A China sempre surpreendendo…

Já escrevi várias vezes que aqui a gente usa muito dinheiro vivo. Shanghai ainda é uma cidade mais conectada e cartões de crédito são mais aceitos. Mas o que funciona mesmo é o cartão de débito ou o velho e bom ‘dinheiro vivo’, sistema que existe desde que o mundo é mundo, seja qual for a moeda vigente.

O sistema bancário aqui também é diferente e tem algumas peculiaridades que às vezes parece estranho (aos nossos olhos, como sempre). A começar que não temos o nome impresso no cartão. Até porque com a quantidade de homônimos que existe na China, ia ser um trabalho insano reconhecer pelo nome.

Só que em contrapartida, apesar de quando usamos o cartão de débito com senha, mesmo assim temos que assinar o recibo. Algo completamente inútil, pois eu uso o cartão da conta do meu marido e assino usando a minha rubrica, ou qualquer rabisco (para ser bem sincera) quando estou com pressa e as mãos cheias. E ninguém nota a diferença… então não entendo essa necessidade burocrática. A conta conjunta aqui não existe, então optamos por usar a mesma e ter menos dor de cabeça.

Para meu desespero (rs) o banco chinês que temos conta resolveu que não precisava mais ter website em inglês! OMG! Então agora, cada vez que tenho que fazer uma transferência, um pagamento e mesmo ver o extrato, tenho que ir ao banco…afff… Todo o internet banking em mandarim, ninguém merece, né?

Por conta disso, fui ao banco na semana passada, coisa que não fazia há um certo tempo. E vou dizer para vocês uma coisa: tiro o chapéu para eles! Os detalhes no atendimento ao consumidor chegam ao extremo de sala vip de aeroporto… e olha que muitas não tem todo o aparato que vi no banco.

Para começar, ninguém fica em pé. Toda a fila é controlada por senha, e existem cadeiras para todos sentar (ok, isso já existe bancos brazucas também). Na hora que nosso número aparece no visor, nos dirigimos ao caixa, onde também tem uma poltrona, ou ao menos uma cadeira, para que possamos tratar dos nossos assuntos financeiros confortavelmente.

Outro dia, uma brasileira que vive aqui, me enviou uma foto, que publiquei na página do facebook, em que havia um óculos de leitura preso no balcão onde se preenche guias e formulários. Achamos o máximo. Só que constatei que no banco que fui (e é diferente do dela) também existe o mesmo artigo disponível, o que me fez notar que isso é tido como uma ‘oferta de conforto’ ao cliente.

Aí estava eu lá esperando, e com o calor maluco que faz nessa cidade, vi o galão de água. Sim, uma galão de água com copos descartáveis para quem quiser se refrescar. E fui tomar meu copo de água morna, como boa chinesa fake…rs. Mas para meu espanto, ao lado do galão tinha um balcão de ‘conveniência’, se é que podemos chamar assim…

Ali havia de tudo que uma pessoa pode precisar: desde guarda chuva até carrinho de bebê. CARRINHO DE BEBÊ… vai que você está com seu bebe no colo e ele dorme? Como você poderá agilizar sua vida financeira??? No banco chinês, é só ir ao balcão, abrir o carrinho e colocar seu baby confortavelmente acomodado e ir cuidar da vida bancária!

Fora as outras coisas, do tipo: carregadores de celular (vários tipos de plugs), envelopes para pouco e muito dinheiro. Vocês lembram que escrevi um post sobre chegar no banco e sacar na hora 30 mil RMB? Pois é, tem que ter estrutura… rs, elásticos, canetas, calculadora, picotadora de papéis e… uma maca (vai que alguém infarta, né?).

Ah, também tem as máquinas de contar dinheiro, disponíveis para que você possa conferir o montante em mãos. Agora, como brasileira, imaginar essa cena é meio surreal: o cidadão entra no banco com um pacote de 50 mil RMB, pega a senha e senta para esperar. Quando percebe que seu numero está chegando, abre o pacote, saca aquele bolo de dinheiro e vai até a máquina (sem nenhum pudor!!!) e confere. Volta para seu lugar e quando é chamado, levanta calmamente e vai se sentar em frente ao caixa.

Bom, isso realmente pode parecer cenas de ficção para nós… mas acontece milhares de vezes ao dia e da forma oposta também: o sujeito vai ao banco sacar essa quantia  e depois vai pegar o metrô.

Infelizmente, aqui em Shanghai, hoje temos que tomar um pouco mais de cuidado com batedores de carteira e caras que ficam de olho, em especial em estrangeiros. Só que quando percebem que estamos atentos, dificilmente eles vão adiante. A grande diferença é que ninguém te ataca por uma quantia ou um bem de consumo, de grande ou pequeno valor. Vão usar da sua distração e depois você ficará meio com cara de bobo…rs

Acho que isso é consequência da capitalização da economia e do consumismo desenfreado que está crescendo na sociedade chinesa. Uma pena.

Mas, mesmo assim, ainda podemos andar a noite e desfrutar de uma segurança inimaginável (nem sei se existe essa palavra…rs) no Brasil.

Mas esse atendimento VIP ao cliente, bem que nossos bancos poderiam dar, né? Se aqui com a população do tamanho que é isso existe, porque não no Brasil? Ah… um dado importante: esse banco das fotos não é nenhum banco VIP, não. É um banco comum… para o cidadão comum… Fica a dica.

PS: mudando de assunto completamente… hoje é dia dos namorados aqui na China, data móvel: sétimo dia da sétima lua do calendário lunar. Confiram aqui a lenda de Qixi. Linda…

Zài Jiàn!