Palestras e Assessoria intercultural

O mundo mudou (de novo)

Há exatamente 2 anos e 45 dias, começamos a viver uma nova era em que fomos obrigados a nos olhar e perceber o quanto somos vulneráveis.

Em 23/01/2020, teve inicio na China o primeiro (de muitos) “lockdown”, na cidade de Hunnan e depois pelo mundo. Naquele momento, me lembro bem, tudo parecia tão fora de sentido, tão surreal, que levamos algum tempo para perceber o que realmente estava acontecendo a nossa volta.

No ocidente houve um “delay”, até o vírus chegar na Itália um mês depois e nos mostrar que o mundo não tem mais fronteiras.

Entre um torpor de realidade e outro, onde sabíamos que era verdade, mas mesmo assim custamos a acreditar, fomos reavaliando nossa vida, nossas prioridades, nossa agenda (para que mesmo agenda? Era a pergunta que todos se faziam), o que realmente importava.

Nesse turbilhão de emoções, acabei escrevendo vários textos reflexivos sobre tudo que estava vendo e sentindo e eis que hoje, me lembrei deles e fui reler alguns.

A sensação na época é que vivíamos uma guerra sem arma, sem destruição material, sem bombas ou explosões. Tínhamos um inimigo oculto e ao mesmo tempo presente em cada passo que dávamos.

Muito falamos, escrevemos, filosofamos, choramos e nos apegamos a fé e a esperança que tudo ia passar.

E a frase que gritava em cada manchete de jornal, em cada bate papo entre amigos ou nas entrevistas pelas lives que se tornaram nossa nova companhia, afirmávamos:

O mundo mudou.

Ao final, está passando… após polêmicas, manifestações, vacinas e enfraquecimento do vírus, estávamos quase respirando aliviados e certos de que teríamos a vida de volta dentro desse novo cenário mundial.

Nas a humanidade não aprende

E assim, quando tudo parecia estar se acomodando, no dia 24/02/2022, se inicia uma guerra, que não sabemos ainda onde vai nos levar.

Hoje faz exatamente 15 dias que uma guerra começou e, dessa vez, com muitas armas, tiros, explosões, tanques e destruição material, além de vidas. Uma guerra onde o inimigo é conhecido, onde se mata para conquistar mais um metro quadrado de território, onde o que predomina é o ego, a cobiça, a ilusão do poder e a insanidade humana.

Diferente dos dois anos de luta contra um vírus, um oponente desconhecido e invisível, hoje o mundo vê, perplexo, uma batalha assassina e que não há vacina que a possa parar. Por mais que se queira, não conseguimos nos proteger lavando as mãos e usando máscaras, não podemos ficar em casa e nos sentir um pouco mais longe do perigo por que, dessa vez, o inimigo tem uma arma que a medicina não poderá acabar, que as pesquisas não tem como dar um basta.

E por mais que você possa estar pensando: “eu estou muito longe, ela não me atingirá”, não tenha tanta certeza. Essa guerra poderá ter proporções jamais imaginadas, ou melhor, jamais acreditadas que poderiam se concretizar e, da mesma forma que a pandemia, vai alcançar todos os cantos do planeta.

Mais uma vez temos que ter fé e acreditar que isso também vai passar, mas não sabemos quando e nem como. Estou realmente me sentindo impotente e confusa como em janeiro de 2020 e constatando que nada poderá mudar enquanto o ser humano não mudar.

O mundo não é mais o mesmo de 15 dias atrás, infelizmente.

E, de todo jeito, parece que poucos perceberam que chegamos aqui sem nada e vamos embora um dia, sem nada. Que matar deliberadamente é crime e que todo esse poder que se pensa ter, não dará aos responsáveis por essa guerra insana mais do que alguns momentos de prazer masoquista.

Como alguém pode se sentir poderoso ou satisfeito tirando idosos e crianças do conforto de suas casas, os colocando na rua com a roupa do corpo sem saber para onde ir, separando famílias, destruindo igrejas, templos, escolas e hospitais. Fazendo o mundo inteiro se desestruturar num momento em que já está fragilizado pelos acontecimentos dos últimos anos.

Não sei, não sei… esse texto não é para concluir nada e nem pautar nenhuma teoria. É simplesmente um desabafo de quem está com o peito apertado, com o sentimento que não precisávamos estar passando por isso. É para dividir o inconformismo que sinto em ver a historia se repetindo com um louco e seus seguidores achando que tem mais poderes que Deus, que o Universo, que está acima de tudo e de todos.

Esse texto foi para refletir e chorar. Para olhar para trás e pensar. Para mais uma vez ponderar o que realmente importa. Para deixar registrado aqui, esse tempo maluco em que vivemos.

Reflexões de 2020

E se você não leu ou quer recordar as minhas reflexões da época da pandemia, que garanto continuam valendo para essa nova ordem mundial, seguem os links:

Nada será como antes

Reflexões de uma época de crise

Eu li em algum lugar na época que começou a pandemia, que na história, os anos 20 sempre foram anos difíceis em muitos séculos. Pode ser que haja alguma explicação para isso. Vai saber.

Obrigada por estar aqui refletindo comigo. Acredito que você também deve estar atônito e inconformado com essa guerra, mas temos que acreditar que isso vai passar.

Espero poder voltar daqui algumas semanas com reflexões de esperança e alegria, com noticias de paz e mais compreensão entre os homens. Com textos que nos deem um conforto como esse:

A vida que começa agora

Preciso escrever mais uma vez: Para esse mundo não trouxemos nada e desse mundo não levaremos nada. Simples assim. E isso não foi inspiração minha. Uma frase semelhante está na bíblia e é a única certeza que temos nessa passagem por esse planeta.

E nada justifica uma guerra.

Seguimos… com fé e juntos!

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5 pensamentos sobre “O mundo mudou (de novo)

  1. Maravilhoso desabafo Chris, penso igual, inacreditável, inaceitável e desumano… quando começamos a nos erguer de dois anos difíceis, com perdas e restrições vem a guerra , trazendo mais uma vez um mix de sentimento: impotência e fragilidade perante ao ego e o desejo de um homem pelo poder.
    Lamentável 😞…

    Enviado do meu iPhone

    Curtido por 1 pessoa

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