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Livro: ‘Sobre a China’, por Henry Kissinger

Minha última leitura sobre a China foi o livro de Kissinger, diplomata americano, que foi Secretário de Estado no governo de Nixon, quando o mesmo fez sua visita à China. Na realidade, Kissinger esteve por trás de toda a confusa teia diplomática para realizar esse encontro histórico, que marcou uma nova fase nas relações sino-americanas.

Eu já havia comprado esse livro há algum tempo e nunca tinha aberto sequer. Mas isso faz parte da minha relação com os livros. Gosto de tê-los, vou à estante, olho, fico contente de poder estar ao alcance das mãos. Mas para ler, tem seu momento. De repente, lembro do livro e ele se torna meu objetivo urgente. Aí devoro…rs

Com o ‘Sobre a China’ foi mais ou menos assim. O fato foi que li a trilogia de Ken Follet, ‘O Século’ (que super recomendo por sinal – ele escreve de uma maneira intensa e com uma capacidade ímpar de mostrar os principais fatos do século 20). O último livro, ‘Eternidade por um fio’, é sobre a Guerra Fria, e em muitos trechos cita a visita de Nixon à China, mas superficialmente. Foi a deixa para eu lembrar do livro na estante e ir atrás dele!

Capa do livro 'Sobre a China'.

Capa do livro ‘Sobre a China’.

E foi uma grata surpresa. O livro tem uma linguagem acessível e, apesar de algumas criticas afirmarem que ele foi muito condescendente com a China, o que me encantou foi que antes de iniciar os relatos atuais, da relação entre China e EUA na guerra fria, Kissinger explicou toda a história da China, de uma forma resumida, mas brilhante.

Na resenha da contracapa há um trecho com que me identifico muito:

“Nenhum país tem uma ligação maior com o passado … do que a China. Por isso qualquer tentativa de entender seu futuro papel no mundo deve se começar com a apreciação de sua longa história. Durante séculos, a China raramente encontrava outras sociedades com tamanho e sofisticações comparáveis; ela era o ‘Império do Meio’ e tratava as regiões periféricas como Estados vassalos.”

E sobre essa questão da China ter a certeza de que é o centro do mundo, ele explica muito bem, de forma clara e objetiva. Mais do que Estados vassalos, os estrangeiros eram considerados e denominados ‘bárbaros’ e que o Imperador era realmente um representante dos céus com todos os poderes sobre a Terra!

Apesar da linguagem ser simples, não é um livro super fácil de ler, pois não é romanceado. É um livro de história, com capítulos mais intensos, outros mais complicados. Mas realmente uma visão ímpar dessa fase da história do mundo tão presente no nosso dia a dia.

Entender a China, como é o pensamento do chinês, requer estudo, perspicácia e um pouco de abandono das nossas lógicas ocidentais. Não há outro jeito. O ‘timing’ é outro, a realidade deles é outra, e muito diferente da maioria dos povos, extremamente relacionada com a história milenar, que por mais que o progresso avance a passos gigantescos, ela não é esquecida. As táticas de governo, de negociação e de relacionamento de hoje ainda seguem as regras de 5 mil anos atrás. Isso é fato.

Nem mesmo Mao Zhedong, abandonou os ensinamentos de Confúcio e dos demais filósofos chineses que traçaram estratégias de guerra no passado.

Foto das páginas internas do livro.

Foto das páginas internas do livro.

É um livro que recomendo para quem quer entender essa história e como se deu a abertura da China.

Encontrei um website onde pode baixar o livro em PDF, é só clicar aqui.

Algumas críticas que achei interessantes:

‘Grande parte do que trato aqui é um olhar sobre um olhar de outrem. Aqui trago o meu olhar sobre o olhar de Kissinger com relação à história diplomática da China-EUA. Concluo resumidamente em apenas dois pontos. Primeiro, o governo chinês não poderia ter tido melhor presente que este livro. Um discurso tão positivo realizado por uma figura externa e de autoridade, um diplomata americano, e, ao mesmo tempo, interna devido à sua proximidade com a história. Segundo, Henry Kissinger nunca deixou de ser diplomata. Na verdade, nunca exerceu a profissão tão bem quanto agora, já que, segundo o próprio Kissinger, “o equilíbrio de poder inibe a capacidade de derrubar a ordem internacional”.’ Parte da crítica de Raíssa Vitório Pereira, em Mundorama.

 ‘Sobre a China acaba sendo assim uma feliz combinação de livro de memórias, ensaio histórico e análise sociológica e de geopolítica. O currículo do autor confere uma autoridade sobre o que ele fala muitas vezes ausente em textos teóricos sobre o “Império do Meio”. As transcrições de conversas de Kissinger com Mao, Zhou Enlai, Deng Xiaoping e outros líderes, por exemplo, mostram como são complexos os bastidores da diplomacia internacional.’ Parte da crítica de Luciano Trigo, em Máquina de Escrever – G1

E você, já leu esse livro? Tem algum comentário? Deixe aqui para a gente!

Zài Jián.

5 pensamentos sobre “Livro: ‘Sobre a China’, por Henry Kissinger

  1. Prezada Christine Marote,

    Bom dia!

    Aqui sao 6h43 do dia 31-08-2015. Portanto, um bom dia pela metade para voce, pois ai sao 17h43. Enfim, admiro sua experiencia obtida com sua vivencia na china, seus blogs, suas historias. Sou PhD em engenharia elétrica, e apreciaria muito verificar junto a voce uma maneira de dialogar sobre a lingua Mandarim para ser ensinada no Brasil, digo contar com sua ajuda para saber sobre universidades que eu pudesse manter um relacionamento de parceria para receber professores para ensinar, e enviar alunos para aprenderem na china tambem.

    Obrigado,

    prof. Nunes

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  2. Pingback: Livro: ‘Sobre a China’, por Henry Kissinger | drudenicola

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