Nessa semana numa das revistas locais que eu consigo ler, saiu uma matéria super interessante sobre os anos do Dragão e os principais fatos ocorridos aqui na China, com uma ênfase em Shanghai. Como já falei esse ano do dragão vai render aqui. A preocupação e a importância dele estão presentes em tudo. E a esperança também, por ser o dragão a representação da força e da prosperidade e 2012, em especial, por estar representado pelo Dragão do elemento ‘água’, o que garante que o fogo será amenizado pela água que vem junto.

Além de tudo o dragão tem duas características únicas: ser o único dos 12 animais do zodíaco chinês que não é real e todos os anos do Dragão no século passado (1940, 1952, 1964, 1976, 1982 e 2000) ter sido cenário de grandes acontecimentos que ocorreram aqui, mas mexeram com o mundo.

Ilustração usada na matéria da “City Weekend”, nessa minha fase obsessiva por dragões não resisti e scaneei. 🙂

 Então vamos a eles:

1940 – Shanghai foi ocupada pelos nazistas. (Durante a segunda guerra mundial, Shanghai era um território neutro, pois os japoneses que ocuparam a China e vieram para cá, nunca entenderam a louca ação anti-semita dos alemães, e não encontravam razão alguma para exterminar esse povo. Por isso a China tornou-se um dos países mais seguros para os judeus se refugiar aqui. Mais de 30 mil judeus viveram aqui e ainda hoje a história é latente nas ruas e em vários locais que contam a história e a saga desse povo).A primeira fábrica de bicicletas foi aberta aqui; Nasceu o pequeno dragão Li Xiaolong, mais conhecido como Bruce Lee; Mao Zedong, que chamamos de Mao Tsé Tung, formatou o que seria a doutrina do Partido Comunista, e ficou conhecida como o ‘Pensamento de Mao Tsé Tung’.

1952 – Foi um ano de muitas realizações na China Comunista, após o conturbado período da Guerra Civil. O povo começava a acreditar no comunismo e estava confiante; Foram abertas duas importantes ferrovias: De Chonqing para Chengdu e de Tianshui para Lanzhou. A primeira biblioteca de Shanghai foi aberta ao publico. Foi um ano calmo, mas de muita alegria para os chineses.

1964 – O partido Comunista completava 15 anos. Mao Tsé Tung estava confiante no crescimento da China como uma força no mundo. As cotas de alimentos começaram a crescer, o racionamento relaxou, e a energia do país era palpável. A China mostrava-se como uma real força para os países não comunistas. Depois do sucesso da bomba atômica em outubro, China estava começando a conquistar uma posição no ranking de ‘força nuclear mundial’. Publicada a primeira edição do livro de frases de Mao Tsé Tung, conhecido como o ‘Pequeno Livro Vermelho’, que foi reeditado milhões de vezes até os dias de hoje. Shanghai, que sempre esteve um pouco à parte de tudo, ficou conhecida como o ‘viveiro do revisionismo’, um titulo pejorativo, por aqui ascenderem ideias contrárias aos principios Marxistas.

1976 – Este foi um ano do Dragão de Fogo, e que não deixou de ser explosivo como seu elemento exigia. Em Julho houve um terremoto (Tangshan) que destruiu a China e matou mais de 250.000 pessoas, ferindo milhões de outras. Esse terremoto ficou conhecido como um dos maiores do século 20, sendo percebido até Xi’an, 760 km do foco principal. Mao Tsé-Tung faleceu em setembro deste ano e a Gangue dos Quatro, grupo liderado pela Madame Mao, foi detida. Este ano foi o ponto da virada para a China. Apesar de perturbador, esse ano do dragão de fogo também incorporou força e persistência ao povo chinês, para que pudessem juntar as ‘peças’ de um pais destruído e carregá-las com orgulho e paciência para o novo ciclo que estava se iniciando.

1988 – A China estava na era pós-Mao e pré-McDonald’s. Shanghai mais uma vez, estava à frente do resto do país. Era a porta de entrada para o novo e, depois divulgava ao resto da China. Pudong, considerado a ‘cabeça do dragão’ estava sendo construído. Existe o sentimento de que 1988 foi o ano em que todos ganharam dinheiro e tiveram sorte. Mas houve um surto de hepatite e uma epidemia causada por água contaminada e milhões de pessoas passaram por hospitais e áreas de isolamento. Mesmo assim, a visão desse ano como bom e promissor não foi abalada.

2000 – Foi o ano do recorde de nascimentos. Os chineses se programaram para que seus filhos nascessem no ano 2000 e do Dragão. Nasceram 3 milhões de bebes dragões além dos que já estavam previstos… uiiii! (nesse próximo ano do dragão, 2012, a previsão é que supere o numero em 5 a 20%). Nesse ano também foi realizado o mais ambicioso Censo do mundo. Foram utilizadas 10 mil toneladas de papel, 5 milhões de coletores de informações e 1 milhão de supervisores. O resultado foi do crescimento populacional de 132 milhões de pessoas em 10 anos. Uiiii de novo, né? Shanghai começou a crescer, o metro chegou a Pudong, o Century Park inaugurado e começou a corrida das empresas estrangeiras para a cidade. Shanghai iniciava a corrida para ganhar a posição de ‘eixo financeiro do mundo’, apesar de ainda estar muito abaixo de Hong Kong.

Essa matéria foi publicada na revista City Weekend, da segunda quinzena de Janeiro.

E o que achei mais interessante é que a matéria começa dizendo que já que estamos iniciando mais um ano do Dragão, que deveremos estar preparados para ele. E a melhor maneira de fazer isto é olhando para o passado, por isso eles estavam publicando essa retrospectiva dos anos do Dragão.

Coincidentemente, dando uma folheada num livro de frases de Confúcio, encontrei esse pensamento que explica tudo:

“Estuda o passado, se queres prever o futuro.”

Sábio Confúcio! J

Zái Jiàn!