Já escrevi um artigo aqui sobre a flexibilidade do bambu, e toda a filosofia que a China usa tendo essa planta como exemplo.

Mas na realidade, o bambu é muito usado em produtos manufaturados que facilitam o dia a dia do povo chinês. E encantam os estrangeiros, diga-se de passagem!

Desde objetos para cozinha, até os de decoração, o bambu tem mil e uma utilidades por aqui.

Em locais do sul do país, como Hunan e Sichuan, onde a planta é abundante, são construídas casas, pontes, artefatos de pesca. Além das cestas de diferentes padrões que são vendidas em mercados e feiras.

Móveis, desde camas até sofás, e artigos de decoração, pinturas, caixas de chá, cestas etc, onde a beleza e a praticidade de uso se integram perfeitamente.

O interessante no bambu é que nada é perdido, até folhas se transformam em chapéus de abas largas e capas de chuva, além de coberturas para os pequenos barcos.

Chopsticks (kuaizi) também são feitos de bambu, e muitos são decorados com pinturas de motivos chineses: flores, peixes, ideogramas.

O Bambu também pode ser usado como fibra natural na fabricação de papel e seda artificial de alta qualidade.  Se alguém já usou uma toalha de banho de fibra de bambu, sabe do que estou falando.

Mas não para por aí: na culinária chinesa, o bambu é muito apreciado e faz parte de inúmeros pratos, bem como de uma bebida famosa chamada zhuyeqing, feita das folhas de bambu.

Mas o que me chamou atenção na semana passada foram essas cestas, tipo mochila, para carregar tudo que se imagina!

Bēilǒu – jeito chinês de carregar.

Aqui em Shanghai isso não é muito comum. Ao menos na ‘bolha’ onde vivemos. Mas descobri que o Bēilǒu 背篓, é mais comum nas zonas montanhosas, já que o acesso aos vilarejos que se formam nesses locais, tem grande problema de acessibilidade.

Assim , que esses ‘cestos para carregar nas costas’ são extremamente úteis e um dos principais meios de transporte nesses locais.

Na maioria das vezes, essas cestas são confeccionadas em bambu, com a abertura superior redonda, mas a base quadrada.  As peças de bambu que compõe as cestas são muito firmes e endurecidas, caso contrário não suportariam os pesados fardos que elas tem que carregar.

Existem vários tipos de cestas:

– as que carregam de 2 a 5 ‘dou’ de grãos (um ‘dou’ representa 5 quilos);

– as que possuem um assento removível, para carregar bebês;

– as que tem uma ‘boca’ bem larga com o intuito de transportar grama e esterco;

– as que são para carregar coisas muito pesadas, como caldeirões.

Quem carrega as cestas, geralmente usam um tipo de ‘suporte removível’ que serve de apoio para a carga, quando eles precisam ficar parados em alguma lugar, ou mesmo para seu próprio descanso.

Logo que mudei para cá, no hospital onde era voluntária, de vez em quando aparecia uma família com seu bebe na cesta, e se via claramente que não eram pessoas da cidade.

Mas em Emei Shan vi alguns trabalhadores rurais e também mães com seus bebês em cestas. É bem interessante, e lembram muito nossos povos indígenas.

Engraçado como as culturas, em determinados momentos, se encontram com peculiaridades tão semelhantes. E quase tudo que se faz aqui com bambu, também há objetos semelhante no Brasil. Talvez não em tanta quantidade e diversidade, mas também temos nosso artesanato.

Zài Jiàn!