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Vida na China

Nesse mês de aniversário do blog, fiquei olhando para trás e vendo quanta coisa já foi escrita aqui.

Muitos de vocês que chegaram à pouco podem ainda nem ter se dado conta que há material que não acaba mais… São 650 artigos publicados, em 6 anos. Mais de 100 por ano, quase 10 por mês.

Eu sei que ainda temos muita coisa para escrever sobre a China, sobre a minha experiência e de outros brasileiros também, que dividem comigo suas histórias, para publicar nesse espaço.

Mas mesmo assim, tem artigos que eu tenho uma afeição especial. Seja porque escrevi sobre uma determinada experiência marcante ou porque teve muitos acessos (às vezes muito mais do que eu esperava…rs).

E é engraçado, pois muitas vezes escrevo um  texto super elaborado cheio de pesquisas, informação, e ele fica lá… cumpre seu papel. Outros que escrevo num momento de inspiração, sem muita (ou nenhuma) pretensão, estouram em visitas e compartilhamentos.

Realmente é difícil de poder prever o que vai ‘cair no gosto do leitor’!

Por isso, resolvi republicar alguns deles. E durante esse mês, as postagens serão com esses textos, que marcaram a trajetória do blog.

Acho uma boa forma de comemorar!

Foto de Rafael Dutra

Foto de Rafael Dutra

A China na minha vida

Mas isso é só para celebrar, depois vou continuar escrevendo e dividindo com vocês meus ‘insights’, minha visão de uma China em constante movimento, ou mesmo alguns momentos de reflexão sobre a vida de modo geral.

 O que a China trouxe para minha vida, é muito maior do que somente entender (ou tentar) a cultura rica e milenar, e dividir esse pequeno conhecimento adquirido com quem me lê.

A China me trouxe pessoas especiais, experiência de vida, amadurecimento, aprendizado. Me fez descobrir um talento, que é escrever e a utilizar mais meus excedentes, minha capacidade de adaptação e de doação. Me obrigou a desacelerar o ritmo com que eu levava a vida e perceber que as diferenças existem e devem ser respeitadas.

Ensinou a lidar com perdas, com a saudade, a diferenciar o que é ‘ser’ e ‘ter’. Hoje sei, com muito mais clareza, que o que ‘sou’ é o que posso levar para qualquer lugar. E, apesar de saber disso antes, a China foi capaz de me provar, por A+B, que a gente é capaz de se reinventar em qualquer parte do mundo, em qualquer situação, se realmente soubermos valorizar o que ‘somos’, e não o que ‘temos’.

Me mostrou um lado mais humano e realista de tudo, me fez sair do meu ‘quadrado’, da minha cidade, país, continente. Me obrigou a atravessar o mundo para que pudesse aprender coisas e compartilhar outras, que provavelmente jamais teria feito se tivesse continuado onde estava. Ok. Talvez eu tivesse descoberto outras coisas… mas quem vai saber?

Mas não pensem que essa foi uma experiência individual e única. Não… muito longe disso. São milhares de pessoas que vem para cá, e como eu e minha família, aprendem, cada um a seu modo, a se adaptar, superar, matar um dragão por dia, como costumo brincar.

Essa é a vida desse meu (nosso) lugar.

Foto de Antonio Cardoso Ferreira.

Foto de Antonio Cardoso Ferreira.

A constante mutação

E para quem pensa que porque estou há quase 9 anos morando de fato (e 12 vivendo essa aventura), que hoje tudo é fácil e passa batido, está muito enganado.

A China não nos dá esse direito.

Não existe zona de conforto, e aquela cultura zen baseada no Feng Shui e Tai Chi, que conhecemos no ocidente, foram sufocadas pelo crescimento desenfreado e a necessidade de se reconstruir, desse país em constante mutação. Não há tempo para parar, não há chance de se descuidar.

Tudo aqui é rápido, num piscar de olhos muda, e é gente… muita gente, todos buscando seu espaço e sua chance na vida.

Concordo que essa loucura toda foi mais latente na primeira década do século 21. Nunca esqueço o susto que levei quando cheguei em Beijing pela primeira vez e me deparei com tantos guindastes e tantas obras e tanto movimento.

Mas depois do concreto, vem a mudança social, que também estremece nossas bases, e mostra que a China fez em 30 anos, o que pais no nenhum na história conseguiu fazer em termos de infraestrutura urbana e social, num período de tempo tão curto. Literalmente renasceu das cinzas.

Se por um lado fico aturdida de viver tudo isso, por outro, me sinto privilegiada de estar presenciando toda essa mudança in loco, extremamente radical, em especial nos últimos 10 anos.

Sempre digo que a China é difícil de explicar… E por mais claro que eu escreva, ainda assim, vir aqui e ver com os próprios olhos, não tem comparação. Só assim é realmente possível entender e dimensionar o que é esse país, essa sociedade e esse estilo de vida dos chineses.

O contraste entre essa loucura urbana, e as tradições milenares, a Ferrari que passa ao seu lado, seguida por um ciclista que carrega o mundo na sua garupa. Só vendo para crer… literalmente!

Foto de Antonio Cardoso Ferreira.

Foto de Antonio Cardoso Ferreira.

O que fica para nós

E nesse vai e vem de emoções, sentimentos, fazendo balanço dos ganhos e perdas para nossa família, acho que estamos com um bom saldo positivo. Sobrevivemos, nos reinventamos.

Não é fácil estar longe das pessoas que amamos, perder as festas, celebrações, o crescimento dos pequenos, a formatura dos sobrinhos, o casamento dos primos. Deixamos de estar presentes na hora de celebrar uma vitória e na hora de consolar uma perda.

Da mesma forma, perdemos o chão ao querer dividir nossas emoções, e criamos amigos, uma família que escolhemos, que nos ampara, vibra e empresta o ombro quando é preciso.

E vencemos, com uma conquista a cada dia.

E quando falo conquista, não imaginem somente louros e glórias. Não na China.

Uma conquista diária aqui, é você se fazer entender no mercado, no táxi, na farmácia. É conseguir reconhecer alguns caracteres e ter uma ‘breve’ ideia do que está escrito. È falar uma frase, recheada de tantos acentos diferentes e ser compreendido. É voltar para casa sem ter esbarrado com uma bicicleta ou uma scooter, ao tentar atravessar a rua na faixa de pedestres. É ver um céu azul, sorrir e fotografar para postar nas redes sociais…

São coisas que jamais, vivendo no Brasil (ou outros locais do mundo), daríamos tanta importância e nos deixariam tão felizes.

Mas é assim… como escrevi antes: é a vida desse meu lugar!

O lugar que hoje chamo de lar e que aprendi a gostar e respeitar.

Até quando? Não sei… mas aí, só o futuro vai poder nos mostrar. E por enquanto vou fazendo desse meu presente, um presente para a vida!

Sorteio

Se você ainda não está participando do sorteio do calendário, clique aqui e deixe um comentário na postagem do link.

Zái Jián!

 

11 pensamentos sobre “Vida na China

  1. Cris,
    Que texto inspirador
    Fico tentando me imaginar na sua pele.. rs
    E no fundo, sem ser egoísta, torço para vocês irem da China para outro país pois sei que onde quer que você vá, essa veia de blogueira/escritora/fair teller vai contigo! Pode ser Londres/são Paulo/NYC…..

    Te admiro pq se despe de qualquer inibição pra falar de coisas intensas; do medo e da solidão. Te admiro pq se dispõe a ser nossos olhos onde muito de nós talvez não tenha a oportunidade de pôr os pés… 谢谢你! 加油 ❤ Simone Raquel

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  2. Parabéns pelo aniversário do blog, Muito obrigada por partilhar conosco tantas informações Leio todos os posts. Abraço Monica

    Enviado do meu iPhone

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  3. simplesmente amei!
    eu já não sei como dizer que acho vc incrível!
    por favor continua e, particularmente acho que vcs não voltam mais para cá!
    e te confesso que torço para isso, pois acredito
    que vcs estão crescendo e crescendo muito, e
    com certeza ser é muito mais importante que ter!
    beijo grande para vc e familia!

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  4. Chris, que lindo texto . Terminei de lê-lo com lágrimas nos olhos, vc transmite tanta vibração e energia em cada palavra escrita. Ainda não conheço a China , mais sinto como se já estive ido, eu viajo em cada postagem sua.Certeza que quando eu for vou ter comigo cada dica e ensinamentos seus. Grande abraço !

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