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Livro: ‘Uma vida chinesa I – O tempo do pai’

Minha última leitura sobre a China foi em um formato peculiar: história em quadrinhos.

Isso mesmo!

‘Uma vida chinesa’ é narrada por Li Kunwu e P. Ôtié. A obra é composta de 3 volumes, mas em português só temos disponível o primeiro: “I – O tempo do pai.” A edição original completa foi publicada em francês.

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Li Kunwu, nesse primeiro livro da série, conta a sua própria história, as lembranças da sua infância durante a Revolução Cultural, e como tudo parecia confuso para as crianças, que andavam ‘seguindo a onda’. O livro termina com a morte de Mao, e a gama de sentimentos complexos e contraditórios em relação ao líder que ficou em todos os chineses naquele momento da história.

E olha, que nesse momento eles nem imaginavam o que estava por vir… as vezes me pego pensando como a geração que hoje está na faixa de 70, 80 anos se sentem em relação a toda essas mudanças bruscas que presenciaram ao longo da vida.

Como todo o trabalho de quadrinhos autobiográficos, ‘Uma vida chinesa’ consegue situar o leitor frente a um período da história que, nós acidentais tivemos pouco, ou quase nenhum acesso. Claro que se tivermos um entendimento global do que foi aquela fase da história, o relato de Li Kunwu fica muito mais simples de assimilar.

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Li e seus pais, na introdução do primeiro capítulo.

E quem são os autores?

Li Kunwu nasceu em 1955, em Kunming, capital de Yunnan.  É um dos raros artistas chineses de sua geração a se dedicar exclusivamente aos quadrinhos e a viver deles. Em trinta anos de atividade, mais de trinta obras suas foram editadas na China, e ele foi publicado nas revistas de HQ chinesas mais emblemáticas.

Começou como especialista em HQ de propaganda, passando em seguida a estudar as minorias culturais chinesas, tão abundantes em sua província, Yunnan. E essa sua vocação está bem clara no volume I da série. As propagandas políticas da época da revolução influenciaram seus dedos hábeis e a capacidade de ‘desenhar’ a realidade que passava na frente de seus olhos.

P. Ôtié nasceu na França em 1964. É diplomata e viveu no Extremo Oriente durante mais de dez anos. Esta é sua primeira história em quadrinhos. Atualmente mora na China.

O livro foi publicado pela Editora Martins Fontes, com a seguinte sinopse:

Relato autobiográfico, em três volumes, que retrata uma incrível jornada na história moderna, desde a criação da República Popular da China, em 1949, até os dias de hoje. Neste primeiro volume, Mao Tsé-tung está no poder há um ano. Nas montanhas de Yunnan, cujas condições de vida são difíceis, o secretário Li convida a camarada Tao para ir para a cidade, para “fazer a revolução”. Da união de Li com Tao, nasce Xiao Li. Na época da revolução triunfante, o pequeno Li se considera mensageiro de Mao. Logo começa a promover o terror, engajado numa loucura coletiva indescritível carregada de denúncias, destruições e incêndios.

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A reação do povo ao receber a notícia da morte de Mao.

Prefácio

Mas, por incrível que possa parecer, uma das partes desse livro que me chamou muito a atenção, foi o prefácio de Pierre Haski. Em 9 páginas, ele consegue dar uma visão geral de boa parte da história da China, deixando o leitor, que tem pouco conhecimento sobre ela, mais confortável e situado no contexto da HQ que se segue.

Ele termina o texto com a seguinte frase:

“Mas, para a geração que surgiu aprendendo a falar ‘Viva o presidente Mao!’, há razões para se aturdir ao constatar o caminho percorrido por um país várias vezes à beira do abismo que encontrou dentro de si a força e a energia para se revigorar.”

Agora é esperar…          

Sim, esperar o livro 2 – ‘Uma vida chinesa – 2. O tempo do partido’.

Este segundo volume se passa entre 1976 e 1980. Li, que tem entre seus ascendentes “bastardos malditos”, ou seja, “proprietários de terra”, precisa limpar essa “mancha” para entrar no Partido Comunista chinês, “único futuro da China”. Depois de sete anos de exército e trabalho no campo, seus esforços têm êxito quando seu talento é reconhecido, e ele se torna desenhista de um jornal oficial.

A previsão de lançamento é dentro desse semestre. Vou aguardar ansiosamente alguém que me traga na mala esse exemplar. Já ativei o aviso de lançamento no website da editora! =]

No final, as histórias em quadrinhos sempre conseguem prender nossa atenção e contam a história de forma lúdica, prazerosa. Uma boa dica para quem quer saber um pouco mais dessa fase da vida chinesa.

Zài Jián!

13 pensamentos sobre “Livro: ‘Uma vida chinesa I – O tempo do pai’

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  6. Que feliz ler que adquiriu e gostou da HQ. Pra mim ela é muito especial, porque marca o início das minhas aventuras pelas obras escritas que falam do país (ainda há um longo caminho). Até então eu ficava só com os filmes. Inclusive, quando eu assisti o filme “O sonho azul”, até os pequenos detalhes, como as crianças matando passarinhos, ficaram claros pra mim graças à HQ. É estranho, mas eu gosto muito desse período da Revolução Cultural e há tanta coisa que eu ainda preciso ler e descobrir, é uma pena não ter tanto conteúdo sobre o assunto por aqui. Abraços.

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    • Olá Bianca.
      Não tem muito conteúdo sobre esse período em quase lugar nenhum…
      Aqui no blog, na tag ‘livros’ tem algumas obras que falam um pouco do período, mas nenhuma de maneira tão clara como os HQ do Lin.
      Dá uma olhada…
      Abraço.

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  7. Querida Christine,
    Paz e todo bem!
    Mais uma mensagem muito interessante… vou abrir agora mesmo o site da editora e encomendar um livro para mim. Lerei com carinho e levarei para você. No domingo de Páscoa estarei seguindo para Brasilia para um curso de mandarim. Serão apenas tres meses no Instituto confúcio, na UNB, onde fui professora muitos anos. Pretendo aprender o básico do básico… Em julho sigo para China… Queria ficar um tempo em Shangai, a sua cidade. Mas tenho medo da poluição. Pensei então numa cidade pequena perto de Shangai, onde possa chegar de Onibus, ou trem. Gostaria de ficar em uma pequena hospedaria, que no Brasil chama-se hospedaria familiar, e no Japão, hiokan. Será que dá para você olhar para mim um lugar desse tipo… para ficar uns 15 dias. Grata, um abraço, até breve, Arcelina helena

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    • Olá Arcelina,
      Poxa, já está chegando, 3 meses voam.
      Olha, até onde eu sei, aqui existem hostels, em Shanghai, Beijing e outras cidades também. Vou ver se consigo alguma indicação. E quanto a poluição, ela existe em toda a China… infelizmente.
      Abraço.

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  8. oi!
    bom dia!
    como sempre vc nos ensinando! e sempre bem!
    deu certo a mudança do email, já recebendo o post direitinho!
    nem pensar em deixar de te acompanhar!

    Paz! beijo grande para vc e familia!

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