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A história do casamento chinês – Parte 1

Já escrevi muitas coisas sobre casamentos na China. Se vocês clicarem nesse link vão aparecer quase todos os artigos que falam desse tema, e as peculiaridades que envolvem uma cerimônia de casamento por esse lado do mundo.

Mas como todos sabem, nada nasce do nada… nenhum costume atual surge assim, sem mais nem menos. E como tudo nesse país, os costumes relacionados ao casamento também tem uma longa história, de mais de 5 mil anos…

Claro que eles foram mudando ao longo do tempo, devido a diferentes éticas e costumes sociais e padrões estéticos de uma dinastia para outra, no entanto, eles também têm suas características e rituais únicos, que foram transitando entre os séculos e ainda exercem uma influência nas demais gerações, inclusive nas de hoje.

Agora vamos combinar, que nós ocidentais também temos as crenças que vieram das bisavós… e assim caminha a humanidade, certo?

foto by pixabay.com

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5 ETAPAS DOS CASAMENTOS CHINESES

Os antigos costumes de casamento chineses passaram por cinco etapas ao longo da história:

Casamento Primitivo (em grupo)

Na sociedade primitiva, os ancestrais do povo chinês viviam em grupos e não tinham cônjuges fixos, e eles mantinham relações sexuais indiscriminadamente uns com os outros. Eles não estavam vinculados por costumes e etiquetas.

Casamento consangüíneo

Como o primeiro tabu sobre casamento na história chinesa, o casamento consangüíneo surgiu durante o período Neolítico, que proibiu o casamento entre pais e filhos, mas permitiu o casamento de pessoas da mesmo geração (como o irmão e irmã).

Casamento Exogâmico

No final do período Neolítico, surgiu o casamento exogâmico e proibiu estritamente o casamento entre irmãos e irmãs de sangue. Só que nessa fase,  era muito comum para os irmãos da mesma família se casarem com uma mesma mulher do outro grupo familiar, e ela seria a esposa de todos os irmãos na família, e vice-versa. Que bagunça, hem?

Casamento Emparelhado

Como uma fase de transição entre o exogâmico  e o monogâmico, o casamento emparelhado foi uma forma de casamento instável entre homens e mulheres. Muito diferente da monogamia moderna e facilmente dissolvido. Só que essa prática reteve alguns vestígios de união do grupo, com tolerância às relações extraconjugais.

Casamento Monogâmico

Quando o sistema social patriarcal substituiu o matriarcal, a propriedade privada surgiu, no qual o casamento monogâmico foi baseado. No antigo estágio da monogamia, o marido possuía tudo na família, incluindo sua esposa, filhos e bens.

Na realidade essa é a saga das mulheres chinesas até hoje, que com muita luta estão conquistando alguns direitos. Mas ainda são poucos. Até bem pouco tempo atrás (senão até hoje, em muitos casos) elas saem do casamento sem direito a nada, nem aos filhos.

REGRAS BASEADAS NO CONFUCIONISMO

De acordo com o confucionismo, um casamento é baseado na ética e a cerimônia do casamento é a essência de etiquetas – leia-se: regras e convenções sociais –  que tem uma influência significativa sobre a estabilidade social, e apenas os casamentos com cerimônia formal eram reconhecidos pela sociedade. (Qualquer semelhança com o que nós conhecemos é mera coincidência… ou não!)

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Os princípios básicos de um casamento antigo envolviam, principalmente:

O status social combinado – a idade de casar era de 20 anos para os homens e 16 para as mulheres na China antiga, e um padrão ideal de casamento era combinado no estatuto social e econômico entre as duas famílias. O casamento entre nobres e plebeus era absolutamente proibido por lei.

E ainda hoje a questão da idade é uma coisa cruel. Uma moça de 25 anos que não se casou está condenada pela família. Haja visto os Mercados de Casamentos que acontecem nas praças das cidades.

 Os ditames dos pais e o conselho do ‘casamenteiro’ – amor livre foi absolutamente proibido na China antiga e amplamente condenado como uma ofensa à decência pública, de acordo com os códigos de ética confucionista tradicionais. Assim, a tarefa dos pais era de organizar o casamento de seus filhos, a fim de manter a ordem da sociedade patriarcal tradicional. O casamento arranjado formalmente não só eram bem vistos pela sociedade, como também politicamente apoiados por lei na China antiga.

Assim os ‘noivos’ deveriam obedecer seus pais e aceitar a escolha do ‘casamenteiro’ (profissional que fazia a negociação entre as famílias), sem nunca terem visto um ao outro até o dia da cerimônia! Claro que isso não poderia acabar bem na maioria dos casos.

A proibição do casamento para um casal com o mesmo sobrenome – a política de casamentos proibidos sobre as pessoas com o mesmo sobrenome foi lançado e realizado em Dinastia Zhou Ocidental (1046 aC-771 aC) para garantir uma hierarquia patriarcal feudal clara e ordem de herança (como o trono e propriedade).

A tolerância para com a poligamia – De um modo geral, foi uma política nacional tradicional para realizar a monogamia feudalista na China antiga, no entanto, a cultura tradicional chinesa não proíbe, nem tampouco incentiva explicitamente a poligamia. Foi, desde sempre, tolerada por um homem que tivesse sua esposa e suas concubinas. Mas apenas os homens de classe alta e média, pois eles teriam que arcar com sustento de todas. Leiam esse artigo: Er’nai – as segundas esposas, para entender melhor.

No próximo artigo, vou falar sobre os rituais e tabus, que envolviam o casamento, desde a data de nascimento dos noivos, o dia da cerimônia e quem poderia ou não comparecer…

Zái Jián!

6 pensamentos sobre “A história do casamento chinês – Parte 1

  1. Pingback: As superstições no casamento chinês (parte 2) | China na minha vida

  2. oi!
    bom dia! estou atrasado para o comentário!
    cheguei ontem a noite do meu passeio!
    muito bom o post, lembro dos outros que vc já colocou!
    beijo grande para vc e familia!

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