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Afinal, asiático é tudo igual?

Esse foi um texto feito a quatro mãos pela Tati Sato (que tem o blog Trotamundo by Tati Sato) e eu, e foi publicado originalmente no Brasileiras Pelo Mundo. Afinal foi esse blog que nos apresentou e gerou uma amizade que rompe fronteiras, fusos e distâncias. Hoje a Tati trocou as Filipinas pela Espanha, mas isso é só um detalhe.

Já nos encontramos nas Filipinas, na China, no Brasil (onde esse texto foi escrito) e em Londres.  Uma amizade cultivada diariamente e mais um dos inúmeros presentes que a China me deu. Afinal se não fosse isso, a minha vontade de escrever sobre esse país, sabe lá se íamos nos cruzar nesse mundão!

Eu e a Tati, que por sinal é descente de asiático, na China, em frente de uma obra de Romero Brito... Uma loucura  esse imenso mundo pequeno, não é?

Eu e a Tati, que por sinal é descente de asiático, na China, em frente de uma obra de Romero Brito… Uma loucura esse imenso mundo pequeno, não é?

Mas vamos ao que interessa: Será que asiáticos são todos iguais? 

Asiático é tudo igual… Essa é uma frase que nós, ocidentais, temos o costume de usar e, outro dia, em uma brincadeira pelo messenger, decidimos fazer uma comparação entre os países que vivemos, China e Filipinas, e ver o quão real era essa afirmação.

Partimos do principio que vivemos na Ásia e muitos dos costumes são iguais ou bem parecidos.

Mas ficou a questão: até onde?

Já sabemos que todos os asiáticos querem ser brancos como o papel, adoram uma soneca (onde quer que estejam), comem noodles e arroz. Têm os olhos puxados, cabelos escuros e adoram um produto de grife com o logo super (hiper, mega no caso da China) destacado, de preferência.

As estruturas familiares são muito parecidas e bem diferentes da ocidental na qual o núcleo familiar é composto pelos pais e pelos filhos; na Ásia, tanto nas Filipinas quanto na China, a “família próxima” é composta pelos pais, pelos avós (no caso da China, pelos avós paternos), pelos tios (no caso das Filipinas porque a China tem a controversa lei do filho único), pelos filhos e pelos esposos dos filhos. A família íntima, nos dois países, é muito maior que no ocidente.

O tamanho das famílias, no entanto, difere por causa das políticas de cada um dos países. Na China, a política do filho único adotada no final de 1970 encara o aborto como um procedimento bastante normal. Nas Filipinas, em contrapartida, devido a religião, o aborto é considerado um assassinato e a lei que regulamenta o acesso ao controle de natalidade pela população mais pobre (o RH Bill) passou pelo congresso e foi assinada pelo presidente somente em dezembro de 2012.

Em questões culinárias, ambos têm seus “ovos nojentos” como parte do cardápio. Na China, os ovos preservados  são, basicamente, ovos podres que são enterrados por 100 dias antes de serem cozidos. Nas Filipinas, o balut é uma das iguarias locais. Embora não seja podre, é um ovo fecundado no qual o embrião do pato (mais comum) já está formado. Em ambos os casos, os ovos são cozidos. Esteticamente, os ovos preservados são mais bonitos (a gelatina marrom formada pela clara é linda) enquanto uma foto do balut consegue revirar o estômago das pessoas mais fortes.

O trânsito é caótico aos nossos olhos nos dois países. Colocamos ‘aos nossos olhos’ porque chegamos à conclusão que por mais caótico que seja o trafego, quase não há acidentes e de alguma forma eles se entendem, então deve ter alguma lógica que nos escapa o entendimento, certo?

Mas o que difere um Filipino de um Chinês?

Depois de muitos devaneios filosóficos chegamos à conclusão existem diferenças entre os dois povos e entre os países. Em termos de povo, a grande diferença é o patriotismo, o orgulho nacional. Ou seja, um chinês jamais nega suas origens, mesmo tendo nascido em outro país.

Geralmente quando nasce nos EUA, por exemplo, ele se define como um ‘chinês americano’. Já um filipino, mesmo quando tenha nascido em terras pinoys, se puder, não se definirá como filipino 100%. Respostas como “sou 50% filipino, mas sou 25% chinês e 25% espanhol” são muito comuns porque ele busca as raízes de seus antepassados. Isso parece absurdo, mas é uma realidade que se aplica à maior parte da população.

A violência social, ou seja, assaltos e roubos de carteiras são muito mais comuns nas Filipinas que na China. Em Manila, a presença de trombadinhas no centro histórico é muito comum e lojas de armas de fogo estão espalhadas pela cidade. Na China, as armas de fogo são proibidas e, sem levantar a polêmica sobre se isso é democrático ou não, se é justo ou não, o fato é que não há a violência nas ruas e ninguém irá te agredir para levar seu celular. O que se vê na China é o ‘pickpocket’, mas são tão ágeis que sempre a vítima fica na dúvida se foi furtado ou perdeu o objeto em questão.

foto by pixabay.com

foto by pixabay.com

A pobreza é algo muito mais perceptível nas grandes cidades filipinas que nas chinesas. Acreditamos que isso se deva ao fato de que a política chinesa, por partir do socialismo, trata os cidadãos de forma mais igualitária que a política filipina, baseada no capitalismo selvagem. Mas concordamos que a globalização está mudando o conceito de socialismo chinês. A infraestrutura da China atende melhor as necessidades da sua população, com transporte público, hospitais equipados (ao menos nas grandes cidades) e educação. Em contrapartida, o transporte coletivo nas Filipinas é um quebra-cabeça chinês (desculpem-nos o trocadilho), os hospitais bem equipados são privados e a educação pública deixa a desejar. Para se ter uma ideia, parece que o governo filipino simplesmente decide algo (por exemplo, ter o inglês como um dos idiomas oficiais) e deixa a população se virar para fazer isso acontecer.

Por ser um Estado socialista regido pela ‘ditadura democrática’ (esse termo é o máximo), segundo a constituição chinesa, existem restrições aos cidadãos, como acesso à mídia internacional (o Facebook é proibido, por exemplo), à migração entre províncias e às decisões governamentais (se o governo precisa construir um viaduto para melhorar o tráfego, quem mora no caminho será ‘remanejado’ para outro local mais conveniente). Nas Filipinas, essa restrição não existe, mas as necessidades da população tampouco são atendidas.

Citamos somente alguns pontos mais latentes, e de maneira superficial, pois não era nosso objetivo desenvolver uma tese! Mas, resumindo, a China e a Filipinas tem suas peculiaridades, suas semelhanças e diferenças. Por serem próximas, no mesmo continente, e as pessoas terem olho puxado, acaba virando essa confusão e a comparação é inevitável. Além de que ainda temos Japão, Coréia, Cingapura, Tailândia, Vietnã, Hong Kong… E cada um desses países asiáticos tem as suas peculiaridades.

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Mas nós, brasileiros, passamos por isso dentro do próprio Brasil. Do Oiapoque ao Chuí são tantos Brasis, que no final fica meio complicado generalizar. Vemos isso também nos grupos de hispânicos (que falam a língua espanhola), mas são 24 nacionalidades diferentes e a generalização é um perigo para os desavisados.

Esse é o mundo, a humanidade e a delicia de se descobrir a peculiaridade de cada cultura, de cada país, de cada continente, como fazemos  no ‘Brasileiras pelo Mundo’. De que outra maneira iríamos gastar horas de chat discutindo quem estava vivendo melhor?

E viva as diferenças!

Cheers!!!

11 pensamentos sobre “Afinal, asiático é tudo igual?

  1. Oieeee…adorei o post!
    Gostei de ver a amizade atravessar fronteiras….muito interessante a diferença entre os países asiáticos, qto família etc…
    Agora os ovos “nojentos” são d+ nos 2 lugares…affffff
    Bjs

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  2. Asiáticos não são todos iguais, os tailandeses são super gentis diferentemente dos demais grupos como , por exemplo os japoneses que são muito fechados .

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  3. Procurei fotos do tal do Balut. Acho que vou salvar para ver sempre que quiser sair da dieta… meu deus do céu superestimei minha capacidade (enorme, diga-se de passagem) de abstrair diferenças culturais!! #EmChoque

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  4. Christine já havia visto uma vez uma reportagem sobre esse “ovo preservado” com a repórter Glória Maria se não me engano e ela passou mal quando teve de experimentar tal iguaria, assim como passou mal quando também experimentou uma sopa que fazem com ninho de andorinhas de cavernas, não sei em qual país mas foi no oriente. O que me pergunto é… se tá podre como não se tem uma infecção ao comê-los?
    Seria por comer acompanhado de algum tipo de chá, assim como fazem muitos nordestinos aqui no Brasil que bebem água estagnada e em seguida tomam um gole de cachaça?
    Adoro comidas orientais mas algumas iguarias como aquela que usam o fel da serpente dentro de uma bebida, tô fora, rssss. 😉

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  5. Pingback: Afinal, asiático é tudo igual? | drudenicola

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