Existem coisas na vida que não são por acaso, e mesmo que os caminhos não sejam diretos, exatamente como manda o ‘script’, se tiverem que acontecer, acontecem.

E meu encontro com a família Schurmann foi assim, alguns desencontros de mensagens que eles me enviaram pelo blog, até que vi uma postagem deles, no Facebook, que haviam chegado a China, em Shanghai. Na hora escrevi para eles (sem nenhuma expectativa de conseguir retorno) e a Heloisa Schurmann me respondeu (vibrei!), contando das tentativas frustradas de contato há tempos atrás. Mas agora tudo estava resolvido e marcamos um encontro no veleiro Kat para dia 23 de abril.

Só que eles não conseguiram uma extensão de visto para continuar na China e teriam que sair até dia 18. Heloisa me enviou um e mail com a nova data, que mais uma vez se perdeu no mundo cibernético. Só que ela, sei lá porque, me ligou para confirmar minha visita, e eu disse: – Dia 23? E ela respondeu: – Não… agora! Você não recebeu meu e mail? – Isso aconteceu às 16:30, do sábado dia 16/04/16. Como assim?

Gente, fiquei muito triste… moro super longe do local onde o veleiro estava atracado, estava chovendo rios, e eu sem carro, me desculpei e disse que não ia, até porque tinha um compromisso às 19:00.. Mas, na hora que coloquei o celular na mesa, pensei: – mas porque eu não vou? – Levantei o celular, pois nem tinha largado ele de fato, e liguei novamente: – Pode colocar meu nome na portaria que estou indo… E fui!

Um parênteses: às vezes fico me perguntando quantas coisas perdemos nessa vida por pensar demais, ponderar demais, querer as coisas certas demais. Não saber lidar com o inesperado, com um plano que não deu certo ou que simplesmente teve que mudar. E agora aqui, escrevendo esse texto, penso em como estaria arrependida hoje se não tivesse mudado os planos em 30 segundos, na realidade nem esse texto estaria sendo escrito! Então, fica a dica: vivam mais, aceitem mais as mudanças de qualquer tipo e, principalmente, as que só dependem da nossa vontade de fazer acontecer!

A família Schurmann

Não posso descrever como foi emocionante chegar ao porto e ver  aquele veleiro imenso, com nossa bandeira hasteada, na China.

O veleiro Kat foi a primeira embarcação brasileira a atracar num porto chinês. Um marco na história e os chineses não deixaram por menos. Vários jornais e redes de televisão cobriram o ‘evento’ da chegada da família Schurmann no porto de Shanghai. Muitas fotos, no melhor estilo chinês de ser, foram feitas e presentes entregues, além de muitos curiosos querendo conhecer o barco e tentando saber um pouco mais da vida dessa família que roda o mundo dentro de um barco.

Mas chegando lá, fui recebida pelo casal Schurmann e logo me colocaram dentro do veleiro e passei a me sentir em casa. Uma sensação de estar num lugar conhecido, confortável e amigo. Visitei as instalações do veleiro, que é em homenagem a Kat, filha do casal que faleceu há 10 anos. Tudo muito bem elaborado, dividido, equipamentos incríveis. Uma casa de verdade, uma lar. Muito interessante essa sensação.

Eles são pessoas mais do que especiais e, se pudesse, estaria lá conversando até agora… porque no final eu tinha muita curiosidade sobre a expedição e a trajetória deles, mas eles também tinham muitas curiosidades à respeito de como era viver na China (rs). E aí foi um pouco de história de cada lado, mas teríamos assunto para muito tempo, com certeza.

A expedição Oriente

Essa é a terceira expedição dos Schurmann. A primeira foi a ‘Volta ao Mundo’ que durou 10 anos (entre 1984/1994). A segunda foi a ‘Magalhães Global Adventure’, concluída em 2000,  e seu último trecho (Lisboa, Portugal – Porto Seguro – Brasil) fez parte das comemorações oficiais pelos 500 anos do Descobrimento do Brasil.

A terceira expedição, Expedição Oriente, foi inspirada no livro ‘1421 – O ano em que a China descobriu o mundo’, de Gavin Menzies (livro que eu já li, mas estou devendo um post aqui no blog – em breve), que defende a teoria que foram embarcações chinesas, as primeiras a chegar à América e dar a volta ao mundo, comandadas pelo Almirante Zheng He, um dos mitos da história da China.

“Os Schurmann sabiam que só havia uma forma de ir mais a fundo no assunto. Assim nasceu a Expedição Oriente, uma busca por respostas que talvez só possam ser encontradas sob a perspectiva oriental desse mistério.” Trecho retirado da página da Expedição Oriente.

No dia 17 de abril o veleiro Kat deixou a China em direção a Hong Kong. O próximo destino será Vietnã e a volta para o Brasil, em dezembro de 2016. Vocês podem acompanhar a expedição (e até participar de um jogo on line super legal) pelo site oficial da Expedição Oriente, pela página do Facebook e pelo Instagram @familiaschurmann.

E assim foi nossa visita

Ficamos juntos por 2 horas, talvez (não sei ao certo). Mas a sensação foi indescritível. Na hora da despedida, não foi um abraço, foram 3 que troquei com a Heloisa e ainda ficou a vontade de mais alguns que trocamos no pier depois das fotos. Saí de lá muito feliz, sem um motivo aparente, mas muitos no coração.

Ganhei o livro ‘Pequeno Segredo – A lição de vida de Kat para a família Schurmann’, escrito pela Heloisa. Até esse momento, de receber o livro, foi muito emocionante, pois a época que mais acompanhei as aventuras da família, foi quando Kat estava no barco. Mas… como disse Vilfredo, ela ainda está por ali, acompanhando a família por onde quer que eles naveguem. Um anjo de luz. Tenho certeza.

Mais uma vez, minha gratidão por ter vivido mais esse momento. Obrigada a família Schurmann por me receber em sua ‘casa’. Obrigada Heloisa por tanto carinho e consideração.

A vida da gente é de trocas, de dividir para somar, de compartilhar para crescer.

Essa experiência ficará para sempre comigo, e torço para que um dia voltemos a nos encontrar em algum porto desse ‘pequeno grande mundo’.

Zài Jiàn!

 

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