festas extravagantes realizadas em suas suítes eram lendárias, com champanhe fluindo livremente e jazz animando as noites até o amanhecer.
  • Quanto à arquitetura, o Catay Hotel era uma verdadeira maravilha de engenharia para a época. Com seus 12 andares de altura, era um dos prédios mais altos de Shanghai na década de 1920, e suas torres ornamentadas e detalhes intricados ainda impressionam os visitantes até hoje. Além disso, sua localização estratégica ao longo do Bund proporcionava vistas deslumbrantes do rio Huangpu e da linha do horizonte da cidade.
  • E não podemos esquecer das lendas urbanas que cercam o hotel. Dizem que os corredores estão assombrados por fantasmas de amantes desafortunados e espiões que perderam suas vidas em intrigas sombrias. Embora nada tenha sido comprovado, a atmosfera misteriosa do Peace Hotel certamente alimenta a imaginação dos mais supersticiosos.
  • Várias celebridades do mundo já se hospedaram em suas suites, como Charles Chaplin, Marlene Dietrich, Muhammad Ali, Steven Spilberg, Bill Clinton, Barack Obama, Henry Kissinger, José Sarney, entre outros políticos e personalidades tanto do ocidente como do oriente.
  • Até hoje estão preservadas e em funcionamento as “Suites das Nove Nações”, decoradas com o estilo único de cada país, que são: Suite Indiana, Suite Inglesa, Suite Francesa, Suite Alemã, Suite Espanhola, Suite Italiana, Suite Americana, Suite Japonesa e, claro, a Suite Chinesa. Elas possuem, cada uma, 178 m2, e ocupam a frente do edifício voltada para o Bund, nos andares 5, 6 e 7.

Então, da próxima vez que você passear pelas ruas de Shanghai e avistar as torres imponentes do Peace Hotel, lembre-se de que por trás de sua fachada elegante, há um mundo de histórias fascinantes e segredos ocultos, esperando para serem descobertos.

Zài Jián!

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