Em julho de 2005, começou a minha aventura em descobrir a inusitada China. Eu imaginava que seria a única vez que iria para esse país, afinal o contrato do Mário ia só até dezembro daquele ano. Realmente nossa vida é uma caixa de surpresas.
Chegamos a Beijing (Pequim no ocidente). Meu Deus… O que era aquilo! Naquela época, faltando 3 anos para as Olimpíadas, Beijing era um canteiro de obras. Nunca vi tantos guindastes juntos, depois fiquei sabendo que a China é o país que possui o maior número de guindastes em operação no mundo! Realmente era verdade, estava vendo com meus próprios olhos.
Fora isso a quantidade de gente, de bicicletas, de carros… Tudo aqui é sempre muito, sempre grande, sempre ostensivo, sempre exagerado. Imaginei um lugar feio, sujo, sem estrutura (o que depois vi que realmente acontece nos locais fora do alcance dos olhos do estrangeiro/turista). Ledo engano. A começar pelo aeroporto, algo indescritível, com esteiras rolantes para se locomover de tão grande (e nessa época a obra estava inacabada!). Fomos visitar os templos, a Cidade Proibida (Forbiden City) e a Muralha da China (Great Wall), o Palácio de Verão (Summer Palace). A arquitetura de uma grandeza absurda, de uma beleza impossível de descrever com palavras. Os detalhes das construções, das pinturas, dos objetos. Apesar desses locais estarem bastante abandonados e desgastados pelo tempo. E, como sabemos, a falta de interesse do governo em preservar os monumentos na época da Revolução Cultural estava refletida nesses prédios. E os mercados de compras… Imaginem uma 25 de março ampliada, multiplicada por 1000. Uma loucura… Mas esses detalhes conto depois.
Mas nem tudo era da mesma forma
Depois de 3 dias em Beijing chegamos à Chang Chun. Foi nessa hora que as fichas caíram: estou na China. O aeroporto contrastando terrivelmente com o da capital, me lembrava uma rodoviária velha do sertão da Bahia. Algo assim bem catastrófico mesmo. Me senti numa cena daquele filme da Fernanda Montenegro, Central do Brasil. Hoje esse aeroporto foi desativado e existe um lindo, super moderno e acho que até grande demais pelo tamanho da cidade. Descobri também que Chang Chun é uma cidade de contrastes a olhos nus. Diferente de Beijing e de Shanghai, onde vivo hoje.
Para finalizar essa introdução, voltei ao Brasil sozinha e continuei muitas vezes indo e vindo nessa ponte-aérea maluca entre Brasil e China. Isso durou até dezembro de 2008. Nesse tempo fiz 7 viagens à China. Teve um ano que fui e voltei 3 vezes. Meu corpo já não sabia mais se acordava ou dormia, pois com o fuso de 11 horas, embaralha tudo mesmo. E a cada 6 meses vivíamos a expectativa do fica ou vai… E foi ficando, ficando… Posso dizer que o Mário já está plenamente adaptado e temos até a impressão que seu olho está meio puxado.
Em setembro de 2008, depois de sabermos que seu contrato não seria prorrogado de novo em dezembro, ele recebeu a proposta de mudar para Shanghai com um contrato de 3 anos. Me ligou, contou e foi categórico: chega dessa brincadeira, só fico se você vier de vez. Também estava cansada. No começo era divertido, novidade, uma situação inusitada. Mas já estava no limite, alguma mudança teria que ocorrer.
De outubro a dezembro minha vida virou de pernas para o ar, decidir sobre mudança, emprego, filhos, escola, o que fazer com a casa, os móveis, assinaturas de revista, contas….TUDO!!!
E finalmente dia 9 de janeiro de 2009, estávamos colocando os pés em Shanghai, para ficar.
Achei interessante situar como toda essa história da “China em minha vida” começou e agora posso contar um pouco das coisas que vi, vivi e aprendi nesse País pelo qual aprendi a gostar e respeitar, com toda a sua diversidade.
Saudades do Brasil? Muitas… Principalmente da família, dos amigos, das pessoas queridas. Mas agradeço a Deus pela oportunidade única de estar vivendo essa experiência, de estar conhecendo meus limites, aprendendo todo o dia. Sempre falo que se alguém não aprender a lidar com a ansiedade e a paciência jamais conseguirá viver aqui. É um exercício diário.
Se quer saber direitinho como tudo começou, não deixe de ler os dois primeiros artigos do blog:
Porque decidi escrever.
Como tudo começou.
Zai Jiàn!
Maravilhoso!
A sensação de quem visita à China pela primeira vez é exatamente a q vc descreveu.
Primeiro o espanto… pura grandiosidade, tudo mega; depois… nas pequenas coisas, vamos percebendo a cultura e as tradições.
Em meio a tudo isso, mais de um bilhão de pessoas te empurrando… mas vale a pena cada minuto.
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Oi Jully,
Sim, vale muito a pena.
Adoro viver aqui. E meu conceito de multidão mudou completamente! rs
Abraço.
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Você tá sendo uma luva para mim … obrigada por fazer esse blog
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Xié xie! =]
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Cara, que inveja boa tudo isso que estou lendo.
Vou ficando cada vez mais esperançoso de encontrar ótimos textos e curiosidades aqui xD
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