Dentre as tantas coisas que me impressionam aqui na China, uma delas é a importância dada aos detalhes. Desde um palito de dentes, até uma caixa aonde vem acondicionado o pratinho que custa 10 remembies, tudo é repleto de beleza e cuidados que acabam valorizando aquele objeto tão simples.
Muitas vezes as pessoas acabam nem ligando para o que há dentro das caixas, pois elas já são uma obra de arte, um presente. Sou um pouco suspeita para falar, porque adoro caixas. E sinceramente tento aproveitar todas que ganho (o que nem sempre acontece com o que veio dentro dela).
O que me intriga é que isso está na caixa de objetos de louça e jade, de roupas e acessórios, mas também nas embalagens do supermercado. Aqui compramos azeite em caixas tão lindas e seguras, que acho que nem cristais no Brasil vêm tão bem acondicionados.
E nas casas, telhados, portas. Entalhes na madeira, no concreto. Talvez pela própria escrita ser tão cheia de linhas e detalhes, onde um mero tracinho faz toda a diferença e muda o significado completamente, eles cultuam as pequenas coisas. No final sabemos que essas pequenas coisas, juntas fazem a diferença.
E os móveis em miniatura? Estantes, cadeiras, mesas e baús. Todos entalhados e perfeitos como se fossem os de verdade. Aí tem a porcelana, as pequenas esculturas em Jade, madeira ou pedra. Os bordados e as peças em seda.
E no completo contraponto desse universo de delicadeza e significados, tudo é uma bagunça, desordenado e muitas vezes sujo demais para nossos padrões. E isso vai desde as casas até o trânsito. Ninguém se entende, falam tão alto que parecem estar sempre brigando, discutindo (mas muitas vezes estão brincando ou somente batendo um papo…), as buzinas não param, o respeito nas filas e para entrar e sair de um recinto, seja o elevador ou o metro, não existem. É o caos, Praça da Sé no horário de rush, é a milésima parte desse todo.
Só que as coisas caminham juntas por aqui, a sutileza e o caos. Se é verdade que os opostos se atraem, quem fez essa teoria deve ter conhecido a China. Como diz a letra de uma música (em inglês – Ebony and Ivory) muito conhecida, o ébano e o marfim convivendo juntos em perfeita harmonia, lado a lado no teclado do meu piano… (entenda-se: harmonia dentro dos padrões chineses).
Realmente esse é um povo e uma cultura muito complexos de se entender, por mais que se queira. Vez ou outra me vejo num limbo, sem saber para que lado correr. E acabamos por desenvolver uma relação de amor e ódio por esse lugar. Mas sempre acabo achando uma explicação para me convencer que tudo sempre vai mudar para melhor, nem que seja por algumas horas. J
Afinal, sempre ouvi dizer que ‘depois da tempestade vem a bonança’ ou ‘do caos vem a ordem’… será que é isso? E já que A China é a civilização mais antiga do mundo, todos os ditos populares foram baseados na experiência de vida chinesa? É, taí uma coisa para se pensar…
Zái Jián!
Oi, Christine!
Estou indo pra China para intercâmbio e ouço tanto falar da sujeira de lá que morro de medo de uma coisa: insetos. Tenho pavor a baratas. Você tem alguma experiência nesse sentido? Vou ficar em Xinzheng, numa universidade internacional.
Muitíssimo obrigada!
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Olá Dany.
No verão é mais comum, mas no inverno, nem elas gostam de sair da toca…rs
Na realidade não vejo mais baratas aqui do que via no Brasil. Mas vivo em Shanghai.
Abraço.
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