Blog/China/Compras/Cultura Chinesa/Curiosidades/Palestras e Assessoria intercultural/viver na China

Cloisonné: A Arte Tradicional Chinesa que Encanta

Em meio às muitas expressões artísticas que floresceram na China ao longo dos séculos, há uma em especial que encanta pela delicadeza, pela técnica minuciosa e pelo brilho quase etéreo de suas cores: o cloisonné, ou Jingtailan (景泰蓝), como é conhecido em chinês.

Uma arte com alma imperial

Embora a origem dessa técnica remonte ao Oriente Médio, foi na China da dinastia Ming, mais precisamente durante o reinado do imperador Jingtai (século XV), que ela ganhou seu auge artístico e passou a ser considerada um verdadeiro tesouro nacional. Não por acaso, o nome chinês da técnica – 景泰蓝 – faz referência direta a esse período, onde o tom azul profundo característico tornou-se símbolo de sofisticação e realeza.

Como nasce um cloisonné

O processo é tão belo quanto complexo, e cada peça pode levar semanas – ou até meses – para ser concluída. Tudo começa com um corpo de cobre ou bronze, moldado no formato desejado: vasos, pratos, incensários, caixas.

A seguir, finíssimos fios metálicos (geralmente de cobre ou latão) são habilmente curvados à mão para criar arabescos, flores, nuvens ou dragões. Esses fios formam pequenos compartimentos — os famosos “cloisons” — que serão preenchidos com esmalte colorido, formado por um pó de pedras moídas (geralmente óxidos minerais) misturado com um líquido vitrificável. As cores são determinadas pelas pedras.

Após essa primeira fase, a peça é levada ao forno em alta temperatura. O calor funde o pó colorido e dá início à mágica. Mas ainda não acaba: são necessárias várias camadas e queimas sucessivas para alcançar a intensidade ideal das cores. O toque final é o polimento, que revela o brilho vítreo do esmalte e os contornos dourados dos fios metálicos.

Mais do que beleza, um símbolo de identidade

Muito mais do que uma técnica decorativa, o cloisonné é a representação da paciência, da precisão e do apreço chinês pelo detalhe. É arte que exige tempo. É tradição que resiste ao tempo.

Ao admirar um vaso de cloisonné, não vemos apenas cores e formas — vemos a herança de uma civilização que sempre soube transformar matéria bruta em delicadeza. E isso, por si só, é poesia.

Esses são meus vasos de Cloisonné, que fazem parte dos tesouros que trouxe da China!

Curiosidades

  • O “azul Jingtai” (um tom profundo de azul cobalto) era tão comum e amado que acabou virando sinônimo da técnica em si na China.
  • Jingtailan é considerado um dos maiores símbolos da arte decorativa tradicional chinesa, especialmente de Beijing.

Me conta aqui: já conhecia essa técnica e a arte que envolve essas peças?

Escrevi esse artigo depois de publicar esse video no instagram e ver a repercussão, a curiosidade e o quanto todos se apaixonaram pelo processo. Confere aqui:

Zái Jián!

Deixe uma resposta