Cenas da China real/China/Curiosidades/Dicas de Shanghai/Palestras e Assessoria intercultural/Viagens/viver na China

A volta, depois de tudo…

Desde o dia que comecei a comentar com as pessoas que iria voltar a China (em especial aos amigos que viveram e aos que ainda vivem por lá), a frase que mais ouvi foi: depois conta qual a sua impressão desse retorno pós pandemia.

A pergunta me acompanhou pelos 15 dias que passei na China e, além dos conhecidos, muitas pessoas que me acompanham, também tinham essa curiosidade, por motivos diferentes, claro.

Shanghai foi uma das cidades que teve as limitações mais radicais de todo o período em que as fronteiras da China ficaram fechadas. Quem está aqui há algum tempo deve lembrar desse desabafo que fiz depois que tudo passou. E nele eu dizia que não sabia se um dia voltaria.

Pois voltei, me emocionei, chorei, sorri, andei mais de 150km em 12 dias (já estou pensando em ir a Santiago de Compostela, rs), voltei em cada cantinho da cidade que tinha significado, revi meus amigos queridos e foi como se nunca tivesse saído de lá, tamanha a minha sensação de pertencimento àquele lugar.

Sabe aquela história (meus leitores me perdoem, mas as leitoras vão entender) que a dor de parto é imensa, mas depois a gente esquece e só tem olhos para o bebê que temos nos braços? Foi mais ou menos isso o que aconteceu.

Percebi que meu amor por esse país é “real. oficial” (rs), mas também percebi que estar lá como residente não faz mais sentido. E isso foi muito bom, afinal sai da China no meio de um turbilhão, com sentimentos ambiguos e algumas mágoas pendentes.

Essa volta me proporcionou clareza dos meus sentimentos, me deu mais ânimo para continuar o trabalho de assessoria cultural e de negócios com as pessoas que querem e precisam entender esse país e um gás para voltar a escrever aqui. Então, valeu cada minuto do tempo que passei por lá.

Afinal, o que mudou?

Bem, como posso explicar isso: nada mudou, mas tudo está diferente.

Quem acompanhou minhas aventuras quase ao vivo no instagram, já sabe disso, porque sempre falei desse sentimento estranho que estava sentindo andando pelas ruas da cidade. Quem não viu e tem alguma curiosidade, a viagem China 2024 está salva nos destaques (vários, por sinal).

Uma das coisas que mais me chamou atenção foi o baixo número de estrangeiros pelas ruas e nos transportes públicos. Passei dias sem encontrar com um “laowai” no metro da cidade mais importante da China. Isso foi impressionante, apesar de saber que estão chegando muitos estrangeiros, mas grande parte indo para cidades menores, fora da bolha que Shanghai havia se tornado.

Muitas lojas e lugares que eram destinados a turistas, fechados, algumas redes de restaurantes também. Até o Carrefour fechou, gente! O lugar que mais me impactou nesse ponto, foi o Pearl Market em Honqiao. Bem triste de ver.

As ruas continuam lindas e limpas, mas as pessoas olham a todos com desconfiança. Os serviços em inglês cada vez com menos opcões e os locais agora, mesmo no meio da bolha internacional da cidade, são focados no público chinês e o estrangeiro, se quiser, que se adapte. Não acho errado, afinal, a casa é deles, mas sou do tempo em que havia “tapete vermelho” para estrangeiro passar (ok, isso já faz muito tempo mesmo, rs). Numa cidade como Shanghai, sempre houve um espaço bem definido para essa bolha, que não existe mais.

Conversando com amigos que ainda vivem lá e passaram por todos os perrengues nada chics dos últimos 3 anos, todos tem essa mesma sensação. É dificil explicar o que mudou, mas tudo está diferente.

Coisas da China, que só quem já viveu lá conseguirá entender. E isso não é ser elitista ou dizer que os estrangeiros residentes sabem mais que os outros, mas a China não se conhece de fato numa viagem de turismo de algumas semanas. O que acontece com os viajantes é o encantamento, porque esse país nos tira o fôlego e nos faz querer voltar, mas a dinâmica de viver na China é bem mais complexa do que isso. Se encaixa perfeitamente na famosa hashtag #entendedoresentenderão.

No final, gente é isso…

Não consigo colocar em palavras as impressões que trago comigo dessa volta a China. E são muitas e, por vezes, contraditórias.

Mas, a certeza que tenho é que continua sendo um destino de sonho, um lugar que todos que puderem deveriam conhecer e, em especial, que ninguém vai a China e sai ileso (uma das minhas três frases clássicas, rs).

E, claro, voltarei em breve, porque ainda tem muito lugar que eu quero conhecer.

Vou encerrar esse texto com a frase que uso para ecerrar o workshop sobre cultura e negócios:

Não se desespere:
A China tem mistérios suficientes para os próximos 1000 anos.

Então me aguardem, porque ano que vem estarei por lá de novo!

Zái Jián!

2 pensamentos sobre “A volta, depois de tudo…

  1. Deve ser interessante os sentimentos pous antes eras residente e agora foi a turismo. O bom é que a china encanta há mais de 5 mil anos e encantará outros tantos milênios. E que bom que tu estás aqui mostrando que amar o diferente é encantador.

    Curtir

Deixe uma resposta