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O que trazer na mala do Brasil para a China

Em 16 anos vivendo do outro lado do mundo, com certeza já carreguei muitos quilos de coisas (a maioria comida) nas viagens entre Brasil e China. Em especial nos primeiros 10 anos (2004 a 2014), onde a China era muito diferente do que é hoje e as opções de consumo para estrangeiros era muito restrita.

Como todos sabem, 10 anos chineses são quase 50 no resto do mundo! Pode parecer exagero, mas garanto que uma pessoa que conheceu a China em 2008, ano da Olimpíadas de Beijing, hoje vai se espantar com o que vê pelas cidades e vilas.

Sendo assim, as opções de consumo também mudaram e para melhor. Quem me segue a muito tempo, já ouviu eu contar que na época de Chang Chun eu levava até desodorante e fio dental. Uma realidade completamente diferente dos dias atuais. 

Alguns podem dizer: mas desodorante é caríssimo na China. Sim, é. Um Rexona ou Nivea aerosol, por exemplo, podem chegar a custar R$ 40,00 (hoje 1 real compra 1,17 renmembies), mas tem. Esse é o ponto. 

Lembrando que há 16 anos, numa viagem Brasil/China, qualquer pessoa poderia carregar duas malas de 32kgr, independente da classe. Hoje estamos com uma realidade completamente diferente, com restrição de peso e uma mala extra também pode custar uma fortuna, o que não justifica pagar mais barato o desodorante no Brasil e gastar a diferença com taxas de aeroporto. 

Foto por Dids em Pexels.com

A real necessidade

Quando faço as consultorias, uma das perguntas frequentes é: o que preciso levar comigo que não tem na China? Hoje em dia tem quase tudo, em especial no TaoBao, o site de compras online mais querido dos estrangeiros, mas… 

Nesse caso, quando se está mudando e, em especial, se tem criança ou alguma necessidade específica, o assunto é outro. Sempre recomendo trazer o básico necessário em remédios e alguma comida para sobreviver por algumas semanas até encontrar os produtos similares e ir substituindo dentro da rotina. 

Sabemos que crianças pequenas nem sempre aceitam novos sabores e, quase sempre os produtos na China, mesmo de marca internacional, tem um sabor adaptado ao mercado local. O Leite Ninho é um exemplo disso: muito menos doce do que o que temos no Brasil.

Para medicamentos, seguimos a mesma lógica. Eu tenho dores na lombar de vez em quando e somente o remédio XYZ resolve meu problema. Então traga, até porque o psicológico pode te sabotar se não tiver o remédio. Com o tempo, busque soluções locais para isso, experimente medicamentos que não te façam ficar dependente do Brasil. E lá no final vou te contar porque.

Mas afinal, o que trazer?

Alimentos

Sinceramente, hoje dou risada de mim mesmo e ainda sinto um pouco de vergonha da minha falta de adaptação. O sal e o açúcar trazia porque na China eles não são tão refinados como no Brasil. Meu Deus… um exagero mesmo.

Na época das malas gordas (=P) eu cheguei a trazer 5 malas de 32kgr de coisas do Brasil. A maioria doces, bolachas, chocolates. Sal e açúcar também fizeram parte dessa loucura de compras de viagem. 

A única coisa que não desapeguei de trazer, apesar de ser em quantidades muito menores, já que meus adolescentes viraram adultos, era feijão, goiabada mineira e, tendo espaço, tapioca e batata palha extrafina e mais alguma coisa com sabor especial do Brasil.

Não, nada é necessário, mas as vezes, quando bate a saudade, ter uma paçoquinha no armário, faz toda a diferença!

Remédios

Trazia o meu de uso continuo da tireoide e um para dor e inflamação que gostava de ter para uma emergência, já que muitos remédios em Shanghai precisam de receita medica. Mesmo isso, diminui muito a quantidade, pois já joguei muito remédio fora, por ter trazido demais e não usado (ainda bem), mas isso era a mesma coisa que jogar dinheiro no lixo.

Miscelâneas

Outra coisa que gosto de comprar no Brasil são roupas e calçados. Claro que tem na China, mas roupas brasileiras são muito bonitas e até minhas amigas estrangeiras reconheciam quando eu estava com uma roupa de lá. Os sapatos, além da beleza, são muito mais baratos (os de couro).

Havaianas outro item que não pode faltar, inclusive as amigas estrangeiras faziam altas encomendas, já que esse chinelo é caro em qualquer parte do mundo.

Foto por Karolina Grabowska em Pexels.com

Efeito Pandemia

Então… ai chegou esse tal COVID e nos deu um tapa com luvas usadas na construção civil (rs). Sem dó nem piedade.

Não podemos ir ao Brasil e ninguém pode entrar na China (sim, porque sempre que sabíamos que havia alguém vindo, rolava uma encomenda básica), e os estoques foram baixando, até acabar. 

E aí descobri que o feijão chinês é bem bom, que o meu remédio da tireoide pode ser o chinês que tem exatamente a mesma composição do que trazia de caixa do Brasil, e muita coisa pode ser substituída, feita em casa e além de tudo ter um outro sabor.

Precisamos mesmo de tudo isso?

Há uns 3 anos venho num processo crescente de minimalismo, de diminuição de consumo e já havia diminuído muito o que trazia comigo do Brasil. Entre trazer 10 quilos de feijão para um ano (o sal e açúcar já havia me curado faz tempo), preferia trazer uma bota diferente ou algumas peças de roupa. 

Claro que sempre sobra espaço para alguma guloseima, mas não era mais a louca do supermercado para colocar na mala e carregar aquele monte de peso pelo mundo afora. 

A Pandemia nos mostrou que não precisamos disso tudo. Sobrevivemos, e muito bem, sem paçoca e goiabada.

E o maior aprendizado que a vida de expatriado nos dá é que se queremos ganhar o mundo, definitivamente, não podemos querer carregar o Brasil na mala. 

A saudade aperta, é muito bom ter uma comidinha com sabor de casa de vó, mas isso não pode ser condição pata sermos felizes pelo mundo.

Os produtos são caros, mas aprendi que temos que viver com a realidade da moeda local, já que nossa vida gira em torno disso.

E no final, é até mais gostoso quando chegamos ao Brasil, ir atrás daquele sabor que nos aperta o coração e nos enche de felicidade quando degustamos.

Hoje na China, a comunidade brasileira é muito grande. Temos cozinheiros de mão cheia, que fazem e vendem desde bolos até coxinha. Em Shanghai, Beijing, Shengzhen  há vários restaurantes brasileiros. A carne consumida na China, em grande parte, vem do Brasil: churrasco garantido. 

Então é levar o que seu coração pedir (e que caiba na mala), consciente que a sua escolha foi sair do Brasil e viver pelo mundo!

Segue um vídeo com o resumo desse texto, mas já aviso que o texto está mais completo! 😀

Zái Jiàn!

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9 pensamentos sobre “O que trazer na mala do Brasil para a China

    • Olá Fabiano,
      Sempre levei meus remédios para tireoide, sem problemas, mas depois percebi que lá há os mesmos medicamentos e evita esse leva e trás. Se vc for viver , leve o suficiente para 3 meses, até conseguir encontrar o medicamento similar. Se for a turismo, não há problema em levar o seu consumo. Se algum for controlado, sugiro levar a prescrição medica em ingles.
      ABraço.
      Christine

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  1. Oi Christine, na China você conseguia comprar o remédio da tireoide sem receita? Estou indo pra lá em setembro e também tenho hipotireoidismo e fiquei com essa dúvida. Obrigada.

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    • Olá Ana,
      Nunca comprei sem receita, porque pegava no hospital internacional, já que meu seguro saúde cobria o custo de medicação.
      Mas acredito que venda sim.
      Eu tomava o genérico lá e me dei muito bem.
      Abraço.

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  2. Cris, bom dia! Espero que esteja tudo bem com você e família. Sabe que conheci seu blog/site/portal para a China em 2016, quando fiz minha primeira viagem à China e me apaixonei por esse lugar tão encantador. Depois disso, voltei muitas vezes à China e Shanghai se transformou na minha cidade favorita no mundo…eu não sei nem explica como um lugar com uma cultura tão diferente pode passar essa gigante sensação de acolhimento…AMO SHANGHAI !!! Nesse meio tempo, sempre acompanhando seu blog e tive a chance de passar pelo lançamento do seu livro na Realejo do querido Tahan. Em 2019, na minha última viagem à terra do Dragão, tive o problema de paralisia facial e você gentilmente me ajudou pelo wechat com a recomendação de um hospital em Qingdao. Felizmente também tive o suporte do pessoal que estava organizando o evento no qual participava, caso contrário não teria conseguido me comunicar com as máquinas de auto-atendimento do hospital e nem teria conseguido comprar os medicamentos….Mas…. como foi maravilhoso poder saber que você estava por ali, uma voz brasileira…rs…então, mais uma vez, muito obrigada!! Agora em 2021, trancada em casa, os seus emails são uma janela continuamente aberta ao mundo! Amo demais receber seus posts sobre a China, que retratam de uma forma muito especial essa terra que tanto adoro. Que seu caminho continue sempre muito iluminado e que você continue essa linda missão de levar a China para a lusofonia…aproximando pessoas e ampliando a tolerância e aceitação de culturas!!! Um enorme abraço! 再见 Niedja

    Enviado do meu iPhone

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    • Niedja,
      Muito obrigada pelo seu comentário… isso me deixa tão feliz, se fiz a diferença para uma pessoa, tudo ja2 valeu a pena! Vc fez meu dia!
      e agora, estou no time de contar as horas para poder voltar a China. rs
      Abraço

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