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Guan Yin – a Deusa chinesa da misercódia e compaixão

Essa semana, num grupo que temos aqui em Shanghai de estudos do Evangelho, o tema foi o Natal, claro. Nessa época do ano, seja qual for a sua religião, sua crença, não tem jeito… a gente para refletir um pouco, fazer um balanço, pensar no ano que está terminando.

E, vamos combinar, que 2016 não foi um ano muito fácil. Nem com o olhar global, do todo, nem na vida pessoal. Para mim foi um ano de muitas perdas. Pessoas que conhecia, que estavam ali, no dia a dia, se foram. Minha cachorra também, de uma forma repentina e assustadora. O cenário mundial não foi dos melhores e no nosso Brasil então, nem quero falar, pois esse não é o objetivo dessa postagem.

Voltando à nossa reunião, dentre muitas coisas que foram faladas à respeito dessa data, não poderíamos deixar o tema compaixão de lado. Com tantos atentados, violência, com o mundo parecendo estar implondindo, o que pensar? E nesse momento, a Marieta (super querida que me ajudou com as informações que vou escrever abaixo), nos falou um pouco sobre Guan Yin, e como ela é vista pelos chineses.

Já escrevi no blog que a China não tem religião oficial, mas tem vários grupos religiosos sim, inclusive cristãos, sendo a maioria da população budista. E em algum momento, pelas próprias características dessa deusa, ela pode ser identificada como Nossa Senhora. Na realidade isso é só uma identificação por semelhança nas atribuições dadas a elas.

E onde chegamos com essa reflexão, é que, independente da religião, os simbolismos existem e no final, todos os seres desse planeta buscam a harmonia, o amor, o perdão, a explicação para nossa vida, o consolo para nossas dores e provas. Ser católico, evangélico, espírita, budista, a religião que for, é só uma denominação. Acredito que todos estamos em busca do bem, da misericórdia e compaixão entre os homens.

Por isso, decidi escrever sobre essa deusa, com um simbolismo tão lindo, que nos passa amor e esperança. Afinal, é disso que todos precisamos para seguir nossa vida.

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Mas vamos falar sobre Guan Yin.

A lenda

Kuan Yin, Guan Yin ou Guānyīn (觀音) é considerada pelos chineses como a deusa da misericórdia. Eles acreditam que ela era originalmente do sexo masculino até a primeira parte do século XII e evoluiu desde aquela época de seu protótipo, Avalokiteshvara, “o senhor misericordioso da iluminação total”, um bodhisattva indiano que escolheu permanecer na terra para trazer alívio para o sofrimento.

Uma das várias histórias em torno de Guan Yin é que era uma budista que, através de grande amor e sacrifício durante a vida, tinha ganhado o direito de entrar no nirvana após a morte. No entanto, como Avlokiteshvara, enquanto estava diante das portas do Paraíso, ela ouviu um grito de angústia da terra abaixo. Voltando à Terra, renunciou a sua recompensa de bem-aventurança eterna, mas em seu lugar encontrou imortalidade nos corações do sofrimento.

Na China, ela tem muitos nomes e também é conhecida como “grande misericórdia, grande piedade, salvação da miséria, salvação da aflição, auto-existente, mil braços e mil olhos” etc. Além disso, ela é muitas vezes referida como a Deusa dos O Mar do Sul – ou Arquipélago Indiano. E tem sido comparada com a Virgem Maria nas Filipinas, país muito influenciado pelo catolicismo espanhol, onde passou a ganhar aspectos de Madona, embora sejam entidades completamente diferentes. Maria, a Mãe de Jesus, não é a mesma entidade que representa Quan Yin. Em sua forma feminina, Kuan Yin está associada às características femininas da maternidade e proteção, mas na China e em vários países asiáticos de influência chinesa ela está ligada há séculos, e de modo bastante forte, à misericórdia e ao perdão.

Também encontramos a explicação que ‘Quan Yin’ é uma forma abreviada de um nome que significa ‘aquele que vê e ouve o clamor do mundo humano’. E seu nome para o chinês significa: “Ela que sempre observa ou presta atenção aos sons”, que podemos entender como:  ela que ouve orações.

Sua popularidade cresceu através dos séculos, e agora é também considerada como a protetora dos marítimos, agricultores e viajantes. Ela cuida de almas no submundo e é invocada durante os rituais pós-enterro para libertar a alma do falecido dos tormentos do purgatório.

Há templos em toda a China dedicados a esta deusa, e ela é adorada por mulheres chinesas. Há um costume em algumas regiões do sul da China que quando uma família tem uma filha casada há mais de um ano  e ainda não deu à luz um filho do sexo masculino (a forte tradição chinesa), lhe é enviado um presente composto de: uma lanterna de papel com uma imagem da Deusa da Misericórdia, Quan Yin, com uma criança em seus braços, e a inscrição, “Que Quan Yin te apresente um filho”, ostras em uma vasilha de barro, bolos de arroz, laranjas e alho,  pedindo a deusa, filhos, riqueza e proteção.

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Seu principal templo fica na ilha de Putuoshan, no arquipélago de Chusan, na costa de Zhejiang, perto de Ningbo (não muito longe de Shanghai). É um importante local de peregrinação sagrado para os budistas, sendo a adoração de Quan Yin o seu traço mais proeminente devido ao fato dela ter residido lá por nove anos, reinando como a Rainha dos Mares do Sul. Miao Feng Shan (Monte do Pico Maravilhoso) atrai um grande número de peregrinos, que usam chocalhos e fogos de artifício para enfatizar suas orações e atrair sua atenção.

Nenhuma outra figura nos templos chineses, aparece com tanta variedade de imagens, das quais se diz que existem milhares de diferentes encarnações ou manifestações. Mas uma das imagens mais comuns de Quan Yin é de uma mulher descalça e graciosa vestida de belas e brancas vestes flutuantes, com um capuz branco na cabeça e carregando um pequeno vaso de orvalho sagrado.

Onde saber mais

Como disse, a Marieta me ajudou nessa pesquisa, e encontramos muitas fontes e explicações. Tentei fazer um resumo, mas acho que vale à pena para quem se interessar buscar essas referências: Kuan Yin.

No site Anjo de Luz, uma das citações que me encantou foi essa:

“Esta Deusa enquanto viveu, percorreu o mundo, viu muita dor e então, jurou proteger e amparar todos os humanos até que o último sofrimento acabe. A MESTRA KUAN YIN TORNOU-SE A INCORPORAÇÃO DA COMPAIXÃO. Ela nos diz que se você cantar seu mantra diariamente, cultivará a compaixão que curará o mundo das mais dolorosas feridas.”

O que queremos para o mundo

Você já parou para pensar nisso? O que podemos fazer para o mundo?

E não falo de nada grandioso, espetacular. Falo dentro da nossa própria casa, do nosso eu. Quantas vezes fazemos coisas por todos que nos rodeiam e deixamos de ter a compaixão por nós mesmos. Deixamos de nos ouvir, afogamos nossos pensamentos, pois achamos que é egoísmo.

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‘Eu te lembro que você brilha com a pureza de mil sóis.’ Kuan Yin

Só que, o que entendo, é que quando trabalhamos para nossa melhora, nos sentimos mais fortes, confiantes, seguros e, em consequência, espalhamos essa energia ao que nos cerca. E, sim, isso também é fazer o bem, também é compaixão, amor e caridade.

Que seu Natal seja de luz e amor.

E seus planos para 2017 sejam de olhar com amor e compaixão para você mesmo, espalhando o que você tem de melhor pelo mundo!

E para quem gosta, segue aqui o link do mantra da Compaixão de Guan Yin, em mandarim.

Zái Jiàn!

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4 pensamentos sobre “Guan Yin – a Deusa chinesa da misercódia e compaixão

  1. Pingback: Templo Baolin em Changzhou - China na minha vida

  2. Que lindo mantra! “Na Mo Guan Shi Yin Pusa”. Procurei o significado no Google e encontrei “Eu me refugio na luz de Kuan Yin” ou “Eu chamo por Kuan Yin, aquela que vê e ouve o sofrimento do mundo”, é isso mesmo?
    Obrigada pelas lindas palavras! Feliz 2017!!

    Curtir

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