Mesmo sem ser especialista, somente uma observadora, já escrevi muito sobre a moda chinesa, a liberdade de se usar o que se quer, a mistura entre o tradicional e o contemporâneo, mas achei interessante trazer uma “linha do tempo”, ou melhor, as tendências que marcaram a evolução do famoso “chinese style” que todo mundo ama por aqui!
A evolução da moda na China reflete a sua história e cultura. Desde as vestimentas luxuosas das dinastias imperiais, passando pela simplificação da era socialista, até a vibrante e diversificada moda contemporânea, a moda chinesa continua a ser uma expressão poderosa da identidade cultural do país.
À medida que a China se posiciona como um líder global na moda, o equilíbrio entre o respeito às tradições e a busca pela inovação continua a definir a trajetória da moda chinesa.
E não vamos falar sobre os trajes típicos de cada etnia, pois isso é assunto para muitos textos (rs) e vou deixar no final alguns links que já escrevi sobre isso, para quem tiver curiosidade.
Antiguidade e Dinastias Imperiais
Durante as dinastias antigas, como a Han (206 a.C. – 220 d.C.) e a Tang (618 – 907 d.C.), a moda era um símbolo de status e posição social. As vestimentas eram caracterizadas por tecidos luxuosos como a seda, bordados detalhados e cores vibrantes.
O hanfu era a roupa tradicional das antigas elites chinesas, especialmente durante a dinastia Han. Com mangas largas e longas, era feito de seda luxuosa e muitas vezes adornado com bordados detalhados. As cores e os estilos das vestimentas eram rigorosamente regulamentados, refletindo a hierarquia social.
Hoje em dia, o hanfu está voltando à moda entre os jovens chineses que querem celebrar suas raízes culturais.
Dinastia Qing e o Surgimento do Qipao
Com a ascensão da dinastia Qing (1644 – 1912), a moda sofreu uma transformação significativa. A vestimenta tradicional dos manchus, conhecidos como changpao, influenciou o desenvolvimento do qipao (também conhecido como cheongsam). Originalmente, o qipao era uma roupa larga e modesta, mas na década de 1920, em Shanghai, ele ganhou o visual moderno, justo e elegante que conhecemos. Esse novo estilo tornou-se um símbolo de sofisticação e é muito popular até hoje, especialmente em eventos festivos.
A Revolução Cultural e a Simplificação da Moda
Durante a Revolução Cultural (1966 – 1976), a moda chinesa passou por um período de uniformização e simplicidade. As roupas tradicionais foram rejeitadas em favor de vestimentas utilitárias, como os uniformes de Mao (Mao Tse Tung).
Essa mudança refletia o discurso socialista da época, onde a igualdade e a ausência de ostentação eram valorizadas. Eram práticos, iguais para homens e mulheres, e simbolizavam igualdade, compostos por jaquetas e calças simples, geralmente em tons de azul, cinza ou verde.
A Abertura e a Influência Ocidental
Com as reformas econômicas e a abertura da China ao mundo a partir dos anos 1980, a moda chinesa começou a absorver influências ocidentais, e a população urbana adotou estilos de vestimenta mais modernos e internacionais.
Jeans e camisetas se tornaram populares, e as pessoas começaram a experimentar estilos mais diversos, deixando para trás os uniformes padronizados. Marcas ocidentais começaram a entrar no mercado chinês, e as revistas de moda influenciaram as tendências locais.
Moda Contemporânea: Tradição e Inovação
No século XXI, a moda chinesa está em constante evolução, combinando tradição e inovação. Designers chineses ganharam reconhecimento internacional, trazendo elementos da cultura e da estética chinesa para as passarelas globais. A China também se tornou um dos maiores mercados de moda do mundo, com um público consumidor ávido por novidades e estilos variados.
Nos últimos anos, vários designers chineses ganharam reconhecimento internacional. Nomes como Guo Pei, famosa por seus vestidos luxuosos e intricados, colocaram a moda chinesa no mapa global.
Peças tradicionais como o qipao continuam a ser populares, muitas vezes reinterpretadas em estilos modernos. Tecidos tradicionais, como a seda, e técnicas como bordados complexos são frequentemente incorporados em designs contemporâneos. Além disso, há um crescente interesse pela moda sustentável, com designers chineses explorando materiais ecológicos e práticas éticas.
Algumas curiosidades
– Na moda chinesa tradicional, assim como em praticamente toda a cultura, as cores têm significados especiais. Por exemplo, o vermelho simboliza sorte e felicidade, e é uma escolha popular para casamentos. Já o branco, ao contrário do ocidente, é a cor do luto e dos funerais.
– Os Jogos Olímpicos de Beijing em 2008 colocaram a moda chinesa no centro das atenções internacionais. Designers chineses criaram uniformes e trajes de cerimônia que mostravam ao mundo a beleza e a sofisticação da moda tradicional e moderna chinesa.
– Nos últimos anos, muitos designers chineses têm combinado técnicas tradicionais com moda sustentável. Isso inclui o uso de tecidos ecológicos e a revitalização de métodos antigos, como tingimento natural e bordados artesanais, mostrando que tradição e inovação podem andar de mãos dadas.
– Durante festivais, como o Ano Novo Chinês, muitas pessoas ainda vestem roupas tradicionais. O qipao para mulheres e o changshan para homens são escolhas populares, mostrando que a moda antiga ainda tem um lugar especial nos corações dos chineses.
– As grandes cidades chinesas, como Beijing e Shanghai, são agora conhecidas por suas vibrantes cenas de street fashion. Os jovens chineses misturam estilos ocidentais e orientais, criando looks únicos e expressivos que muitas vezes acabam virando tendência global.
Nos links abaixo, pode ver mais artigos interessantes sobre a moda chinesa:
Considerações sobre a moda chinesa
Zái Jián!
China na minha vida 