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Uma cachorra (chinesa) na minha vida

Bom, como começar isso…

Pelo começo, óbvio…

Mas quem me conhece antes da China entrar na minha vida, vai entender direitinho essa minha embromação.

Já escrevi que nunca na minha vida imaginei visitar a China, o que dirá morar aqui por tantos anos. E dentre as tantas outras coisas que eu nunca imaginei fazer, conhecer ou viver e já fiz nesses últimos 10 anos, está a pauta desse artigo: ser dona de um cachorro!

Já chamei muita amiga de louca por suas preocupações com seus pets, já disse que nunca deixaria de fazer minhas coisas por causa de um cachorro etc etc etc.

Nem preciso dizer que recebo uma legião de olhares (e comentários) cínicos cada vez que falo da Harry (nome carinhoso e bem mais fácil de usar…), dizendo: ‘tá vendo?’. Hehehe

Me divirto,  porque todas essas pessoas são queridas demais e, na realidade, nem elas acreditaram quando viram a primeira foto da Harriet no meu facebook. Foi motivo de espanto para muita gente. Algumas me perguntaram se eu estava bem, se a foto não era montagem e por aí vai… Recebi mensagens, emails, tudo… até hoje tem alguns amigos que dizem que só acreditam vendo, mas como não posso levar a Harriet para o Brasil nas férias, eles vão ter que esperar eu voltar.

O fato é que a Harriet existe, surpreendeu todas as minhas expectativas e hoje não sei viver sem ela.

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Tudo começou com a vontade de facilitar a adaptação de um dos meus filhos aqui. Mas eu não queria um cachorro sujando toda a casa, destruindo nossas meias, sapatos, comendo os pés das cadeiras. A primeira ideia sugerida foi um Beagle. Corri na internet (santo Google) para saber um pouco da raça… lembrem-se que eu era uma analfabeta canina, não sabia nada de nada. Bastou ler meio parágrafo da descrição, que levantei da cadeira e disse: ‘pode parar’… esse não entra aqui! Quero um cachorro pequeno, que não dê trabalho, não precise sair toda hora, nem correr por ai etc etc etc

Ah, e claro, o discurso básico: eu não vou tomar conta, dar comida, banho, levar na rua, combinado? Claro que a casa, em coro, soltou um sonoro ‘sim’! E depois cada um deve ter ido para um canto e rachado de rir da minha cara, né? Alguém tem filho que pede cachorro e depois cuida de verdade? Se você tem, cuide bem dele, do filho…hahaha

Nesse meio tempo, uma amiga querida, depois de tanto ouvir minhas lamentações de pavor da possibilidade de ter um bichinho correndo pela casa e fazendo xixi por todo lado, me disse para adotar um, pois eu poderia achar algum já treinado, o que facilitaria muito minha adaptação ao novo membro da família.

Abrindo parênteses – Infelizmente aqui em Shanghai é muito comum famílias de estrangeiros abandonarem seus pets quando voltam ao seu país ou mudam para outro. O motivo principal é o custo para levar o animal (no Reino Unido, por exemplo, além de todas as taxas de transporte, vacinas, quarentena, ainda há um imposto de 1500 libras) e geralmente as empresas não arcam com esse custo. E o segundo, é o país de destino não aceitar pets de outros países, como a Austrália. Por isso há várias ‘RESCUE Pets ONGs’ aqui. É até estranho ter uma realidade dessa na China, cometida por estrangeiros, afinal os chineses são tidos como os vilões no trato com pets, não é mesmo? Só para refletir…rs – Fechando parênteses.

Então, pegamos contato, entramos no site indicado pela minha amiga, e nada… nenhum daqueles animalzinhos tocou o sentimento de ninguém aqui em casa. Ligamos para o dono da ONG e pedimos que quando aparecesse um cachorro nos moldes que procurávamos, ele nos ligasse. Ufa… Adiado mais uma vez… pensei com meus botões.

Mas, uma semana depois, ele liga: olha recebi um pet aqui que na realidade não foi abandonado, mas o dono quer dar para uma família que tenha certeza que vai ficar com ela, pois é sozinho e não tem como cuidar da cadela. O único problema é que ela foge ‘um pouquinho’ do perfil que vocês querem: é uma Golden Retriever! E deu uma lista imensa de todas as vantagens de se ter um cachorro dessa raça. Christine corre no google e pesquisa para ver se tudo que o rapaz falou era verdade…rs. Bom, só elogios para essa raça, em todos os sites. E quem conhece Golden Retrievers sabe que realmente são uns doces.

Marcamos a visita e fomos em comitiva… gente… juro que já queria trazer a cachorra no carro… Ela tinha 7 meses e estava maravilhosamente TREINADA! E já tinha esse nome: Harriet, que decidimos não mudar. O apelido Harry, foi para facilitar a vida, porque vamos combinar que é complicado esse nome para nosso idioma.

Mas o dono pediu para ficar com ela mais uns 3 dias, para se despedir. Ele realmente estava fazendo um esforço enorme para não chorar, morava sozinho, trabalhava e havia sido promovido, o que resultaria em viagens constantes, praticamente 3 dias na semana. Não havia a mínima condição de continuar com ela.

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E assim ela veio parar na nossa vida. Na primeira semana foi tudo perfeito. Cada um cumpriu sua parte no trato… mas aí… bom, quem tem filhos e cachorro sabe bem do que estou falando. Com toda essa confusão, claro que quem ela veio buscar um apoio? Eu, né? E como deixar de lado um olhar desses, cheio de cumplicidade?

Fora que ela é o cachorro que, nem nos meus mais loucos devaneios, poderia sequer imaginar. Super bem treinada, não faz nada dentro de casa, e quando a coisa aperta, vai para a porta e chora para chamar atenção. Pode-se esquecer o celular no chão que ela nem chega perto. Por incrível que pareça sabe o que é dela e o que não lhe pertence. Ah… é poliglota…hahaha. Foi treinada em inglês, os comandos são todos nesse idioma, mas minha ayi conversa com ela e ela obedece, então entende o mandarim e, claro, algo do português…rs.

E foi assim que uma cachorra chinesa entrou na minha vida.

Mais um presente que a China me deu. Mais um aprendizado de vida. Mais uma prova que nunca devemos dizer ‘nunca’ (como já citei em diversos exemplos nos meus artigos). A vida é uma caixa de surpresas e sobrevive quem consegue se adaptar, encarar as mudanças e entender que muitas vezes o caminho não é todo florido, mas quando colhemos as poucas flores que encontramos no caminho, no final teremos um belo bouquet.

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Resolvi abrir uma página no facebook para a Harriet, que chama-se  A Dog in my life – Um cachorro na minha vida – (as postagens serão em inglês e português). Assim todo mundo vai conhecer essa criatura linda que mudou tanto meus conceitos e minha visão sobre ter e amar um cachorro. Visitem, curtam e divulguem entre os seus contatos.

Duvido que alguém não se apaixone por essa Super Star!

Zái Jiàn!

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33 pensamentos sobre “Uma cachorra (chinesa) na minha vida

  1. Pingback: Uma cachorra (chinesa) na minha vida - China na minha vida

  2. Republicou isso em China na minha vidae comentado:

    Esse artigo não estava na minha lista de repostagens do mês de aniversário do blog. Mas a vida nos prega peças… nos coloca em caminhos nunca imaginados. E, infelizmente, nessa semana, nossa cachorra chinesa nos deixou.

    Foi tão rápido e desconcertante, que até agora estamos a procurando pelos cantos da casa, no meio da cozinha, em baixo da mesa de jantar, seu local predileto.
    Sabemos que o tempo cura tudo e nos ensina a lidar com as perdas. Mas a lembrança em nosso coração será eterna.

    A história da ‘China na minha vida’ e da ‘Harriet na minha vida’, estão tão interligadas, que realmente não sei como vai ser daqui para frente.
    Se você não conhece essa história, vale à pena ler o texto todo da repostagem!

    Mas o tempo cura, eu sei…
    E a ferida vai fechar.
    O tanto de alegria, felicidade e companheirismo que ela nos dedicou, valeu cada lágrima derramada durante essa semana tumultuada.
    Agora ela está em outro plano. Foi em paz e tranquila.

    Harriet, você terá sempre seu espaço na nossa vida, seja ela em que parte do mundo for!

    Zái Jiàn!

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    • Eles chegam assim às nossas vidas: sempre de um jeito inesperado, vão ganhando território em nossas casas e, principalmente, em nossos corações. Tornam-se nossos amigos, companheiros durante alguma noite mal dormida. E quando completam seu tempo de bondade e benfeitorias aqui na Terra, se vão e levam metade desse coração que sequer imaginava amar um pet tanto assim… Força Chris. Ela estará sempre c vc.

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    • OI Juliana,
      Eu a deixo num canil/hotel, em Songjian. É demais… Aqui em Honqiao também tem o PETZOO, mas minha cachorra é grande e acho que aqui ela ficará muito confinada. O hotel que deixo é tipo um sítio, tem espaço, verde, ela te seu próprio quarto com ar condicionado/aquecedor e TV…hehehe. só na China, mesmo!
      Se bem, que ultimamente nunca viajamos todos juntos aqui em casa, aí um dos meus filhos sempre fica em casa com ela. Vou procurar o contato do hotel.
      Abraço.

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  3. Oi Christine,

    Não tem como não se emocionar… Sei bem o que é esse sentimento, ele é o mais puro né!
    Tens como indicar o nome dessa ONG…
    Abraços

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  4. Aiii que lindooo Christine!! Vvocê já havia me contado que tinha uma Golden, mas fiquei curiosas para saber a história e ai está! Que coisa mais linda! Se eu te conhecesse na época eu você estava decidindo uma raça sem dúvidas seria a primeira que eu indicaria. Meu Golden, o Enzzo, foi o ser com o maior coração que eu já conheci nessa vida… não vivo sem ele. Estamos juntos à quase 7 anos e ele veio do Brasil pra morar comigo na Suíça e agora estamos na Alemanha 😀 levo ele pra onde quer que eu vá, até às nossas viagens aqui pela Europa, quando vamos de carro claro! Esse olharzinho conheço bem, existe coisa mais cheia de amor que isso? Amo 🙂

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  5. OI~eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee a estória é hiper conhecida e deveras inacreditável para os agregados da família..hahaha
    Mas amei o texto…
    A Harry está poderosa..quem sabe agora eu tb abra uma conta no FACE para mim….hahaha
    Beijusssss

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  6. Também tenho uma golden (Joy).Tem como não amar esse ser que te olha como se você fosse o centro do universo e que abana aquele rabão sempre que te vê? Parabéns pela adoção!

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  7. oi! aqui frio e chuva!!!!!!!!!!!!!! Linda a Harriet! Sei muito bem o que é ter essas criaturas e ter de se separar delas! São realmente algo do céu! Muito bem escrito o texto e as fotos estão muito boas!……………………beijo grande para vc e familia!

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  8. Amei conhecer a harriet e fiquei emocionada com seu post
    Adoro pets – tenho 2 malteses , super carinhosos e companheiros – são a nossa alegria no dia a dia .
    bjs bragantinos pra vcs todos !

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  9. Olá Chirstinie … naõ sei como esse cometário vai chegar pois não consegui apagar o que vem escrito.
    Adore seu post sobre a Harriet… Que linda ela é!
    Cachorros são tudo de bom e os Golden são especiais. No meu prédio tem um que é um verdadeiro cavalheiro. Nunca vi ninguém mais educado, mais refinado. Minha cachorra, que se chama Thaís, adora os Golden Retrievers… Ela tem bom gosto. Parabéns pela Harriet e muita sáude pra ela e pra vocês.
    Acabei de ler seu post tão emocionada que quase chorei.
    bjs da regin@

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  10. Chris,
    Realmente a Harriet mudou nossas vidas, eu também nunca imaginei que você cederia aos nossos suplícios para ter um cachorro em casa, mas como você mesmo disse…..nunca diga nunca.
    Adorei esse seu post, a Harriet merecia um, afinal ela é uma cachorra Chinese em nossas vidas.

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