viver na China

China na NOSSA vida – Um brasileiro perdido na China

Desde que comecei o blog, escrevo sobre o que vejo, pesquiso e muito da minha experiência pessoal – a minha visão da China, dentro da realidade que me trouxe para esse lado do mundo. E faz algum tempo, que criei a tag ‘China na NOSSA vida’, pois acho necessário mostrar a China por outro olhar, com experiências e realidades diferentes das minhas. Isso só faz o blog crescer e ter mais credibilidade.

Essa tag é interessante, mas nem sempre consigo material para escrever. Esse ano já estou com 3 depoimentos engatilhados para mostrar para vocês a China pela visão de outros brasileiros que vivem aqui e, nesses casos, que também produzem material sobre viver na China, a cultura, ou simplesmente mostram o seu olhar desse país tão diferente.

Às vezes, por mais que eu tente escrever e mostrar os detalhes, as experiências de nossa vida na China, tenho a impressão de que sempre fica faltando algo, que não consigo chegar onde quero. Aí conversando com alguns estrangeiros que vivem aqui (não só brasileiros), chegamos a conclusão que a China, só entende quem pisa nessa terra e vivencia a realidade chinesa.

Mas vamos ao que interessa:

Hoje apresento (a quem não conhece) Edvan Fleury – um brasileiro perdido na China.

Bom, na realidade, perdido, perdido ele não está. Seu canal no YouTube é famoso, com quase 4 mil seguidores, divertido, descolado e mostra a vida de um jovem que veio para China sozinho, com um emprego e que precisou se reinventar para conseguir superar o desafio de estar numa terra tão distante.

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E, essa questão de adaptação, das dificuldades que enfrentamos com uma expatriação, só entende quem vive isso, seja em que lugar do mundo estiver. Se você assistir um só vídeo do Perdido na China, vai se divertir, com o jeito descolado e, muitas vezes, debochado do Edvan.

Mas, para minha surpresa, quando perguntei a ele porque começou seu canal no YouTube, a resposta me fez parar e pensar sobre a nossa postura em relação a como enfrentamos nossos problemas. Se vitimizar ou enfrentar (não sem algumas dores) é, realmente uma escolha pessoal. Olhem só, as palavras dele:

Teve uma época em que eu me sentia muito sozinho em Beijing, meus amigos tinham acabado de ir embora da China e fiquei só. Com isso, desenvolvi uma depressão muito forte e me aconselharam a  fazer algo que ocupasse minha mente. Aprendi a jogar tarot e também comecei a fazer vídeos, até porque eu sempre quis fazer vídeos!  

Quando eu trabalhava na TV, como produtor, não me deixavam aparecer na frente das câmeras pois diziam que eu não tinha um perfil adequado. Acabei colocando isso na cabeça e acreditei que nunca poderia fazer. Sou formado em jornalismo, mas após pegar o meu diploma abandonei a área e nunca pensei que eu voltaria a ser jornalista de novo.

Já que era para me superar, porque não fazer algo que sempre gostei? Comecei como passatempo mesmo. Mas o tempo foi passando e percebi que as pessoas se interessavam pelo meu conteúdo. Assim, estou voltando a desenvolver meu lado jornalista. E estou muito feliz com isso!

Também perguntei qual era o projeto dele em relação ao canal e ele me respondeu de forma direta: – Nenhum, simplesmente aconteceu… No momento não tenho um objetivo muito claro com o canal, ele é apenas um hobby e se ele crescer quem sabe eu comece a ter um foco diferente.

E, apesar de muitas outras pessoas já terem perguntado isso à ele, só agora está realmente pensando em como transformar isso num projeto maior. Mas, na página inicial do seu canal, está bem claro: “posto quando dá!”

Sinceramente, não estranho essa resposta. Quando comecei o China na minha vida, a minha pretensão era nenhuma também. Estava preocupada em ocupar meu tempo e estabelecer uma rotina, um objetivo para minha vida na China.

Além do canal no YouTube, Edvan é colaborador do blog Brasil com Z, onde escreve mensalmente sobre sua vida na China.

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Mas quem é o Edvan?

Natural de Manaus, 28 anos, há 5 anos na China, formado em jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas, trabalha com projetos de Localização em Beijing.

Como eu não tinha ideia do que seria ‘projetos de Localização’, ele explicou didaticamente:

Localização é uma tarefa multifunção, que tem por objetivo traduzir os conteúdos de texto de um software ou de um site, adaptando a tradução para a cultura do país ao qual se destina, considerando costumes, religião, sistemas de pesos e medidas, moeda, padronização de data e hora, legislação e outras variáveis que possam afetar o produto.

Como ele chegou na China?

Na realidade, no dia que ele resolveu largar tudo e ganhar o mundo, os planos dele eram para ir para o Japão! Como assim?

Mas, buscando uma forma de sair do Brasil, acabou aplicando para um intercâmbio pela AIESEC, que facilita esse processo, além de proporcionar um salário e acomodação para o estudante. Em menos de um mês, o projeto ‘Japão’ deixou de existir e Edvan veio para China como assistente de professor em uma escola de idiomas.

Só que nem tudo foi tão simples como parecia. A escola não cumpriu seu acordo com a AIESEC e ele se viu numa situação de estar ilegal na China, sem trabalho e, o pior, sem dinheiro. A história toda dessa conturbada mudança para a China, você pode ler nesse artigo que Edvan escreveu no Brazil com Z.

Depois de toda essa reviravolta, esse aprendizado na marra, ele está bem e fazendo cada vez mais sucesso, com a irreverência dos seus vídeos.

E, para quem está morrendo de curiosidade, segue um dos vídeos do canal ‘Perdido na China’:

O Edvan também está no Instagram: @beijingboy

Como escrevi no início, as experiências e realidades dos brasileiros aqui são diversas. Cada um chegou com uma expectativa, alguns com apoio de empresas que suportam toda a estrutura de vida, outros como estudantes matriculados em universidades, outros ainda, vem com as melhores das intenções, mas caem em ‘armadilhas’, como foi o caso do Edvan. Ainda bem, que não são muitos, até porque a questão do visto na China está cada vez mais restritiva.

No final, todos, seja de que jeito for, nos apaixonamos por esse país, e vamos dividindo nossas experiências com o mundo!

Zái Jián!

 

10 pensamentos sobre “China na NOSSA vida – Um brasileiro perdido na China

  1. Christine, esse post me esclareceu tanta coisa! Muito obrigada. Vou acompanhar seu blog de hoje em diante.
    Tenho uma dúvida.. fiz um estágio em 2011 na China mas vi que as regras de visto foram alteradas após esse ano. Saberia dizer se ainda é possível realizar trabalhos não remunerados em empresas privadas portando visto F? Após ver uma matéria de uma garota que foi presa por trabalhar com visto F num programa da AIESEC eu fiquei assustada.

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    • Olá Isabella!
      Que bom que o artigo te ajudou.
      Eu não tenho certeza. Sei que se vc estuda aqui, na graduação, pode fazer estágio não remunerado, pois isso aconteceu com meu filho: estudando em universidade chinesa, pôde trabalhar como estagiário, com um visto de intership.
      Mas isso é bem delicado aqui, e as regras sempre mudam. Convém contatar uma agência especializada.
      Abraço.

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  2. Pingback: China na NOSSA vida – Projeto Futebol da China | China na minha vida

  3. Oi Chris, acompanho o Edvan no facebook e já me diverti muito com alguns relatos dele. Em especial quando foi ao dentista na China não tinha ideia sobre alguns pontos que você tratou aqui. Mas é sempre muito interessante e válido ler e conhecer outras experiências.
    Sucesso para vocês dois!
    Grande beijo.

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