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A difícil vida fácil de ser estrangeiro.

Hoje é um daqueles dias que quero escrever para o blog, mas a inspiração está abaixo de zero… O engraçado é que assunto para escrever não falta, na minha cabeça ficam pipocando temas e mais temas, mas nada sai… Comecei e deletei vários deles hoje. Nada estava bom.

Então, plagiando a querida Ale Garattoni, que sempre é fonte de inspiração para mim, resolvi escrever na ‘primeira pessoa’. Na realidade faz tempo que venho matutando sobre esse assunto e talvez seja por isso que hoje a coisa não ia para frente, até eu tomar coragem e escrever sobre o que vem martelando há semanas na minha mente.

A difícil vida (nem tão) fácil de viver fora do país, e ainda numa cidade como Shanghai.

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‘Não há lugar como nosso lar’… seja ele onde for!

E nem vou falar aqui de choque cultural, da dificuldade de entender a língua, de me ver como uma analfabeta funcional (sim, porque não sei ler em mandarim!), de adaptação ao novo, pois isso já escrevi muitas vezes nesses 5 anos de blog.

O que quero falar (desabafar, na verdade) é sobre emoções, escolhas, amizades, aprendizado e crescimento.

Já escrevi aqui sobre chegadas e partidas, e o quanto isso é desgastante emocionalmente. Mas por mais consciência que se tenha a respeito, ainda assim é duro, dói e nos faz todos os dias, ponderar nossos valores, nossos limites, nossas prioridades.

Já não chega a saudade dos amigos de longa data, da família que ficou do outro lado do mundo, ainda temos que lidar com as perdas constantes dos amigos que fazemos aqui. Shanghai é uma cidade em movimento, e o fluxo de pessoas que chegam e partem é imenso. Todos vem com data para ir. A princípio nós também viemos… Mas a vida, o destino, quem pode com ele?

E assim, como de costume, este é mais um ano em que muitas pessoas queridas deixaram essa Torre de Babel. E com elas foram um pedaço do nosso coração.

Mas… Sempre tem o outro lado, não é mesmo?

Os vínculos que fazemos aqui são tão fortes, que mesmo com a distância parece que nada vai romper, que nos mantemos ligados por aquela tal de linha invisível que alguém um dia poetizou numa frase que vira e mexe roda na internet.

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jiù ming quer dizer ‘ajuda, socorro’. Mas eu pensei em ‘não me deixe…’

Fora isso, existem pessoas que parece que conhecemos com um propósito, nem sempre claro a princípio, mas que uma hora, seja no meio do caminho ou na da despedida, ele surge e fica claro em nossa consciência. Fora aquelas que temos (quase) certeza que já conhecemos de longa data. Vai saber…

E assim eu tive/tenho a alegria de conhecer muita gente com que pude trocar energias, aprender e ensinar. Pessoas que as vezes nem imaginam o quanto me mostraram, o quanto fizeram a diferença na minha vida. Sou muito grata a cada uma dessas experiências, tanto as boas, especiais, eternas, quanto às ‘nem tanto’, pois elas também nos fortalecem, nos ensinam, nos mostram caminhos.

E entendam que esse não é um desabafo triste, nem melancólico. Mas é algo que sinto que é necessário esclarecer. Se quando estamos dentro do nosso ambiente, a vida já é cheia de altos e baixos, imaginem quando estamos fora dele. Uma montanha russa cheia de loopings!

E o que tem acontecido, não só aqui no blog, mas também no Brasileiras pelo Mundo (o outro blog que sou colaboradora) é recebermos um monte de e-mails, comentários, mensagens de pessoas querendo sair do país. Achando que isso irá resolver todos os problemas existenciais, emocionais e financeiros delas.

De modo geral, dentro do imaginário popular, quem vive no exterior está sempre bem, é um sortudo, possui algo abstrato que muitas vezes é o desejo de muitos. Mas é bom ficar atento para a realidade, pois todos nós, sem exceção, temos a nossa história, nossos tombos, nossas vitórias, e no final ninguém precisa ficar colocando em letreiros luminosos por todos os percalços que passou na vida. Tem uma frase popular, muito engraçada, que se encaixa muito bem nessa situação : “todo mundo vê as pingas que tomo, mas ninguém enxerga os tombos que levo.”

E esse é um fato: da sua vida, cada um sabe o quão difícil foi chegar ali. O que mostramos no exterior, numa rede social, sempre é um momento, algo que conquistamos à custa de muito trabalho, esforço, renúncias e determinação.

Não é meu intuito desestimular ninguém que tenha o sonho de viver no exterior. Isso é só uma reflexão para mostrar que nem tudo são flores, que problemas vão existir em todos os lugares e que quem tomar essa decisão tem que ter a consciência de todas as implicações que estão embutidas nela. Às vezes é preciso ir embora para aprender, às vezes temos que ficar um pouco mais e esperar o momento certo. Alguns vão e voltam, outros não querem mais voltar. Alguns voltam, mas queriam ficar.

Mas afinal, a vida não é assim? Mesmo sem sair de casa, não temos que fazer muitas escolhas?

De todo o jeito, e seja qual for a escolha que tenhamos que fazer, o que precisamos é de informações concretas e consciência do passo que daremos.

segredo

É isso! Para pensar…

A segunda parte da entrevista do canal 2 A Mais já está no ar, confiram nesse link. Até porque também falei um pouco dessa coisa de custo emocional de se morar fora!

Zài Jián!

25 pensamentos sobre “A difícil vida fácil de ser estrangeiro.

  1. Pingback: Vou mudar para a China: e agora? Parte 1 | China na minha vida

  2. Pingback: China e o nosso sentido de urgência | China na minha vida

  3. É inegável que seja necessária uma dose EXTRA de coragem e empenho em ser feliz! E apesar de tantos pesares, encontrar o lado bom da nova fase da vida!
    Parabéns à vc é à sua família por fazerem isso tão bem!

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  4. Oi Christine, tudo bem? Adorei seu texto e estive lendo alguns seus sobre a vida na China, muito legal! Estou em negociação de estágio em Engenharia de Produção a uma empresa chamada INSOEXCA GROUP CHINA (conhece?), e morar em Taizhou (conhece?). Hoje moro no “interiorzão” de Minas (Uberaba), uma mudança assim é grandiosa demais!!! Eles propuseram 100% de moraria, um salário básico, e só. Na verdade o que fez meus olhos brilharem, não foi dinheiro (mesmo pq é nada), mas o que essa experiência, esse conhecimento vai trazer de bom pra mim, e olha que só vejo coisas boas nesse sentido! Vc teria um email de contato? Vou deixar o meu para contato, gostaria de trocar experiências com vc, se possível. lucas.afreitas@hotmail.com Um abraço!

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  5. Oieeee…estou saído p Sts!
    Li mais 6 blog’s mas ainda estou bem atrás, gostei de todos como sempre.
    Não comentei pq são de setembro…hahahaha
    Nem lá nem cá, nem tanto Marotão e nem tanto Christine, com um não conheço nd e com outro conheço mais do q aguento…hahaha
    Apesar de ter amado a viagem, conhecendo a fundo lugares q fui pelo menos 3 vzs no
    passado e nunca via tudo detalhado, é muito ruím tb viajar com quem só vê as coisas das janelinhas de todo tipo de transporte, isso se não tiver o calor q pegamos de 40…
    Vamos ver nesta viagem, torço p q fique na média, mesmo gostando muito de participar de tudo, a falta de prática e com a PROXIMIDADE da “feliz idade” estão começando a pesar…hahaha
    Beijocas em todos.

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  6. Gostei desse muito desse post , isso é pouco, adorei!!!
    Aliás como todos q vc escreve, parece q a gente está vivendo aquilo, naquele momento.
    (não me lembro em qual mandei a msg q vc não recebeu, estou tentando repassar )
    Gostei demais das 2 entrevistas, e dos entrevistadores gostei muito, mas o audio estava muito baixo,nem os nomes consegui ouvir bem),tvz pq sua voz seja muito forte como a do seu pai, e claro dispara.
    Vc devia ter dito q uma pessoa entre tantas q fica ” meio lá, meio cá ” em ir conhecer a China, é a sua mãe!!! hahaha
    Depois da última viagem, sei não! Acredito q não conseguiria acompanhar vc para ver o mínimo…teria q ir logo após chegarem ai, hj vc conhece muito…hahaha, haja pézinhos!!!
    Bem, é isso…
    Não sei qdo vou terminar todos os post’s, mas hj já li uns 10.
    Bjs
    PS:Nao comentei cd um por estarem bem atrasados, mas chego lá!!!

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  7. Cris,
    Adorei seu texto, vivo essa monta russa de emoções desde 2008 quando conheci a China e decidi que vou morar aí, se possível em ShangHai ou NingBo, por pelo menos 2 anos de minha vida, mas situações infelizmente não muito felizes me fizeram adiar minha partida.
    Esse ano pensei em ir, mas a vida financeira aqui no Brasil para mim, melhorou muito e trocar o certo pelo duvidoso, não posso, tenho 2 filhas.
    Então apenas fui matar minha saudade e fui a GuangZhou e outros países do sudeste asiático.
    Mas a cada dia mais me preparo para viver meu sonho, estudo mandarim e procuro sempre manter contato com Chineses para trocar experiência e estudar.
    Ahhhhhhhh lendo seu texto me lembrei que ler os ideogramas ainda é complicado, mudou uma coisinha muda completamente o sentido do ideograma kkkkk.

    Fique com Deus e continue nos passando essas maravilhosas emoções de viver na China, sempre que leio seu texto relembro meus momentos na China.

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  8. Como sempre,né? Falar o que desse texto maravilhoso! Muito inspirado!!!!!!!
    Tenho uma filha que mora em Berlin há dez anos e sei o que enfrenta, apesar de não querer voltar, sei que uma hora isso vai acontecer.Sei que não vai ser fácil para ela deixar as amizades que conquistou , mas é a vida… Bjs.

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  9. ristine, nessas linhas você reflete a maior verdade de quem deixa seu país, família, amigos, raízes para viver, mesmo que seja por um tempo, em outro canto do mundo. Compreendo profundamente o seu sentimento, mas como você diz,* “são co*isas do *destino”* e assim deve seguir a vida sem contudo esmorecer nos momentos em que somos tomados pela saudades. Parabéns pelo seu post, para mim o melhor que você escreveu! Renato

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  10. oi!
    bom dia por aqui, ainda, pois não almocei!
    pois é garota, demais a reflexão, que mostra muito
    sua sensibilidade, percepção do outro, das coisas, da vida….
    engraçado, acho que na entrevista vc quiz dizer
    isso tudo…………..o disse agora com alma e sentimento!
    ………………..beijo grande para vc e familia!

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  11. É Chris uma montanha russa de sentimentos e muitos preferem se fechar ou fazer amizades com pessoas da cidade que vivem . Ai fica mais complicado pelo idioma . Viver é buscar o novo , o aprendizado . Bjs minha querida

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  12. Chrissss tenho pensando muito a respeito desse assunto, e até fiz um rascunho la no BPM para ver publico eheheh mas não sou tão boa com as palavras como vc… adorei seu texto… bjossss

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