Desde o inicio da nossa viagem a Yunnan, percebi que ali o que não faltaria era inspiração para escrever. E dito e feito: além de todas as informações sobre turismo e a beleza peculiar dessa região, acabei por descobrir pequenos tesouros durante nossas andanças.
O Thangka foi uma dessas descobertas. Estávamos andando sem compromisso, após alguma atividade programada e nos deparamos com esse portão.
Na realidade, se não fosse minha amiga, talvez nem tivesse entrado, pois eu não conhecia essa pintura pelo nome dela. Já havia apreciado várias em templos que visitei, mas somente como mais uma expressão artística chinesa.
Ao entrar nesse local, nos deparamos com a escola e galeria, alguns alunos fazendo demonstração do seu trabalho e várias obras expostas para venda. Atrás dessa ‘loja’, pudemos visitar uma exposição guiada onde nos foi dada algumas explicações básicas sobre essa técnica tão interessante e mística.
O que é Thangka
Thangka é uma pintura budista tibetana em algodão ou seda, geralmente retratando uma divindade, cena ou mandala budista. Os Thangkas são tradicionalmente mantidos sem moldura e enrolados. Para serem exibidos, são montados em um suporte, ao estilo das pinturas chinesas de rolagem, com uma capa de seda adicional na frente.
A maioria das obras são relativamente pequenas, mas algumas são extremamente grandes e são projetadas para serem exibidas, tipicamente por períodos muito breves em uma parede do mosteiro/templo, como parte de festivais religiosos.
A maioria das obras são destinadas a meditação pessoal ou instrução de estudantes monásticos. Eles muitas vezes têm composições elaboradas, incluindo muitas figuras pequenas. O esquema da obra é quase sempre uma deidade central, cercada por outras figuras identificadas em uma composição simétrica. As cenas narrativas são menos comuns, mas aparecem.
O que mais me espantou foi apreciar os detalhes tão pequenos, mas tão pequenos, que o professor que nos guiava andava com uma lupa, e assim fiz essas fotos de alguns detalhes das roupas dos Budas.
Ao olhar de longe, não se tem ideia da quantidade de traços e curvas que se escondem em casa milímetro desse trabalho.
Mais do que arte
Tradicionalmente, as pinturas de thangka não são apenas valorizadas por sua beleza estética, mas principalmente por seu uso como auxílio em práticas de meditação. Os praticantes usam thangkas para desenvolver uma visualização clara de uma deidade particular, fortalecendo sua concentração e forjando um vínculo entre eles e a divindade. Historicamente, os thangkas também foram usados como ferramentas de ensino para transmitir a vida de vários mestres. Um professor ou um lama viajaria ao redor dando palestras sobre dharma, carregando com ele grandes pergaminhos de thangka para ilustrar suas aulas.
A arte sacra da pintura de thangka remonta ao século VII. Originando-se no Nepal, evoluiu para várias escolas de pintura.
As divindades apresentadas em pinturas de thangka são geralmente representações de visões dos grandes mestres espirituais, nos momentos de realização, que foram gravados e incorporados na escritura budista. As proporções são consideradas sagradas, pois não apenas são representações exatas das divindades budistas, mas também a expressão visual das realizações espirituais que ocorreram no momento de uma visão.
A pintura Thangka é, portanto, um meio bidimensional que ilustra uma realidade espiritual multidimensional. Os praticantes usam thangkas como uma espécie de roteiro para orientá-los para a visão original do mestre. Este mapa deve ser preciso e é responsabilidade do artista se certificar de que é assim para que um thangka seja considerado genuíno ou seja útil como suporte para a prática budista.
A técnica
Os aspirantes a artistas de thangka devem passar anos estudando grades iconográficas e proporções de deidades diferentes e depois dominar a técnica de mistura e aplicação de pigmentos minerais.
Para fazer um thangka, primeiro uma peça de tela é costurada em uma armação de madeira. É preparado com uma mistura de giz, gesso e pigmento de base, esfregado no tecido, mudando sua textura.
O esboço da deidade é feito a lápis na tela usando grades iconográficas e, em seguida, delineado em tinta preta. Alguns dos elementos utilizados para compor as tintas são bastante preciosos, como lapis lazuli para azul escuro e ouro puro para finalizar a obra.
Além de ser uma ajuda para a prática espiritual, o patrocínio de uma thangka é considerado um meio de gerar mérito espiritual, e muitas vezes, se um indivíduo enfrenta algum tipo de dificuldade, um lama é consultado e recomenda a criação de uma thangka de uma deidade específica como remédio.
Onde buscar mais informação
Como disse, essa academia que visitamos fica em Shangrila, e eles tem uma página no Facebook.
No Youtube e Vimeo há vários vídeos sobre a técnica, inclusive descobri um templo que ensina thangka no Rio Grande do Sul. Coloquem a palavra THANGKA nas suas buscas.
E então, o que acharam dessa técnica? Deixem seu comentário e seu ‘like’ aqui em baixo!
Zài Jián!
Não conhecia o nome. Já tinha visto a arte em Curitiba;
Adorei!
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é lindo, não é?
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Christine Marote, sempre gosto dos seus textos e das suas descobertas… E me dá sempre saudades de você e muita gratidào pela sua agradável acolhida. Um bejio e um abraçò carinhoso.
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Querida Arcelina,
Vc sempre com seu jeito amável. Saudades das nossas pequenas aventuras por aqui…
Grande abraço.
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Achei incrível✨Lindo post❤️😘
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Obrigada! ❤
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