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Criando filhos com asas

Desde que meus filhos nasceram, e naquela época eu nem sonhava em morar fora do Brasil, sempre acreditei que criamos filhos para o mundo.

Sou educadora e o “raízes e asas” era (e ainda é) minha bandeira.

“Dê a seus filhos asas para voar e raízes para voltar”

li essa frase antes de ser mãe e nunca mais a abandonei.

Nas conversas com amigas, principalmente as que tem filhos pequenos, repito que a gente deve se olhar no espelho todos os dias e falar para nós mesmos que um dia saímos de casa, deixamos nossos pais.

Essa é a lei da vida, e esse nosso voo, jamais nos fez esquecer de nossas raízes. Sabemos bem onde está nosso porto seguro, mas, hoje, na posição de pais e não mais de filhos, essa relação tem outro prisma, outro peso.

Parem um minuto e pensem no dia que cada um de vocês chegou em casa e disse para os seus pais: estou indo.

Não importa se foi para casar, estudar, trabalhar em outra cidade, em outro pais.  Estava definitivamente saindo de perto da presença física e diária (as asas), mas jamais da presença emocional, da confiança, do amor, do respeito (as raízes).

O fato é que já fizemos isso com nossos pais e, claro, nossos filhos farão conosco. Sem drama, sem culpa, sem chantagem emocional. Somente dando continuidade ao curso natural da vida.

Vida de expatriado

Já faz algum tempo, que as fronteiras do mundo se abriram, que não há mais dificuldades intransponíveis para se ganhar seu espaço quando queremos e/ou tivermos as oportunidades.

Viver aqui ou ali, nada mais é do que opção de vida. Saímos de nossa cidade, estado ou pais em busca de um futuro melhor, de oportunidades únicas, experiências que dinheiro não paga.

E quando temos filhos, família? Como fica essa relação dessas crianças e adolescentes com o mundo?

Bom, se para quem só mudou de país depois dos 40 anos e descobriu que ainda tem muito para aprender e que distancia é algo relativo, imaginem quem nasceu/cresceu dentro de um avião, dando um ‘pulinho’ aqui e ali, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

E aí, vai chegar a hora deles descobrirem os próprios caminhos, fazerem as próprias escolhas. E como a gente, que criou filhos com raízes e asas, espalhados pelo mundo, podemos querer que eles fiquem conosco ou ao menos estejam a uma distância de poucos quilômetros?

As asas ganham forças

E assim foi com meus filhos. Abriram suas asas e se foram para o mundo.

Um deles ainda está na China, mas não mais em Shanghai.

O outro foi para as Filipinas, trabalhar e viver num outro país.

Provavelmente nenhum dos dois países será o local que iremos para nossa aposentadoria.

Além dos meninos, temos minhas duas enteadas que estão no Brasil.

Resumindo, estamos nós aqui, vivenciando de fato toda aquela teoria, lá do primeiro paragrafo, que passei a vida repetindo.

E quando isso acontece, fácil não é, mas com consciência desse ciclo natural da vida, tudo fica menos dolorido.

É muito importante que eles saibam que suas asas têm força para ir e voltar, se for preciso.

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As raízes garantem o amor

E a certeza de ter raízes, os faz mais livres para ir mais longe, superar os desafios.

Para nós, na condição de pais, é extremamente gratificante perceber que criamos pessoas capazes de enfrentar a vida, de buscar seus objetivos e voltar para nos abraçar e dizer: “Valeu pai, Obrigado mãe. Amo vocês”.

Dever cumprido!

Esse meu texto, desabafo, é para dizer para todos vocês (por quem saiu da teoria e esta vivendo a prática) que realmente, filhos são para o mundo.

Olhem para eles todos os dias com amor e com afinco para criar asas fortes e raízes seguras.

O sentimento que temos de os ver voar, é imensamente mais prazeroso do que o egoísmo que nos apoderamos como pais/mães super protetoras (quem nunca?).

E para quem criou os filhos dentro de aviões, mais certo ainda será esse voo para a vida.

Fica uma dica de leitura, de um texto que escrevi quando mudamos para a China, uma outra fase, outras reflexões, mas chegamos ao ponto comum.

Ser mãe e o desafio de mudar de país.

Zai Jian!

16 pensamentos sobre “Criando filhos com asas

  1. Bom dia Christine…palavras sábias e como vc sensata.. adorei esse seus pensamentos obrigada por ter me dado sobrinhos tão lindos e tão distantes ao mesmo tempo….mas obrigada por um dia vc ter entrado na minha vida beijos

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  2. Querida Christine, como vai você!! Quanto tempo não é ?? Você está sempre nos meus pensamentos pois sigo seus Resumos Semanais mas nunca tenho tempo de fazer comentários!! Nesse de hoje não tenho como não comentar pois dentro de 30 dias Maria nossa única filha muda para os EUA para cursar Engenharia Ambiental em Princeton ! Quando estive ai com Paulo Fernando era 2012 e ela tinha 12 anos!! Agora bate asas !1 Postei no meu FaceBook para compartilhar com minhas amigas que tbem estão com os filhos partindo. Amei como sempre o que vc escreve e hoje mais do que nunca me identifiquei com sua experiência !
    Espero poder voltar a revê-la bjo gde, Juliana Fleury ( jufleury@terra.com.br)
    ZaiJian

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    • Oi Juliana,
      Que bom ter você por aqui.
      Meu Deus, como o tempo voa!
      Mas essa é a ordem natural das coisas nos dias de hoje. Criamos filhos para o mundo, não é?
      Beijo grande.

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