Os hospitais chineses são um capítulo à parte na nossa vida na china. Primeiro, por que o numero de estrangeiros que frequenta os hospitais chineses de verdade ainda é muito pequeno e poucos conhecem as peculiaridades que ocorrem naqueles corredores. Geralmente vamos a hospitais internacionais, que aqui em Shanghai havia somente 2 quando chegamos. Agora além de ter uma variedade um pouco maior, alguns hospitais chineses com boa estrutura estão criando ‘alas’ de atendimento aos estrangeiros, com um layout muito mais ocidentalizado e pessoal administrativo e de enfermagem que pelo menos tentam falar inglês. Os médicos que atendem em todos esses lugares, na esmagadora maioria são estrangeiros ou chineses que estudaram fora. Mas para mim, hospital internacional com boa estrutura mesmo, só tem um.
Além disso, esses hospitais para estrangeiros não possuem todos os equipamentos que precisamos. Então, mesmo se você vai ao melhor deles, mas precisa de um exame mais sofisticado, tem que ir fazer em algum dos hospitais locais que mantém convênio com os internacionais. E posso dizer uma coisa: a primeira impressão de um hospital chinês é terrível! Sujeira, bagunça, gente por todo o lado, um corre-corre maluco… Mas em matéria de equipamentos, não há o que reclamar.
Outro dia fomos levar uma amiga que torceu o pé para fazer um exame num desses hospitais chineses, que possuem a ala VIP (rs). Claro que o hospital é gigantesco. Acho que eram 6 ou 8 prédios. E fomos ao local que ela foi na emergência. Quando chegamos lá, a moça nos explicou que naquele andar era somente para emergências e que agora ela não era mais uma emergência, então tínhamos que ir ao prédio 6. Estávamos no 1 e a Cida de muletas, sem poder encostar o pé no chão. Meu Deus… só para conseguir um lugar no elevador, já era uma maratona, mas fazer o que? Dentro do elevador tinha um funcionário do hospital com uma cadeira de rodas vazia e ficou nos olhando. Quando saímos, ele foi atrás da Cida para ela sentar na cadeira (ele quebrou o maior galho, porque o caminho seria longo). A Cida fala mandarim, mas tudo aconteceu mais na mímica e na intuição que qualquer outra coisa. Eu não sei se o senhorzinho tinha algum compromisso, se o serviço dele era andar de prédio em prédio atrás de gente de muletas, só sei que depois que passamos pela porta ele saiu numa disparada com aquela cadeira velha e a Cida sentada nela, que literalmente tivemos que sair correndo atrás do chinês ou perderíamos a amiga no meio daquele labirinto.
Agora imaginem a cena: o chinês correndo com uma ocidental loira de olhos azuis na cadeira e duas ocidentais correndo atrás, sendo que uma (eu mesma) com um tamanco de salto imenso (já quase não uso salto aqui, mas naquele escolhi a dedo) e as duas muletas da primeira na mão e mais atrás a terceira dizendo que não podíamos perder a Cida, e não sei qual de nós duas ainda estava com a bolsa dela. Olha, eu não reparei, mas por muito menos eles param na rua para nos olhar, imaginem a platéia que se formou.
Resumindo, chegamos ao andar do prédio 6 (o chinês só nos largou na porta da ala vip). A recepcionista nos informou que a enfermeira iria nos levar para fazer o exame em um terceiro prédio, que descobrimos ser o tal que não atendia emergência, ou seja, voltamos ao primeiro. Mas dessa vez veio um chinês muito distinto, uniformizado e limpo (porque uniformizado o primeiro também estava) e colocou a Cida numa cadeira de rodas novinha, estofada, confiável… E lá fomos nós voltando tudo aquilo, mas pelo menos deixamos as muletas com ela. O chinês era meio rápido também, mas nem chegava aos pés do primeiro. Tipo Rubinho e Senna, dá para imaginar?
Na sala do exame não podíamos entrar, então sentamos na sala de espera. Conversa vai, conversa vem, olho para a cadeira parada ao lado da porta e falo: Cátia a cadeira de rodas está presa com cadeado ou estou vendo coisas? Constatamos que era verdade. Claro que fotografei. Mas a questão é que nesse país é tanta gente, mas tanta, que deixar uma cadeira de rodas dando sopa na porta da sala de exames, mesmo com as duas muletas encostadas nela é um risco muito grande. O paciente corre o risco de ter que voltar a pé!
Não lembro mais em que ponto dessa saga, estávamos no elevador LOTADO e paramos num andar onde o enfermeiro queria, por que queria enfiar uma maca com o doente em cima dela dentro do elevador. Foi uma gritaria, um empurra-empurra, até que conseguimos fechar a porta sem a maca. Mas isso já cansei de ver: o paciente saindo da sala de cirurgia, tomando o mesmo elevador que está indo o carrinho de comida e o motoboy com entrega para o almoxarifado.
Esse post já está enorme… mas ainda tem mais coisa para contar
Míngtian you gèng duo de…
Amanhã tem mais…
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk..Sou boa em imaginar cenas hilárias…. então estou rindo muito…kkkk..Vc com seu salto correu o risto de ser a próxima paciente…kkkk
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É verdade Izabel… quando escrevi o texto, juro que eu chorava de rir lembrando dos detalhes e visualizando tudo o que aconteceu… porque na hora, é só adrenalina, né? A gente não pensa muito! hahaha
Abraço e obrigada!
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Como eu rí…quero saber mais dessa história.
Minhã experiência com hospital chinês se limita a examens de rotina das crianças para levar para escola mediante “mimica” kkkkkk, e acupuntura num hospital cheio de pacientes olhando para mim, rsrsrs.
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essa foi uma das mais hilárias que passei. Mas tem outras pois trabalho como voluntária na Baobei Foundation e no inicio ia muito aos hospitais onde os bebes ficavam internados. Coisa de doido…rs
Beijo
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